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Aparecida se prepara para acolher restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider

Maior parte do corpo ficará em Aparecida, mas fragmentos serão enviados para outras localidades. (Foto: CDM/Santuário Nacional)

O Santuário Nacional e a Arquidiocese de Aparecida se preparam para acolher no próximo mês de outubro os restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider, OFM. O religioso, que governou a Arquidiocese da Padroeira do Brasil de 1995 a 2004, encontrava-se sepultado no Convento Franciscano São Boaventura, localizado em Imigrante (RS).

O traslado do cardeal para o maior templo mariano do mundo atende as normas dispostas pela Igreja Católica. A partir do dia 08, o religioso estará inumado na Capela da Ressurreição, assim como os outros três bispos falecidos que governaram a Arquidiocese de Aparecida.

Antes disso, uma cerimônia no distrito de Daltro Filho, em Imigrante, enviará no dia 04 de outubro os despojos do purpurado para o Santuário Nacional. A celebração acontece às 08h30 e será transmitida pela Rede Aparecida de Comunicação.

“Escolhemos o dia 4 de outubro para a cerimônia que marca a transferência, por ele ser um filho de São Francisco e porque nós estaremos no contexto da Festa da Padroeira”, explica o reitor do Santuário de Aparecida, padre João Batista de Almeida.

Uma programação especial de acolhida está sendo preparada para o período no Santuário, com celebrações nos dias 5, 6 e 8 de outubro, data do seu aniversário natalício. As cerimônias serão conduzidas pelo Cardeal Arcebispo Emérito de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, Cardeal Emérito de São Paulo Dom Claudio Hummes, que é da mesma ordem franciscana que Dom Aloísio, e Dom Orlando Brandes, atual arcebispo de Aparecida.

Lei Canônica – A decisão de trazer os restos mortais para a Basílica de Aparecida, realizada em comum acordo entre a Arquidiocese e a Província Franciscana do Rio Grande do Sul, foi baseada nas normas que regem a Igreja Católica. Isso porque dois documentos emitidos pela Santa Sé especificam com clareza os procedimentos adotados a partir da morte de um bispo ou arcebispo, seja ele emérito ou titular.

O primeiro deles, chamado de Código de Direito Canônico dedica um capítulo sobre os cemitérios. É no cânon 1242 deste documento que o traslado de Dom Aloísio se apoia. “Nas igrejas não se sepultem cadáveres, a não ser que se trate do Romano pontífice, dos Cardeais ou dos Bispos diocesanos, mesmo eméritos, que devem ser sepultados na igreja própria”, esclarece a norma.

O segundo, Cerimonial dos Bispos, é especialmente voltado para o episcopado e trata sobre toda a vida dos mitrados. O sétimo capítulo deste documento especifica diretrizes sobre a morte e as exéquias dos clérigos. O parágrafo 1164 deixa claro que “o corpo do Bispo diocesano será sepultado na igreja, normalmente na catedral da sua diocese”. O texto continua tratando sobre os bispos eméritos. Nele, se afirma que eles devem ser “sepultados na catedral de sua última diocese”. No caso de Dom Aloísio, Aparecida.

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Lembranças – Entretanto, cientes do sentimento do povo, outras urnas menores contendo fragmentos do corpo serão enviadas para algumas localidades por onde Dom Aloísio passou. São elas a Arquidiocese de Fortaleza (CE), a Diocese de Santo Ângelo (RS) e o Convento dos Frades Menores em Imigrante (RS), onde encontrava-se seu túmulo. Nestes locais, será construído um memorial para recordar a vida e a obra do religioso.

“Será uma forma de demonstrar a presença de Dom Aloísio, que é um homem tão querido, junto dos lugares os quais ele já governou ou deixou sua marca”, conta o ministro provincial dos Frades Franciscanos do Rio Grande do Sul, Frei Inácio Dellazari. “Não podemos achar que Dom Aloísio é nossa propriedade. Ele é um dom de Deus concedido à Igreja e, em Aparecida, ele será certamente mais visitado tanto pelos peregrinos de Nossa Senhora quanto pelos religiosos que por lá passam”.

Costume antigo – Por mais que à primeira vista a distribuição dos restos mortais de Dom Aloísio possa parecer estranha, este costume já é antigo na Igreja. O hábito de honrar personalidades religiosas no cristianismo remonta ao século II, quando São Policarpo, bispo da cidade de Esmirina, localizada onde hoje é a Turquia, foi martirizado.

Segundo os autos do Martyrium Polycarpi, documento que narra a morte do bispo, seus ossos foram recolhidos pelos cristãos em 156 d.C. Depois disso, ainda que parte do corpo tenha sido destinado à Antioquia, seu crânio e seu braço foram deixados em Esmirina. Atualmente, partes de seu corpo estão divididos no Mosteiro Radu Vodă, em Bucareste, capital romena; no Mosteiro Zagrafou, no Monte Athos, na Grécia; na Capela Santo Antônio, em Pitsburgo, nos Estados Unidos; e na Real Lipsanotheca, Sede da Cruzada Internacional pelas Relíquias Sagradas, em Fátima, Portugal.

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