No Rio de Janeiro (RJ), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) realiza na próxima quarta-feira (27) a última oficina da série para apoiar empresas que queiram implementar políticas de inclusão de migrantes vulneráveis. Formação reunirá representantes de ONGs e consultorias que trabalham com a integração de estrangeiros. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no link bit.ly/2WezGUm.
A proposta do encontro é esclarecer mitos e tirar dúvidas sobre o processo de contratação, prestação de assistência, documentação, entre outros temas recorrentes sobre a inserção dos migrantes no quadro de funcionários das companhias. As edições anteriores da oficina, organizadas em São Paulo (SP) e Boa Vista (RR), reuniram mais de 80 representantes de empresas de diversos setores da cadeia produtiva e de serviços.
A iniciativa na capital fluminense é fruto de uma parceria da agência da ONU com a Superintendência Regional do Trabalho, o governo do RJ e a Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. A capacitação será realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN).
Desenvolvendo capacidades junto ao empresariado, a OIM e instituições colaboradoras buscam garantir que a migração seja benéfica tanto para os migrantes quanto para a comunidade de acolhida.
O superintendente regional do Trabalho no Rio de Janeiro, Alex Bolsas, destaca que “o evento é muito importante, pois ajuda a esclarecer questões relacionadas à inserção dos migrantes, especialmente os vulneráveis, no mercado de trabalho”.
“Esse grupo encontra maiores dificuldades de conseguir emprego, muitas vezes relacionadas à falta de informações adequadas por parte dos empregadores e da sociedade em geral”, avalia o magistrado.
O dirigente espera que a atividade promovida com a agência da ONU ajude a transpor essas barreiras.
O evento no Rio terá a participação da Integra Consultoria em Diversidade e Inclusão, que vai realizar uma oficina sobre políticas de recursos humanos e migração; da Cáritas Rio de Janeiro; da Aldeias Infantis SOS Brasil; da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda do estado do Rio de Janeiro; e da FIRJAN.
Analisando os resultados das oficinas nas diferentes cidades brasileiras, Keyllen Nieto, consultora da OIM e membro da Integra Diversidade, aponta que, em comum, “há o desconhecimento dos tipos migratórios, das documentações necessárias para a contratação e de estratégias para atrair, selecionar e integrar os migrantes na empresa”.
O evento da próxima quarta-feira será precedido por um painel com empresas e empregados, em que convidados vão compartilhar suas experiências de sucesso. Participantes vão abordar os benefícios e a importância do processo de integração e da diversidade para o desenvolvimento de estratégias corporativas.
Como parte da programação, o coordenador de projeto da OIM, Marcelo Torelly, apresentará os resultados da Matriz de Monitoramento de Deslocamentos (DTM, na sigla em inglês), aplicado em Roraima desde 2018 para mapear o perfil dos migrantes venezuelanos que chegam ao Brasil.
Essa metodologia de acompanhamento de fluxos migratórios já foi aplicada em mais de 40 países. A estratégia coletou dados de mais de 14 milhões de pessoas em mobilidade. No Brasil, aproximadamente 12 mil venezuelanos foram entrevistados em 13 municípios de Roraima. Esse grupo forneceu informações sobre demografia, mobilidade, situação laboral, acesso a serviços básicos e proteção. Os resultados, que serão expostos pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, são úteis para o planejamento de governos, setor privado e sociedade civil.
A atividade na capital fluminense encerra um ciclo de ações com o setor privado iniciado em 2017 pela OIM. O projeto começou com a realização de uma pesquisa em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global da ONU. O levantamento ouviu 79 empresas, a fim de compreender suas políticas para migrantes internacionais. Na fase seguinte, foram produzidos três módulos de treinamento em resposta às principais demandas mapeadas:
1. Sensibilização em relação à migração internacional;
2. Gestão dos recursos humanos;
3. Políticas de responsabilidade social.
De acordo com Stéphane Rostiaux, chefe de missão da OIM no Brasil, o próximo passo da Organização é dar escala às oficinas, realizando edições nas cidades que recebem ou se preparam para receber venezuelanos pelo programa de interiorização.
“Vamos trabalhar com o poder público e o empresariado local das cidades de acolhida para que a chegada dos migrantes interiorizados se converta em oportunidade para o desenvolvimento econômico e social das comunidades de acolhida”, afirmou o dirigente.
Desde abril de 2018, a OIM já auxiliou o Governo Federal com a interiorização de mais de 5 mil venezuelanos que chegaram ao país pelo estado de Roraima.
A oficina da OIM faz parte do projeto “Aprimorando a assistência jurídica dos migrantes no Brasil e promovendo sua inserção no mercado de trabalho”. O programa é financiado pelo Fundo da OIM para o Desenvolvimento (IDF, na sigla em inglês).
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