O futebol feminino tem uma história marcada por luta, resistência e desigualdade. Os primeiros jogos foram registrados nos anos 20, porém na década de 40 ainda não havia nenhum clube, apenas jogos em periferias e mesmo assim, as mulheres foram proibidas de jogar por ser um esporte que “não era de sua natureza por ser muito agressivo”. Só no final da década de 70 a lei que as proibia de jogar foi anulada.
Mesmo após a revogação da lei, as mulheres continuaram batalhando para garantir o seu espaço no mundo do futebol, em 1983 a modalidade foi regulamentada, em 1988 a FIFA organizou um Mundial experimental, em 1991 ocorreu a primeira Copa do Mundo e em 1996 a primeira Olimpíadas.
Apesar de todas essas conquistas, a visibilidade e o reconhecimento que elas recebem são poucos. Você conhece a Rosana e a Francielle? Ou sabia que as medalhistas se aposentaram cedo devido as dificuldades que enfrentavam na modalidade?
Francielle se aposentou com 29 anos e possui uma enorme lista de prêmios conquistados junto à seleção brasileira, como uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Já Rosana, deixou os gramados aos 36 anos e esteve em quatro Olimpíadas e Copas do Mundo e três Pan-Americanos.
Em entrevista ao site de apostas esportivas Betway as ex-jogadoras falaram sobre o futebol feminino, a precoce aposentadoria, dificuldades, CBF, igualdade de gênero e outros assuntos.
Francielle e Rosana explicam o motivo de largarem o campo cedo. “Foi uma questão psicológica. Essa pressão de no futebol feminino sempre ter de procurar mais, mais e mais, e nem sempre ter o resultado esperado”, disse Francielle. “Eu me preparei para parar, eu realmente já estava muito desgastada de estar dentro do campo e de não brigar muito mais pelo futebol feminino como agora que estou de fora”, relatou Rosana.
O futebol feminino não tem as mesmas oportunidades que o futebol masculino, e Rosana não busca igualdade no esporte, e sim equidade. “Eu nem falo igualdade, falo equidade. Nós fazemos a mesmas coisas e treinamos como eles, e é obvio que o apelo da mídia é muito maior, o mundo ainda é machista”.
As ex-jogadoras participaram de um protesto de 24 jogadoras contra de demissão da antiga técnica Emily Souza. Após a saída, Vadão (atual técnico) retornou ao comando da seleção, sendo um dos motivos para a precoce aposentadoria das garotas. “Era cedo pra falar, mas estava sendo feito um trabalho, e ele foi interrompido. As ideias do Vadão são ultrapassadas. É a comissão técnica que mais teve tempo pra fazer o trabalho, e que menos fez”, informou Francielle. Para Rosana, a união do time deixou a desejar. “Não adianta apenas 24 assinarem a carta. Todas precisam participar, senão não funciona. Deveríamos ter brigado mais.”
A Copa do Mundo na França foi um grande marco para as jogadoras, receberam atenção das mídias e de empresas. “Eu estou muito feliz de ver uma Copa do Mundo em TV aberta e de ver as jogadoras com patrocínio”, revelou Francielle. Rosana está mais esperançosa com essa conquista. “Dessa vez eu estou mais esperançosa, porque há um movimento diferente dos outros anos, as pessoas começaram a captar recursos para o futebol feminino. É uma progressão e o futebol feminino vai explodir.”
Mesmo com tantas conquistas, como medalhas de prata e ouro, não há reconhecimento para elas. “Pelo que eu fiz por nosso país, acho que merecia um reconhecimento muito maior”, salientou Rosana. As ex-jogadoras, Francielle e Rosana, jogaram, lutaram e ainda lutam para que futebol feminino seja prestigiado. Afinal, elas, jogadoras e ex-jogadoras, mereciam muito mais.