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Mais da metade dos migrantes venezuelanos não quer ficar no Brasil, diz OIM

Venezuelanos caminham pela estrada de Pacaraima até Boa Vista, capital de Roraima. Aqueles que não podem pagar o transporte público fazem a viagem de mais de 200 quilômetros a pé. (Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno)

A maioria dos venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil é homem e tem entre 25 e 49 anos. Mais da metade diz que espera seguir para o sul do continente, especialmente para Argentina e Chile. Cerca de dois terços citam razões econômicas ou laborais como principais razões para a viagem; cerca de um quinto afirma que sua motivação foi a falta de alimentos e de serviços médicos.

Essas são algumas das conclusões de estudo divulgado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), denominado Matriz de Acompanhamento de Deslocados (DTM, na sigla em inglês), que traz informações sobre o fluxo de venezuelanos a Roraima.

A primeira rodada da pesquisa foi feita em estreita coordenação com o governo brasileiro, por meio do Ministério de Direitos Humanos, e teve como objetivo reunir, analisar e gerar evidências baseadas em dados para fornecer uma melhor compreensão dos fluxos de venezuelanos no estado.

Os resultados da pesquisa incluem informação demográfica, sobre mobilidade, situação laboral, acesso a serviços e proteção. A equipe da OIM compilou informações entre 25 de janeiro e 8 de março por meio de mais de 3,5 mil entrevistas nos municípios de Boa Vista e Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

Os dados compilados mostram que a maior parte dos venezuelanos entrevistados (71%) tem entre 25 e 49 anos, 40% deles migraram com sua família e outros 40% sozinhos. A pesquisa mostrou ainda que 58% dos venezuelanos entrevistados são homens e 41%, mulheres. Setenta e cinco por cento vêm dos estados de Anzoategui, Monagas e Bolívar e 52% desejam seguir viagem para outros países, principalmente Argentina e Chile, enquanto 48% desejam permanecer no Brasil, principalmente nos estados Amazonas e Roraima.

De acordo com a informação recolhida, 67% dos venezuelanos entrevistados deixaram seu país devido a razões econômicas ou laborais, e 22% devido às limitações para acessar alimentos e serviços médicos.

Os resultados da pesquisa indicam ainda que 57% dos venezuelanos entrevistados não têm emprego no Brasil. Entre os que têm, 82% estão no mercado informal e 76% enviam remessas para suas famílias na Venezuela.

A maior parte dos venezuelanos entrevistados informou que tem acesso a serviços básicos, com exceção da educação. Entre os que manifestaram dificuldades quanto ao acesso à educação, a principal razão citada foi a falta de documentação.

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O estudo mostrou também que 28% dos venezuelanos entrevistados sofreram violência verbal, física ou sexual no Brasil.

“Esses resultados proporcionam aos tomadores de decisão dados confiáveis sobre os nacionais da Venezuela e suas necessidades em mudança no estado de Roraima”, explicou o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux.

“A pesquisa é também um instrumento-chave para a elaboração de políticas migratórias baseadas em evidências acerca dos fluxos migratórios de venezuelanos no Brasil”, completou Rostiaux. “Com a implementação regular da pesquisa poderemos ter informação oportuna e confiável”.

Os dados da pesquisa mostram que, dos venezuelanos entrevistados, 65% estão interessados em participar da estratégia de interiorização atualmente em implantação pelo governo brasileiro. Manifestaram seu interesse em se mudar para outras cidades dentro do Brasil, especialmente no estado de Amazonas. Como parte da estratégia, a OIM recentemente deu seu apoio à interiorização de 265 venezuelanos, de Roraima a São Paulo e Cuiabá, em coordenação com outras agências da ONU. Um segundo processo de interiorização ocorrerá nas próximas semanas.

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