Os restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider serão depositados na próxima segunda-feira (08), na Capela da Ressurreição do Santuário Nacional. Uma missa às 8h30 na Basílica de Aparecida vai marcar a inumação do religioso, que governou a Arquidiocese da Padroeira do Brasil de 1995 a 2004. A partir da data, o religioso repousará ao lado de seus predecessores, que já se encontram enterrados no espaço.
Desde a última sexta-feira (05), um tríduo realizado no maior templo mariano do mundo já recorda a vida e a obra do cardeal. Neste período, a urna com seus restos mortais está em exposição na Capela de São José, idealizada graças a sua devoção ao santo, considerado o patrono da Igreja Católica.
“A presença dos restos mortais de Dom Aloísio é um momento único para a Arquidiocese de Aparecida. Agradecemos ao Senhor pela vida deste grande homem e pedimos que o Senhor lhe conceda a vida eterna”, destaca o arcebispo emérito de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, que sucedeu o cardeal Lorscheider no pastoreio de Aparecida.
A cerimônia será realizada para atender os padrões estabelecidos pela Igreja Católica. Eles determinam que o bispo, seja ele emérito ou titular, deve ser enterrado na catedral onde exerceu seus últimos trabalhos. Sendo o Santuário Nacional a Catedral da Arquidiocese de Aparecida, sede onde Dom Aloísio concluiu sua atividade pastoral, o religioso deve, por obrigação canônica, repousar no local.
Lembranças – Entretanto, cientes do sentimento do povo, outras urnas menores contendo fragmentos do corpo serão enviadas para algumas localidades por onde Dom Aloísio passou. São elas a Arquidiocese de Fortaleza (CE), a Diocese de Santo Ângelo (RS) e o Convento dos Frades Menores em Imigrante (RS), onde encontrava-se enterrado. Nestes locais, será construído um memorial para recordar a vida e a obra do religioso.
“Será uma forma de demonstrar a presença de Dom Aloísio, que é um homem tão querido, junto dos lugares os quais ele já governou ou deixou sua marca”, conta o ministro provincial dos Frades Franciscanos do Rio Grande do Sul, Frei Inácio Dellazari. “Não podemos achar que Dom Aloísio é nossa propriedade. Ele é um dom de Deus concedido à Igreja e, em Aparecida, ele será certamente mais visitado tanto pelos peregrinos de Nossa Senhora quanto pelos religiosos que por lá passam”.
Costume antigo – Por mais que à primeira vista a distribuição dos restos mortais de Dom Aloísio possa parecer estranha, este costume já é antigo na Igreja. O hábito de honrar personalidades religiosas no cristianismo remonta ao século II, quando São Policarpo, bispo da cidade de Esmirina, localizada onde hoje é a Turquia, foi martirizado.
Segundo os autos do Martyrium Polycarpi, documento que narra a morte do bispo, seus ossos foram recolhidos pelos cristãos em 156 d.C. Depois disso, ainda que parte do corpo tenha sido destinado à Antioquia, seu crânio e seu braço foram deixados em Esmirina. Atualmente, partes de seu corpo estão divididos no Mosteiro Radu Voda, em Bucareste, capital romena; no Mosteiro Zagrafou, no Monte Athos, na Grécia; na Capela Santo Antônio, em Pitsburgo, nos Estados Unidos; e na Real Lipsanotheca, Sede da Cruzada Internacional pelas Relíquias Sagradas, em Fátima, Portugal.
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