O primeiro final de semana do 47º Brasileiro de Optimist foi agitado em Ilhabela. A maioria dos velejadores já chegou na Escola de Vela Lars Grael, onde estão sendo feitas as inscrições e as medições dos barcos.
Quem já resolveu todas as pendências aproveitou o dia de sol para treinar nas águas do Canal de São Sebastião, antes do início das regatas oficiais, no dia 8. O evento, que tem apoio institucional da Prefeitura de Ilhabela, por meio da Secretaria de Esporte e Lazer, segue até o dia 15 e é aberto ao público.
A classe Optimist é a porta de entrada para o esporte, na qual as crianças podem começar a partir dos 7 ou 8 anos e seguem até completarem 15 anos.
Grandes nomes da vela mundial velejaram de Optimist e hoje veem seus filhos seguirem os mesmos passos. Este é o caso de Robert Scheidt, maior medalhista olímpico da vela brasileira, que está acompanhando seu filho Erik na sua primeira grande competição, bem como o de Alexandre Paradeda, campeão pan-americano e maior campeão brasileiro da classe Snipe, que é o técnico da Escola de Vela Lars Grael, onde sua filha Melissa treina.
De férias no Brasil, Erik disputou, também em Ilhabela, no final do ano passado, o Campeonato Paulista de Estreantes, conquistando a medalha de ouro, e agora se prepara para seu primeiro Brasileiro representando a cidade de Ilhabela.
“Eu estou bem tranquilo com ele participando deste campeonato. Minha família sempre veio para Ilhabela, antes mesmo de eu nascer, e ter esses dois campeonatos enquanto estávamos aqui de férias foi muito bom. Ele está velejando bastante na Itália, onde começou a treinar este ano e onde correu, em abril, a primeira regata dele.
Ganhou o Paulista e está super animado para este campeonato. Quero ver ele se divertindo e aprendendo com a turma do Xandi. Para ele está sendo uma oportunidade de ouro estar aqui, já que lá na Itália estamos no inverno e ele estaria enclausurado estudando”, disse Scheidt, que mora em Riva del Garda, no norte da Itália.
“O Campeonato Paulista foi muito legal e um pouco difícil. Algumas regatas são mais difíceis do que as outras. Estou um pouco nervoso para o Brasileiro, por que tem muita gente. Vai ser mais difícil, mas treinei bastante lá na Itália com a Reka (treinadora). No verão treinamos umas cinco ou seis vezes por semana, mas no inverno não dá para treinar, pois é muito frio. Comecei a treinar mais sério este ano e já participei de alguns campeonatos legais por lá”, disse Erik. Quando perguntando se prefere velejar no mar de Ilhabela ou no Lago de Garda ele logo responde: “é difícil dizer! Os dois são legais, mas diferentes!”.
Apesar de ser filho de medalhistas olímpicos – a esposa de Scheidt, a lituana Gintare Volungeviciute Scheidt, foi medalha de prata nas Olimpíadas de Pequim em 2008 também na classe Laser – Erik não conversa muito com os pais sobre regata. “De vez em quando pergunta alguma coisa e a gente fala, mas não costumamos falar muito para evitar o excesso de informação nesta idade, já que ele só tem nove anos.
Este ano ele já evoluiu bastante, está bem esperto no barco. É bacana que ele tenha escolhido este esporte para fazer. Nunca sabemos qual vai ser a opção dos nossos filhos e ele mostrou que gosta de velejar, que é o fator mais importante, mais até do que qualquer resultado. Ele acorda, pega as coisas dele e, sem falar nada, vem treinar e está feliz em fazer tudo novamente no dia seguinte”, completou Scheidt.
O cenário com Melissa é bem parecido. Inspirada nas conquistas do pai, ela tem se dedicado cada vez mais ao esporte. Mas, no caso dela, o próprio Xandi é o responsável pelos seus treinamentos, já que ele é o técnico da Flotilha Borrachudo, time da Escola de Vela Lars Grael. Aos 11 anos é comum ver essa gauchinha cuidando do barco nas areias da praia do Pequeá, onde fica a escola. Melissa já é experiente e, por ter disputado seu primeiro Brasileiro ano passado, este ano passou da categoria estreante para veterano e agora vai competir contra atletas mais velhos.
“Esse campeonato vai ser mais difícil que o Brasileiro do ano passado, mas treinei mais. Velejamos cinco vezes na semana, na maioria dos dias. Treinamos largada e bastante toque do barco. Meu pai me ensinou várias coisas, como o toque na onda, como descer as ondas na popa. Se eu conseguir ser igual a ele já está bom.
Mudamos para Ilhabela no final de 2017 e hoje gosto muito de morar aqui. É mais quente, tem mais vento e dá para velejar todos os dias. Tem bastante gente boa nesse campeonato e sei que para mim vai ser difícil ganhar. Meu objetivo é terminar na flotilha ouro”, disse ela. Com mais de 230 inscritos, os atletas acabam sendo divididos em flotilhas para as regatas e a ouro é a primeira metade e a prata, a segunda.
Quem também tem medalhista olímpica como inspiração é Joana de Freitas, de nove anos, do Iate Clube do Rio de Janeiro. Sua madrinha é a gaúcha Fernanda Oliveira, que ao lado de Isabel Swan conquistou a primeira medalha olímpica da vela feminina brasileira, o bronze na classe 470 em Pequim.
“Eu velejo três vezes por semana e não treinei muito para o Brasileiro, mas estou imaginando que vou ficar bem colocada. Prefiro que tenha vento fraco, por que eu sou muito leve e assim tenho mais chance de ganhar. Gosto muito de velejar e a Fernanda é a minha inspiração. Comecei a velejar com cinco anos, por que minha mãe me obrigou e aí eu gostei e quis continuar”, concluiu ela.
A programação do 47º Campeonato Brasileiro de Optimist é extensa. As medições terminam nesta segunda-feira, quando também terá a cerimônia de abertura, às 19h, no Centro Histórico (Vila).
As regatas começam para valer a partir do dia 8 para os veteranos e seguem até o dia 15. As regatas da Copa Brasil de Estreantes acontecem entre os dias 9 e 11. Já o Brasileiro por Equipes será disputado no dia 11, com premiação no mesmo dia na Escola de Vela Lars Grael. O evento é classificatório para o Sul-Americano, que será disputado em Algarrobo, no Chile, em abril. As regatas podem ser acompanhadas em tempo real pelo canal Vela Viva no Youtube, Facebook e Whatsapp pelo número (11) 94158-2468.
O 47º Campeonato Brasileiro tem a realização da Prefeitura de Ilhabela por meio da Secretaria de Esporte e Lazer, organização da Fevesp, Escola de Vela Lars Grael e Mídia Certa Ilhabela Brasil e apoio Institucional CBVela e ABCO.
Confira a programação:
De 5 a 7
Escola de Vela Lars Grael
9h – Abertura da secretaria
13h – Início da medição
Centro Histórico (Vila)
19h – Cerimônia de abertura e desfile oficial das delegações
Dia 8
13h – Regatas
Dia 9
11h – Regatas Copa Brasil de Estreantes
13h – Regatas Brasileiro de Optimist
Dia 10
11h – Regatas Copa Brasil de Estreantes
13h – Regatas Brasileiro de Optimist
Dia 11
10h – Campeonato Brasileiro por Equipes
11h – Regatas Copa Brasil de Estreantes
19h – Premiação do Brasileiro por Equipes e da Copa Brasil de Estreantes
Dia 12
Dia livre
Dia 13
13h – Regatas Brasileiro de Optimist
Dia 14
13h – Regatas Brasileiro de Optimist
Dia 15
13h – Regatas Brasileiro de Optimist
20h – Cerimônia de encerramento e premiação