F. E. Jacob estreia na literatura com Homo Tempus, um romance distópico futurista uma verdadeira jornada por questões atuais da sociedade.
Distopia, viagens no tempo e uma boa e ácida crítica marcam a ágil trama de Homo tempus, obra do estreante F.E. Jacob.
Trazendo ao caldeirão da ficção científica a voracidade típica do leitor que sempre foi, Jacob corajosamente aborda uma vasta quantidade de tópicos no seu título de estreia, pinçando temas delicados e incômodos que diferenciam seu primeiro livro do mar de banalidades que virou a ficção científica.
Em Homo tempus, nosso autor conta a história de Wallace Vidal, jovem bibliotecário que se vê enredado em diferentes épocas quando a tecnologia de seu tempo falha.
Apostando suas fichas em um protagonista cheio de potencial, Jacob consegue conduzir o leitor a uma aventura densa e frenética, ao melhor estilo cinematográfico que suas eficientes descrições suscitam.
O sucesso inicial da obra foi tamanho que o livro foi aceito na biblioteca nacional da universidade de Estrasburgo, cidade onde a trama se passa.
Entregue pessoalmente pelo autor, a obra marca uma estreia audaciosa, consciente e bem planejada. Pelas primeiras críticas, a inovação e criatividade de F.E. Jacob tem tudo para dar frutos ainda mais provocativos em um futuro nem tão distante.
Neandertais – no futuro e no passado! – amizades, mentores e amores fazem parte desta bem amarrada fantasia. A história consegue conciliar uma narrativa fluida com uma densidade de provocações de forma instigante. Capítulo por capítulo é possível notar a progressão do jovem herói, falho, narcísico e hesitante, ao patamar da maturidade, do afeto e da valentia. Em seu entorno,
uma miríade de questões se ergue gradualmente, desafiando o próprio Vidal – e o leitor atento – a responder problemas palpáveis tanto na vida ficcional quanto na vida real: do aborto obrigatório à nossa fé na tecnologia, do desarmamento da população à degradação cultural.
Com estofo filosófico facilmente derramado, Jacob maneja com destreza os complicados pontos que a ânsia por um futuro paradisíaco traz.
Na era dos novos direitos, novas burocracias devem ser criadas para garanti-los. Na época dos incentivos aos individualismos, a irresponsabilidade pessoal e social cresce exponencialmente. No comportamento pautado pelo futuro imediato, o passado longínquo perde completamente o seu valor.
Bebendo na criatividade das melhores obras do gênero – tanto nas clássicas quanto nos episódios mais recentes de Black Mirror – Jacob traça com cuidado a formação de um estado de sufocamento construído em nome da igualdade.
Acaba, em meio a tanta ação e reviravolta, ensaiando um estudo sobre a natureza humana em seus pontos mais sensíveis: sua fragilidade, sua incerteza e sua arrogância. Ou melhor, nossas fragilidades, incertezas e arrogâncias.
Nascido bem-sucedido, graças à estrela e ao talento de seu estreante autor, Homo tempus convida o leitor para uma aventura envolvente, capaz de oferecer o melhor da ação hollywoodiana e a mais inquietante provocação filosófica. Imperdível convocação para quem ama uma boa e velha ficção cientifica de qualidade!
Serviço:
Bate-Papo com Escritor
Onde: Festival Internacional de Literatura de Poços de Caldas – Flipoços Biblioteca Centenário
Quando: 30/04/2019 as 18h
Quanto: Entrada Franca