O Ministério da Defesa (MD), por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e comitiva, esteve em Boa Vista, para verificar a reorganização dos abrigos que acolhem os imigrantes venezuelanos. As melhorias relacionadas à infraestrutura dos locais tem a parceria de órgãos federais, estaduais e municipais e organizações não governamentais, e proporcionam condições de higiene, alimentação e saúde aqueles que procuram refúgio em solo brasileiro.
“O grande objetivo dessa Força Tarefa é nós tirarmos as pessoas desabrigadas das ruas, dar condições dignas para elas. Eu estive aqui, há 25 dias, e voltei hoje, e já vi uma grande diferença. Logicamente, que ainda não conseguimos tirar todos, mas as famílias, as crianças já estão abrigadas”, disse o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho.
Há 2 mil e 200 imigrantes venezuelanos em abrigos em Boa Vista e estão sendo confeccionadas 4 mil e 500 refeições por dia para atendê-los. Com condições sanitárias melhores, o nível de enfermidades caiu e em cada local, há visitas de médicas diárias, promovidas pela Força tarefa Humanitária das Forças Armadas e órgãos do município e do estado.
Para cada abrigo há um oficial do Exército Brasileiro como coordenador e, em conjunto com organizações como a ACNUR e a Fraternidade Humanitária Internacional, realizam o cadastramento voluntário das pessoas e organizam o funcionamento dos locais, para que a limpeza e o bem estar de todos sejam geridos pelos próprios imigrantes.
O almirante Ademir e a comitiva visitaram cinco abrigos em Boa Vista: Tancredo Neves, Jardim Floresta, Pintolândia, Hélio Campos e São Vicente, além das instalações da cozinha da Ala 7 (Base Aérea), onde são preparadas as refeições para os imigrantes. Em Pacaraima, estiveram no abrigo da etnia Warao e conheceram as obras de terraplanagem e preparação para nova área de triagem e apoio. Na região, ocorre ainda a Operação Controle, com o reforço de efetivo militar do Pelotão Especial de Fronteira.
Fizeram parte da comitiva a suplente do Comitê de Assistência Humanitária, da Casa Civil da Presidência da República, Natália Marcassa; o comandante da Força Tarefa Humanitária, general Eduardo Pazuello; o chefe de Logística do MD, almirante Paulo Ricardo; o chefe da Operações Conjuntas, também do MD, brigadeiro Baptista Junior; o comandante de Operações Aeroespaciais da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Aquino; e o comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general Gustavo Dutra.
Os abrigos
Segundo Isabel Marques, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil, o esforço humanitário junta vários especialistas numa mesma causa.
Ela também falou sobre as mudanças ocorridas no abrigo Tancredo Neves: “nós temos nossos arquitetos que fazem o layout e o pessoal do Exército, do Ministério da Defesa, vem com seus engenheiros, suas máquinas e, em 36 horas, hoje, é outro lugar. Eu estive, em um ano, tentando avançar nessa infraestrutura e quando os militares chegaram, nos juntamos, e este é o resultado”. O abrigo tem barracas com colchões, contêineres de banheiros e área de alimentação.
No Tancredo Neves há 340 pessoas e o cadastramento dos imigrantes é feito por um sistema de registro biométrico e de íris, de informações pessoais, que já foi utilizado em crises humanitárias de outros países, como Síria e Sudão do Sul. A ACNUR quer implantá-lo nos demais abrigos.
Já no Jardim Floresta está a maior parte das famílias com crianças, onde são desenvolvidas atividades como pintura e desenho. São 645 imigrantes e o maior desafio da gestão é abrir mais vagas. A Força Tarefa também planeja soluções para evitar que enchentes prejudiquem esses locais em época de chuvas no estado.
A comunidade Warao está concentrada em Pintolândia. O abrigo, também reorganizado, preserva as condições culturais da etnia, disponibilizando redes e adaptando os gêneros para alimentação. O obrigo está em funcionamento desde 2016 e são, atualmente, 720 imigrantes que contam com o apoio da Força Tarefa e da organização Fraternidade Humanitária Internacional.
Na sequência, no abrigo Hélio Campos, com 189 pessoas, foi verificada as obras realizadas pelo 6º Batalhão de Engenharia de Construção, que proporcionarão uma nova rede de esgoto ao local. O trabalho da organização militar também inclui adaptações no local para o escoamento da água das chuvas.
O último abrigo conferido foi o São Vicente, recentemente aberto, onde há 292 pessoas, na maioria retiradas do Tancredo Neves.
Interiorização
O processo de interiorização continuará. O planejamento do Ministério da Defesa, por meio da Força Tarefa, com apoio da Força Aérea, é que, além dos imigrantes voluntários inscritos para a transferência para outros estados, possa haver um cadastro reserva, para os casos de desistências de última de hora.
Como parte da comitiva, a representante da Casa Civil, Natália Marcassa, falou sobre o processo emergencial desencadeado pelo Governo: “é um trabalho que é feito em conjunto, são três grandes linhas de ações do Governo Federal, para questão humanitária: uma primeira, de organização e ordenamento da fronteira; a segunda, o abrigamento e a dignidade humana; e a terceira a interiorização”.
Natália afirmou: “a interiorização dá uma melhor condição de empregabilidade para o imigrante”. Ela lembrou que a solução da interiorização atende à dificuldade da inserção do imigrante na economia local e cria um ambiente mais estável para os brasileiros que vivem em Roraima.
A Força Tarefa Humanitária, coordenada pelo Ministério da Defesa, continuará as construções, reformas e melhorias necessárias ao controle e acolhimento dos imigrantes venezuelanos, com o objetivo da cooperar com as agências governamentais que compõem o Comitê Federal para as ações de ajuda e controle na fronteira com a Venezuela.
Recomendados para você