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Alunos do DF criam painel em alusão à Declaração dos Direitos Humanos

Inauguração de painel feito por alunos da rede pública do DF em alusão aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com o governo do Distrito Federal, inaugurou hoje (22) um painel de 110 metros quadrados feito por estudantes da rede pública, em alusão aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Feito de azulejos de cerâmica, a obra foi instalada na entrada do metrô da Galeria dos Estados, no centro da capital federal.

De acordo com a proposta, estudantes dos centros educacionais Gisno e 11 de Ceilândia foram convidados para ilustrar artigos da declaração, definidos por meio de sorteio. Após serem exibidos em exposições nas duas escolas, as turmas escolheram os desenhos que iriam compor o painel, mediante votação.

Segundo Philippe Nothomb, representante da Associação Inscrire, instituição que orientou o projeto e é referência mundial na criação de trabalhos artísticos e pedagógicos na área de direitos humanos, a ideia original surgiu no Rio de Janeiro. Lá, a artista plástica Françoise Schein coordenou, há seis anos, sua primeira obra colaborativa seguindo essa linha, com um grupo de mulheres das comunidades locais. “Ela veio fazer sistematicamente esse trabalho participativo. É isso que estamos defendendo aqui, porque você vê o impacto incrível sobre as pessoas. Esse desenho fica no muro por muitas gerações”, afirma.

Inauguração de uma obra de arte em cerâmica elaborada por alunos de escolas públicas do DF. Todas as pinturas são alusivas à Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) que completa 70 anos em 10 de dezembro.

O projeto já foi levado para 1.001 escolas e coloca em perspectiva pautas relativas à cidadania e aos direitos fundamentais. Perguntado sobre a possibilidade de os alunos representarem violações aos direitos, o jornalista belga destacou o valor educativo do projeto. “É um revelador enorme esse desenho. Muitas vezes – e pode-se confirmar nas escolas aqui -, a criança cujo professor a conhece, mas não muito a fundo, e na interpretação do direito que ele tem na mão, vai revelar coisas da vida dele. E o que sai é, às vezes, super violento. Aí, temos que entrar e dizer: ‘Olha, não é assim. [A realidade com a qual você convive] É assim? Sim. Mas você tem que defender o contrário.’ É tudo um diálogo, não é uma coisa estática. É um engajamento da nossa parte para reorganizar um pouco o pensamento.”

Bruno Guerra dos Reis, da 8ª série do Centro Educacional 11 de Ceilândia, participou do projeto e ilustrou o Artigo 7 da declaração, que diz que todos são iguais perante a lei. “Eu desenhei um cara batendo numa mulher, que tem o olho roxo e machucados nos braços”, disse à Agência Brasil, contando que seu desenho simbolizou a experiência de uma tia, que era agredida pelo marido e, mesmo envergonhada, pediu ajuda ao pastor da igreja e a polícia para colocar fim à violência.

Rodrigo Coelho de Bragança, professor há 18 anos e responsável por desenvolver a atividade no CED 11, avalia que uma mudança na mentalidade das turmas já pode ser notada. “Na Ceilândia, a gente tem um público que está frente a muita vulnerabilidade social. Com a discussão dos direitos, eles se viram no direito, se viram através do direito. Eles percebem que existem os direitos, mas não percebem como cobrá-los. Começaram a cobrar mais dos próprios colegas. Porque o objetivo não é que eles só conheçam, mas percebam o direito no dia a dia e que, quando se respeita o outro, se está colocando em prática os direitos humanos”, diz.

Presente na inauguração, o secretário nacional de Cidadania, Herbert Barros, destaca que a luta pela proteção dos direitos humanos é contínua. “Esse é um tempo muito relevante para gente fazer uma reflexão sobre isso, sobre quais são os direitos humanos, qual o valor dos direitos humanos. E no marco dos 70 anos da declaração há uma necessidade de olharmos para trás e entendermos a razão de ela ter sido escrita, que é a razão que nos inspira a continuar lutando pelo direito de todos e todas, independente da condição social, da condição de renda, de classe, sexo, orientação sexual, religião. Direitos humanos são para todos e são de todos.”

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A iniciativa também conta com o apoio da Organização das Nações Unidas e da Aliança Francesa.

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