O mundo enfrenta hoje um inimigo comum: o COVID-19.*
O vírus ameaça-nos a todos, independentemente de nacionalidades, etnias, credos ou posicionamentos políticos.
É um vírus implacável!
Ao mesmo tempo, em vários pontos do globo, persistem ou intensificam-se conflitos armados brutais.
Os mais vulneráveis – as mulheres e as crianças, as pessoas com deficiência, os marginalizados e os deslocados – pagam o preço mais elevado.
E, atualmente, correm também um risco sério e devastador devido à COVID-19.
Tenhamos presente que, nos países assolados pela guerra, os sistemas de saúde colapsaram e os já escassos profissionais de saúde são frequentemente atacados.
Por sua vez, os refugiados e as pessoas deslocadas por conflitos violentos encontram-se numa situação de dupla vulnerabilidade.
A fúria do vírus põe em evidência a loucura da guerra, de uma forma muito clara.
É, por isso, que hoje, apelo a um cessar-fogo mundial e imediato, em todas as regiões do mundo.
É tempo de acabar com os conflitos armados e de, em conjunto, focarmo-nos na verdadeira batalha das nossas vidas.
Deste modo, dirijo-me às partes em conflito para que:
Acabem com as hostilidades.
Ponham de lado a desconfiança e a animosidade.
Silenciem as armas, parem a artilharia, acabem com os ataques aéreos.
Isto é crucial…
Para ajudar a criar corredores humanitários que salvam vidas.
Para abrir janelas preciosas para a diplomacia.
Para trazer esperança aos que são mais vulneráveis à COVID-19.
Deixemo-nos inspirar pelos casos, que lentamente vemos surgir, de entendimento e diálogo entre facões rivais na busca de estratégias conjuntas de combate ao COVID-19. Mas precisamos de muito mais.
Precisamos de por fim à doença da guerra… e combater a doença que está a devastar o nosso mundo.
Comecemos por parar as hostilidades. Agora. Em todo os pontos do globo.
É isso que a nossa família – a família humana – necessita. Agora, mais do que nunca.
António Guterres
secretário-geral da ONU