Robert Scheidt se despede de Enoshima com a sensação de dever cumprido e gostinho de quero mais. A falta de vento nesta quinta-feira (22) impediu a disputa da medal race e, com isso, o brasileiro encerrou sua participação no Read Steady Tokyo no top 10.
O resultado cumpre a meta estabelecida pelo bicampeão olímpico no Japão, seu melhor resultado no retorno às grandes competições na Classe Laser. Contudo, ele não escondeu uma ponta de frustração por não ter a chance de melhorar sua posição na classificação final na última regata do evento-teste para a Olimpíada de 2020, que será no mesmo local.
“Infelizmente, a medal race não foi realizada por falta de vento. Ainda fomos para a raia, mas o vento estava no limite e a comissão decidiu cancelar. Eu estava animado com a possibilidade de melhorar minha posição e, apesar de ter atingido o objetivo de estar no top 10, queria ter a chance de andar um pouquinho mais para a frente. Enfrentei alguns problemas, especialmente a punição com duas bandeiras amarelas que prejudicaram minha pontuação, mas o importante é que agora sei os pontos que devo trabalhar para evoluir ainda mais.
Os próximos meses serão de muito treino até o próximo desafio, o Mundial da Austrália, em fevereiro”, explicou o velejador, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e conta com o apoio do COB e CBVela.
Classificado para os Jogos de Tóquio, Robert chegou a medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da Classe Laser e voltar às grandes competições rumo à sétima Olimpíada.
Antes de Enoshima, ele havia chegado próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia, Semana de Vela de Hyères e Campeonato Mundial, no qual terminou em 12° lugar e carimbou o passaporte para Tóquio/2020. Contudo, ainda precisa esperar a convocação final para a delegação brasileira. De acordo com o critério da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ele só perde a vaga se outro atleta do Brasil subir ao pódio no Mundial da Laser em 2020.
Scheidt encerrou sua participação no Read Steady Tokyo na décima posição, com 105 pontos perdidos. Entre os melhores resultados em Enoshima, o bicampeão olímpico obteve dois quintos lugares em dez regatas.
Robert gostaria de ter velejado com mais regularidade, mas enfrentou problemas com a juria. Levou duas bandeiras amarelas pela regra 42, na qual os juízes entendem que o velejador usou o movimento do corpo para aumentar a velocidade do barco, ação conhecida por bombear. Com isso, perdeu posições em uma regata e foi obrigado a se retirar da segunda, o que lhe custou pontos importantes. Mesmo assim, garantiu um lugar entre os dez melhores entre 35 barcos. O título do evento-teste ficou com o suéco Jesper Stalheim, com 60 pontos perdidos.
Rumo a sétima Olimpíada – O Ready Steady Tokyo foi a quarta grande competição de Scheidt em seu retorno à classe Laser, após cerca de dois anos afastado. E pode ser encarado como o quarto degrau para disputar a sétima Olimpíada da carreira. Ele já fez história ao garantir índice para os Jogos de Tóquio/2020 com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, dia 9 de julho.
Agora, quer mais. Quer evoluir para ter condições de lutar pelo pódio no Japão. Se conseguir, vai acrescentar mais uma medalha a sua coleção de cinco, o que já faz dele o recordista do Brasil em número de medalhas olímpicas, junto com Torben Grael.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro : Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata : Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze : Londres/2012 (Star)
181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012