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Aumento da demanda global por frutas tropicais deve beneficiar América Latina e Caribe, diz FAO

Vendedor de banana no Mercado São José, no Rio de Janeiro (RJ). (Foto: FAO/Giuseppe Bizzarri)

Em atualização de suas previsões para o comércio global de alimentos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou na quinta-feira (9) que a América Latina e o Caribe estão particularmente bem posicionados para se beneficiar do aumento da demanda internacional por bananas e frutas tropicais. A região já é a maior exportadora desses bens agrícolas no mundo.

Juntos, países latino-americanos e caribenhos formam o segundo maior polo produtor de bananas e frutas tropicais. Estima-se que 25% da produção mundial desses bens agrícolas tem origem na América Latina e no Caribe.

No triênio 2016-2018, a produção regional chegou a uma média anual de 54 milhões de toneladas de bananas e frutas tropicais. Ao longo desse mesmo período, as exportações dos produtos acumularam um total de 11 bilhões de dólares, com as bananas e abacates respondendo por 6 bilhões e 3,5 bilhões de dólares, respectivamente.

Do volume exportado, 80% vai para os mercados dos países desenvolvidos, principalmente para os Estados Unidos e para a União Europeia. Mas a América Latina e o Caribe também se destacam como uma das principais regiões consumidoras de bananas e frutas tropicais, com uma taxa de consumo per capita anual estimada em 55 kg.

De acordo com a agência da ONU, o fato de a região latino-americana e caribenha possuir uma grande porção de terra no cinturão tropical contribui com o seu protagonismo nesse nicho da produção agrícola. Soma-se a isso a proximidade com os EUA, o maior mercado para as principais frutas tropicais. Segundo a FAO, a combinação desses dois fatores deve se traduzir em perspectivas sólidas de crescimento da produção, impulsionadas pelas exportações.

Na avaliação do organismo, espera-se que a produção mundial e o comércio das principais frutas tropicais — manga, abacaxi, abacate e mamão — aumentem devido a um crescimento da renda e a mudanças nas preferências dos consumidores, tanto em mercados domésticos quanto de importação. Outra causa por trás do fenômeno seriam as melhorias no transporte internacional.

Mas o futuro também traz preocupações, aponta a FAO, que alerta para os efeitos das mudanças climáticas e os fenômenos naturais extremos. A agência explica que as alterações do clima e os desequilíbrios ambientais são altamente prejudiciais e ameaçam o potencial de produção da América Latina e Caribe.

O território caribenho enfrenta desafios particulares, pois as pequenas ilhas são mais vulneráveis à destruição causada por tempestades tropicais, cada vez mais frequentes.

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Outra ameaça é a crescente ocorrência de pragas e doenças que afetam as plantas. A FAO lembra que os sistemas industrializados de produção de bananas e abacaxis são consideravelmente mais suscetíveis a surtos rápidos e generalizados.

Um risco particularmente preocupante, diz a FAO, é o fungo fusarium (Fusarium Wilt Tropical Race 4) no cultivo de bananas. Até o momento, a praga tem se limitado a plantações na Ásia, Oriente Médio e África, mas o parasita já preocupa produtores na América Latina e Caribe.

Mais comércio levará a mais desenvolvimento?
Segundo a FAO, o impacto do comércio de alimentos no desenvolvimento social dependerá da inclusão justa dos pequenos produtores, bem como de níveis salariais adequados para os trabalhadores dessas indústrias. Cerca de 200 mil famílias rurais participam diretamente da produção de banana na Guatemala e se beneficiam da cadeia produtiva. No México, cerca de 80% da produção de abacate é realizada por pequenos agricultores.

A agência elencou uma série de ações essenciais para assegurar um desenvolvimento rural sustentável e inclusivo. Entre essas medidas, estão assegurar preços e salários justos, melhorar a produtividade dos agricultores familiares e seu poder de barganha, aumentar a resiliência a desastres climáticos e outros choques e conectar os locais de produção remotos aos mercados.

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