O espetáculo infantil “E se…”, da Tato Criação Cênica, de Curitiba (PR), foi a atração da tarde desta quarta-feira (21), no Teatro Galpão, dentro da programação do Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba.
21/11
O espetáculo, do gênero Teatro de Animação, traz a rua de um centro urbano como ponto de encontros e desencontros no cotidiano de personagens que surgem a partir das mãos dos atores e pequenos adereços. Brincadeiras com a voz constroem a paisagem sonora e dão vida aos personagens: menino de rua, gari e seu bebê, uma senhora cadeirante, o feirante e sua vaca, um músico que passa chapéu na rua e um caracol.
? Fotos da apresentação em Pindamonhangaba
? Crítica, por Dib Neto
É sempre incrível ver em ação a Tato Criação Cênica, de Curitiba. Sua técnica de animação é encantadora: os rostos (cabeças) dos bonecos são as mãos dos manipuladores (dedos viram cabelos). É preciso, fascinante.
Suas inspirações são o grupo peruano Teatro Hugo e Ines, fundado por Hugo Suarez e Ines Pasic em 1986, interessados nas possibilidades expressivas de cada parte diferente do corpo: o pé, o joelho, a barriga, o rosto, o cotovelo, formando bonecos de carne e osso e dando vida a personagens inacreditáveis.
Fundada em Ouro Preto (MG) em 2004 e atualmente sediada em Curitiba e em Brasília, a Tato Criação Cênica já se apresentou em 10 países e todos os Estados brasileiros. Seu espetáculo de estreia, e o mais conhecido, Tropeço (2004), já ultrapassou a casa das 1.000 apresentações e foi premiado em vários festivais, inclusive em Portugal. Já esteve também aqui no Feste, de Pindamonhangaba, com muito sucesso.
Em E Se…, Dico Ferreira e Katiane Negrão reproduzem numa bancada negra a rua de um centro urbano, que vira ponto de encontros e desencontros no cotidiano de personagens que surgem a partir das mãos dos atores, com o uso de pequenos adereços. A dupla faz sons guturais e gramelôs com a voz, para ajudar a dar vida às suas pequenas criaturas.
A galeria de personagens é sensacional: um gari, uma velhinha na cadeira de rodas, um bebê e sua chupeta, uma vaquinha, um tocador de violoncelo, outro de gaita…. Todos ricos e muito bem construídos dramaturgicamente. A risada do bebê é deliciosa. O músico toca violoncelo sem cordas, mas o som que sai da boca do ator-manipulador é perfeitamente condizente com o instrumento escolhido. A vaquinha mastigando, pelo movimento dos dedos, é sensacional. Enfim, uma técnica espetacular a serviço da beleza estética e da dramaturgia abrangente. Mais um acerto da curadoria do Feste 2018.
DIB CARNEIRO NETO, é debatedor e crítico convidado do Feste 2018
Recomendados para você