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Ginástica artística brasileira: 11 pódios e a melhor campanha da história no Pan

Equipe da ginástica reunida. Onze medalhas e a melhor campanha da modalidade na história dos Jogos Pan-Americanos. (Foto: Washginton Alves/COB)

Quatro medalhas de ouro, quatro de prata e três de bronze. As 11 conquistas da ginástica artística brasileira em Lima coroaram a melhor participação da modalidade em todas as edições dos Jogos Pan-Americanos. Para os responsáveis pelo novo capítulo da história, contudo, não há novidade. Apenas o reflexo de muito trabalho e da preparação feita com foco no Mundial de Stuttgart, em outubro, classificatório para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

“Essas medalhas foram consequência do trabalho de todos os dias, seis vezes por semana, seis horas por dia. Ficamos felizes com os resultados, mas a gente não fez nada demais. Entramos para fazer o nosso trabalho”, pondera o ginasta Francisco Barreto, maior nome do time na edição. Com ouro por equipes, no cavalo com alças e ainda na barra fixa, conquistada nesta quarta-feira (31.07), em uma série cravada e pontuada em 14.566, o atleta igualou o desempenho de Diego Hypolito em Guadalajara 2011 (ouro por equipes, no solo e no salto).

Em número geral de medalhas, a campanha no Peru empatou com a alcançada dentro de casa, no Rio 2007. Lá, no entanto, foram quatro ouros, duas pratas e cinco bronzes. Na última edição, em Toronto 2015, a modalidade tinha conquistado cinco medalhas.

“Nunca é possível mensurar o número de medalhas que vamos ganhar, mas a gente sabia que o Brasil vinha forte, com a possibilidade de ter uma participação muito boa. Em Toronto a gente teve cinco medalhas, agora foi mais do que o dobro. A participação cumpriu todas as nossas expectativas, estamos muito felizes”, avaliou Henrique Motta, coordenador-geral da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

O dirigente acredita que o desempenho da seleção em Lima tenha deixado uma boa impressão para os jurados antes do Mundial. “Na disputa por equipes do masculino, o Brasil conseguiu fazer um número de pontos superior ao que a gente fez no Mundial do ano passado. A gente tinha 248 pontos na equipe, e aqui fizemos 250. A equipe feminina também conseguiu uma pontuação muito boa, então isso faz com que toda a arbitragem esteja, sim, de olho no Brasil”, apontou. “Aqui é um espelho para o mundo de como o Brasil está nas Américas”, acrescentou Motta.

Dobradinha na barra fixa. Nory com a prata e Barreto com o ouro. (Foto: Washginton Alves/COB)

O resultado em Lima ganha importância ainda maior pelos feitos inéditos que os brasileiros alcançaram. Foi a primeira vez que o país subiu ao pódio do cavalo com alças, das paralelas e do individual geral masculino. “Hoje não temos apenas um nome forte, mas uma equipe forte. Isso fez com que a gente chegasse até aqui”, ressaltou Henrique Motta. “A gente vem buscando preparar cada vez mais os atletas, transformar toda uma atmosfera que não é só técnica. Você tem que estar preparado para enfrentar uma competição. Além disso, temos uma geração de atletas excepcionais”, completou. Segundo ele, o foco agora é voltado para que, em Stuttgart, o país consiga classificar as equipes completas para Tóquio.

Três vezes ouro

Depois de vibrar muito com a conquista no cavalo com alças, Francisco Barreto voltou ao topo do pódio na barra fixa, e com direito a mais uma dobradinha para o Brasil. Com 14.533, Arthur Nory levou a medalha de prata. “Tive que aquecer no ginásio de fora e, quando cheguei, só vi notas boas, todo mundo saindo vibrando. Entrei para fazer o melhor”, contou Chico, o último a se apresentar no aparelho e que cumpriu a previsão do filho de dois anos e meio, de que conquistaria duas medalhas no individual.

Francisco Barreto conquistou três ouros: equipe, cavalo com alças e barra fixa. Foto: Washington Alves/COB

“O Chico é uma inspiração para a gente, do quanto se dedica. É experiente, foi finalista olímpico. Ele nos motiva a treinar cada vez mais. Ele faz seis aparelhos, treina todos os dias, está muito bem. É um exemplo para todos nós”, elogiou o companheiro de pódio Arthur Nory. “A barra fixa é um aparelho que a gente treina muito e tem uma nota de partida mais alta. Acho que estamos colhendo os frutos de um ótimo trabalho”, avaliou.

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Nory também competiria nas paralelas, mas, com dores nas mãos, cedeu a vaga a Chico Barreto. Ali, contudo, o ginasta sofreu uma queda, pontuou 13.033 e ficou apenas em oitavo lugar. O destaque do país no aparelho foi Caio Souza. Com 14.366, o atleta ficou atrás apenas do mexicano Isaac Nuñez (14.433). O bronze foi para o norte-americano Cameron Bock (14.033).

“O Pan era uma competição de equipe muito forte para a gente. Isso só fez a equipe ficar mais unida. Os resultados com certeza vão trazer mais confiança para a gente poder chegar no Mundial e fazer da melhor forma possível. A gente precisa ficar entre os 12 para levar uma equipe completa para Tóquio. Esse é o principal objetivo”, comentou Caio, campeão no individual geral em Lima.

“Nunca é possível mensurar o número de medalhas que vamos ganhar, mas a gente sabia que o Brasil vinha forte. Em Toronto a gente teve cinco medalhas, agora foi mais do que o dobro”
Henrique Motta, coordenador-geral da Confederação Brasileira de Ginástica

Bronze triplo

Nesta quarta-feira, o Brasil ainda viu Flávia Saraiva subir mais uma vez ao pódio. Bronze por equipes e no individual geral, a ginasta abriu as provas do dia pela final da trave. Com uma queda já na última parte da apresentação, contudo, viu uma medalha escapar. A nota de 12.300 foi suficiente para o quinto lugar. Restavam poucos minutos para esquecer o que passou e focar na decisão do solo.

Flávia Saraiva saiu da competição com três bronzes. (Foto: Washington Alves/COB)

“Quando terminei a série de solo, senti que estava com o dever cumprido. Isso foi muito bom para mim”, comentou Flávia. A recuperação deu certo: 13.766 pontos e mais uma medalha de bronze para a conta. O ouro ficou com a canadense Brooklyn Moors (13.900) e a prata, com a americana Kara Eaker (13.800). A brasileira Thaís Fidélis pisou fora da área de competição e terminou em sétimo lugar (12.966).

Luís Porto também cometeu uma falha no salto e terminou com a sétima colocação (13.650). O ouro da prova ficou com Audrys Nin, da República Dominicana (14.416), seguido por Jorge Alfredo Vega, da Guatemala (14.383), e pelo cubano Alejandro de la Cruz (14.183).

“Estava treinando para chegar à final do salto e consegui, mas infelizmente não consegui reproduzir os saltos que fiz na classificatória”, lamentou o estreante. “Agora vou voltar para casa, treinar mais. Semana que vem tenho Estadual, na outra semana tenho o Brasileiro e logo em seguida a gente viaja para as avaliações para o Mundial. É seguir treinando firme para tentar ingressar na equipe do Mundial”, desejou.

Investimento

Dos 10 atletas brasileiros da ginástica artística que estão em Lima, nove são contemplados pelo Bolsa Atleta, num investimento de R$ 728,7 mil ao ano. Atualmente, 71 atletas da modalidade são apoiados pelo programa, com um investimento anual de R$ 1,9 milhão.

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