A arte ancestral de indígenas venezuelanas da etnia Warao feita com palha de buriti chega a São Paulo por meio da exposição “Ojidu – Árvore da Vida Warao”, em cartaz no museu A CASA com abertura no dia 7 de novembro e visitação até 20 de dezembro.
Cestos, vasos, cachepots, chapéus, bolsas, souplasts, bandejas e outros objetos de tradição da cultura Warao compõem a mostra, que promove a autossuficiência desta etnia refugiada no Brasil. As peças estarão à venda, e o dinheiro arrecadado apoiará novas ações de geração de renda para a população Warao em cidades do norte do país, como Pacaraima e Boa Vista (em Roraima) e Manaus (Amazonas).
A exposição é realizada pelo museu A CASA, em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a organização não-governamental Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), a União Europeia e o governo federal.
O projeto teve início no abrigo indígena Pintolândia, mantido pela Operação Acolhida – ação de resposta ao fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos no norte do Brasil liderada pelo governo federal em Roraima com o apoio de agências das Nações Unidas e entidades da sociedade civil.
Além de manter vivas as técnicas culturais e artesanais dos Warao, o projeto busca desenvolver ações para fortalecer as capacidades das artesãs, introduzir o planejamento financeiro na comunidade, criar cadeia de valor para a população indígena Warao venezuelana e expandir a venda do artesanato a partir da realização de duas exposições – a próxima ocorrerá em 2020.
Ojidu é uma referência ao nome do buriti no idioma Warao. A árvore, nativa da Amazônia brasileira e venezuelana, possui importância central na vida dos Warao – originários do Delta Amacuro, no nordeste venezuelano. A árvore e o fruto são utilizados por esta etnia na produção de canoas, alimento, construção de suas casas e produção da fibra para artesanato – uma atividade majoritariamente feminina.
Os Warao (“Povo da Água”, de acordo com seu idioma) é um grupo étnico constituído originalmente há mais de oito mil anos na região do delta do rio Orinoco. Hoje, são o segundo maior povo indígena da Venezuela, com cerca de 49 mil pessoas. Subdividem-se em centenas de comunidades em uma região que se estende por quase todo o estado de Delta Amacuro, parte do estado de Monagas e de Sucre, na Venezuela.
A partir de 2016, os Warao começaram a chegar ao Brasil, forçados a deixar seu país devido à crise política e econômica em seu país e se juntando a milhões de outros venezuelanos não-indígenas que também buscaram proteção e refúgio fora da Venezuela. Roraima tem sido o ponto de chegada desta etnia no Brasil, que devido à sua mobilidade já se encontra em outros Estados do país, como Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará. Atualmente, estima-se que pelo menos 4.500 indígenas Warao vindos da Venezuela encontram-se refugiados no Brasil.
Proteção e resiliência – O apoio da União Europeia se dá por meio de um projeto implementado com ACNUR e UNFPA, que investe no fortalecimento da resposta aos venezuelanos na região norte do Brasil e na promoção da proteção de populações em maior situação de vulnerabilidade, como é o caso dos indígenas Warao.
De acordo com a Polícia Federal, cerca de 212 mil venezuelanos encontram-se no país, sendo 115 mil solicitantes de refúgio e 97 mil residentes temporários. Segundo estimativas das Nações Unidas, quase 4,5 milhões de venezuelanos já deixaram seu país.
Criada em fevereiro de 2018 pelo Governo Federal, a Operação Acolhida tem o apoio de agências da ONU (inclusive ACNUR e UNFPA) e organizações da sociedade civil (como a FFHI). A iniciativa operacionaliza a assistência emergencial para o acolhimento de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela em situação de maior vulnerabilidade. A resposta é dividida em três eixos principais: ordenamento de fronteira, abrigamento e interiorização.
Sobre o ACNUR – Criado em 1950 por resolução da Assembleia Geral da ONU, o ACNUR protege e ajuda refugiados e populações apátridas em todo o mundo. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca de 130 países. No Brasil, o ACNUR atua em cooperação com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e em coordenação com os governos federal, estaduais e municipais, a sociedade civil e o setor privado.
Sobre o UNFPA – O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é a agência da ONU que trata de questões populacionais. No contexto de assistência humanitária, o Fundo de População da ONU promove a saúde sexual e reprodutiva, incluindo saúde materna e planejamento reprodutivo, e oferecendo resposta e prevenção à violência baseada em gênero.
Sobre a FFHI – Fundada em 1987 e sediada em Carmo da Cachoeira (MG), a Fraternidade é uma rede global de caráter filosófico, cultural, humanitário, ambiental e beneficente. Ao longo de 32 anos de existência, mais de 60 mil voluntários já aderiram aos esforços da FFHI pela propagação da paz. A entidade congrega 23 associações civis, nacionais e internacionais, com grupos coligados que atuam em 18 países. Entre suas principais atividades estão missões humanitárias em situações críticas em diversas regiões do mundo, como Brasil, Uruguai, Etiópia, Turquia, Quênia, Congo e Nepal.
Serviço
● “Ojidu – Árvore da Vida Warao” – exposição de artesanato em fibra de buriti feito por indígenas venezuelanas Warao no Brasil
● Abertura: 07 de novembro, de 19h às 22h, com presença de representantes do ACNUR, UNFPA, FFHI, na CASA museu do objeto brasileiro
● Visitação: de 08 de novembro a 20 de dezembro
● Bate-papo e workshop com artesãs Warao: 08 de novembro, das 15hs às 17hs
● Endereço: Av. Pedroso de Morais, 1216. Pinheiros, São Paulo