A seleção brasileira de judô embarca na próxima terça (10) para a Rússia, onde disputará, entre os dias 13 e 15 o Grand Slam de Ecaterimburgo. O país tem 25 inscritos. Só os donos da casa, com 55 judocas, estarão mais representados. O evento é um dos que mais vale pontos no ranking olímpico da Federação Internacional da modalidade (IJF, na sigla em inglês). O campeão, por exemplo, leva mil pontos. É um detalhe relevante nesta reta final de qualificação para os Jogos de Tóquio (Japão) após o cancelamento do Grand Prix de Rabat (Marrocos) por causa do surto do novo coronavírus.
Por enquanto, o evento em solo africano é o único que deixou a programação internacional do judô até o fechamento do ranking, em maio. “A IJF garante que não cancelará mais competição alguma, a não ser que o país anfitrião esteja em áreas de risco”, afirma o gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson.
Judocas e comissão técnica da seleção estiveram reunidos até este domingo (8) no Centro de Treinamento do Time Brasil, no Rio de Janeiro. Em meio às atividades no tatame, eles receberam orientações sobre a epidemia e foram, de acordo com Wilson, “tranquilizados” sobre a manutenção do planejamento para Tóquio.
“Uma das motivações de estarmos todos aqui [no CT], atletas e equipe multidisciplinar, é exatamente dialogar sobre possibilidades. Temos passado a eles que o foco não pode ser o coronavírus, se vai ter ou não competição. Eles têm que estar prontos para competir e focar nos treinamentos. A comissão está discutindo o que poderá ser trabalhado se aparecerem circunstâncias novas”, explicou.
Os atletas, ao menos no discurso, estão afinados com o coordenador. “Estou pensando nas competições, deixando acontecer. O coronavírus causa receio, mas estamos nos cuidando, seguindo as orientações, lavando bastante as mãos. Acho que me preocupar com isso [se outros torneios serão cancelados] é perder energia e foco”, disse Rafael Silva, o Baby, medalhista de bronze olímpico em 2012 e 2016 na categoria acima de 100 quilos.
“É triste ver eventos cancelados por causa do vírus, mas não estou preocupado. Estamos seguindo o planejamento. Se houver alguma mudança, tenta ajustar para chegar 100% na Olimpíada”, completou Rafael Buzacarini, da categoria até 100 quilos.
O calendário da CBJ prevê mais seis competições para a seleção principal até o fechamento do ranking. Além do torneio em Ecaterimburgo, estão na agenda os Grand Prix de Tbilisi (Geórgia) e Antalya (Turquia), o Grand Slam de Baku (Azerbaijão), o Masters de Doha (Catar) e o Pan-Americano Sênior, que será em Montreal, Canadá, um dos 27 países monitorados por terem apresentado transmissão interna do coronavírus.