Pelo terceiro ano consecutivo, a OSP (Orquestra Sinfônica de Piracicaba) integra a programação oficial do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. O conjunto de música clássica com maior tempo em atividade no país se apresenta às 12h do dia 28 de julho, sábado, na concha acústica da Praça São Benedito, na Vila do Capivari. Obras de Mozart e Dvořák integram o repertório, com solo do tenor Jean William e regência do maestro Jamil Maluf, diretor artístico e regente titular, eleito pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como Melhor Regente de Orquestra do ano de 2017.
Jamil Maluf se apresentou pelo menos 15 vezes consecutivas no Festival Internacional de Inverno, com a Orquestra Experimental de Repertório, por ele criada em 1990. Além disso, o maestro atuou como regente da Orquestra do Festival, professor de regência e duas vezes diretor pedagógico. “Integrar uma programação deste festival é muito importante para uma orquestra que passou por uma reestruturação nos últimos quatro anos”, diz o maestro, que é diretor artístico e regente titular da Sinfônica de Piracicaba desde 2015.
De acordo com o maestro, o convite veio de Fábio Zanon, coordenador artístico-pedagógico do Festival de Campos do Jordão, em função do retorno positivo nos concertos realizados pela OSP em 2017 e 2016. Nas duas edições, a estimativa é que 3.000 pessoas assistiram o conjunto piracicabano em Campos do Jordão. “A participação da OSP é a prova de que é possível fazer música de qualidade e de forma descentralizada”, completa Maluf.
A primeira parte do programa traz quatro árias do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart: “Fuor del Mar”, do segundo ato da ópera Idomeneo, de 1781; “Dies Bildnis ist bezaubernd schön”, da ópera A Flauta Mágica, de 1791, além de duas partes da ópera Don Giovanni, de 1787: “Dalla sua Pace”, peça introdutória ao personagem de Ottavio, e o segundo ato, “Il mio tesoro”. “Estamos muito felizes com o fato de o tenor Jean William cantar as obras de Mozart. É um jovem talento, de carisma inquestionável com o público, que este ano foi um dos destaques da temporada da ópera O Matrimônio Secreto, de Cimarosa, no Theatro São Pedro, em São Paulo. Sua presença abrilhantará ainda mais o concerto ao ar livre”, informa Maluf.
A OSP apresenta ainda “Sinfonia no. 8, em Sol Maior, op.88”, do compositor tcheco Antonín Dvorák, inspirada nas fontes da tradição popular boêmia. Dividida em quatro movimentos, ela teve sua estreia em 1890, em Praga, capital da República Checa. “Trata-se de uma das peças que tem um dos mais belos solos de violoncelo da literatura sinfônica”, diz Jamil Maluf.
Na primeira apresentação da OSP em Campos do Jordão, o maestro convidou o bandolinista Fábio Peron, sendo o programa com quatro músicas de autoria do jovem instrumentista, além de Danças Sinfônicas, de Grieg. Em 2017, no retorno da orquestra ao festival, foram executadas peças de Bizet (suítes 1 e 2 da ópera Carmen), Humperdinck (Abertura da ópera João e Maria) e Smetana (O Moldávia).
HISTÓRIA – Com 118 anos de trajetória artística, completados em março, a Orquestra Sinfônica de Piracicaba manteve-se, ao longo dos anos, de concertos esporádicos, a partir do empenho de entusiastas da música erudita, muitos ligados à Esalq, a tradicional escola de agronomia da USP.
Em sua atual fase, desenvolve as atividades com recursos da Prefeitura do Município de Piracicaba e patrocínio da Hyundai, Raízen, Oji Papéis Especiais e Caterpillar Brasil, copatricínio do Grupo Pizzinatto e das Indústrias Marrucci, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, e do ProAC (Programa de Ação Cultural), do Governo do Estado de São Paulo.
Desde 2015, a OSP realiza concertos mensais gratuitos no Teatro Municipal Erotídes de Campos, o Teatro do Engenho, com a presença de solistas reconhecidos no Brasil e no exterior, além de maestros convidados para a regência. Mantém, ainda, um trabalho pedagógico a alunos da rede municipal, através dos projetos Música nas Escolas, Pequena Grande Orquestra e ABC do Dó, Ré, Mi.
REGENTE TITULAR – Piracicabano, Jamil Maluf recebeu o prêmio de Melhor Regente de Orquestra pela APCA por cinco vezes. Ele graduou-se em Regência Orquestral na Escola Superior de Música de Detmold, Alemanha. Em 1980, se tornou regente titular da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal, do Theatro Municipal de São Paulo, onde criou a Orquestra Experimental de Repertório. De 2005 a 2009 foi diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo. Em 2000 foi nomeado regente titular da Orquestra Sinfônica do Paraná, tendo sido por duas vezes regente da Orquestra do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Recebeu o Prêmio Carlos Gomes, como Melhor Regente de Ópera, e o Prêmio Maestro Eleazar de Carvalho, como Personalidade Musical do Ano. Apresentou o programa Primeiro Movimento, na TV Cultura. Apresenta o programa Intérprete, na Rádio Cultura FM.
SOLISTA – Jean William é formado em canto pela USP (Universidade de São Paulo). Atualmente, está sob orientação de Davide Rocca, em Milão. Frequentou master classes de Juan Diego Florez, Elena Obrastzova, Daniela Barcelona, Gianni Fabbrini, Stefano Vizioli, entre outros. Estudou aperfeiçoamento em performance em Lunenburg Music Accademy (Canadá). Em 2009, apadrinhado por João Carlos Martins, iniciou sua carreira profissional. Desde então, se apresentou no Lincoln Center de Nova York, Avery Fisher Hall, Teatro Paladio, Sala São Paulo, Festival de Ópera de Belém e Festival Internacional de Campos do Jordão. Nos últimos anos, integrou trabalhos musicais com grupos e artistas do cenário da música erudita e popular, como as sopranos Luciana Serra e Denia Mazzola, orquestras como St.Lukes e Orchestra de Nova York, o flautista William Bennet, maestro Martinho Lutero Gallati, Coral Paulistano Mario de Andrade, Orquestra Filarmônica Sesi-SP, as cantoras Monica Salmaso e Laura Pausini, os pianistas André Mehmari e Nelson Ayres, entre outros.