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Secretaria de Agricultura apoia a produção de queijo dos laticínios de Cunha

Produtores da região poderão contar, futuramente, com o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. (Foto: Divulgação/Agricultura e Abastecimento)

Produtores de leite de Cunha, no interior de São Paulo, receberam uma boa notícia em meio à pandemia de COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus: a Câmara Municipal aprovou e agora a Prefeitura está dando entrada no processo para que os laticínios do município passem a contar com o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI/POA).

O processo teve apoio dos técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Com essa marca, fica reconhecida a equivalência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) com o Serviço de Inspeção Federal, a fim de garantir a segurança dos alimentos e possibilitar a ampliação do acesso a outros mercados em todo o território nacional.

Cunha foi pioneira na região ao ter o SIM, que permite a comercialização de produtos de origem animal dentro da área municipal. “Temos o SIM desde 2015, porém os produtores ansiavam por comercializarem seus produtos além da divisa do Estado. A demanda à Prefeitura partiu deles próprios e aí começamos a fazer as adequações necessárias para atender a legislação. Foi um ano de muita discussão e envolveu não só os produtores, mas também os técnicos da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável [CDRS] Regional Guaratinguetá e, principalmente, a Casa da Agricultura local, que deu todo o apoio e o treinamento necessário”, conta o médico veterinário da Prefeitura de Cunha, José Bráulio.

Potencial
O município faz limite com Parati, importante cidade turística e que certamente, com todo o potencial, será um mercado promissor. É com isso que o produtor Clóvis Galvão, do Sítio Primavera, proprietário junto com a família do Laticínio Queijo Galvão, está contando.

“Tenho uma clientela fixa muito boa e não senti o efeito da crise até o momento. Tenho conseguido entregar o queijo na região de Cunha, mas podendo vender em outros Estados, como o Rio de Janeiro, que fica logo na divisa, poderei aumentar a minha produção”, argumenta o produtor, que montou o laticínio há três anos e já viu aumentar em 40% o seu lucro em função do valor agregado com a venda do queijo.

Hoje, a família Galvão transforma em queijo frescal, muçarela, nozinho e também em manteiga os 300 litros diários de leite que retiram de 22 vacas em lactação. “Com o SISBI, os planos são melhorar a genética, aumentar o rebanho e, em consequência, a produção de leite e queijo”, afirma o produtor, um dos nove pequenos laticínios de Cunha que se beneficiam do SIM.

O engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Cunha, César Frizzo, acompanhou todo o processo e garante que está sendo uma vitória comemorada mesmo que com antecedência. “Estamos na reta final para a obtenção do SISBI. Durante praticamente um ano viemos trabalhando com os produtores para conseguir fazer todas as adequações necessárias à legislação. O SIM de Cunha estava muito defasado em relação às normativas para comercialização. Foi um trabalho conjunto entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, via CDRS, a Secretaria Municipal de Agricultura e os produtores interessados”, afirma.

Esperança
Para César e Bráulio, representando Estado e Prefeitura, que estiveram à frente de todo o processo, a notícia tem ares de vitória e esperança renovada. “Fomos o primeiro município na região a ter o SIM e agora seremos os primeiros a conquistar o SISBI. Na região, os municípios em geral têm a mesma característica: são pequenos, com muitas propriedades também pequenas, Índice de Desenvolvimento Humano [IDH] e dificuldades parecidas. Mais uma vez, estamos sendo pioneiros e servindo de exemplo e estímulo a municípios como Lagoinha, Silveiras e Areias, entre outros”, diz o médico veterinário.

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Paralelamente às alterações, a Casa da Agricultura de Cunha e a CDRS Regional Guaratinguetá programaram várias palestras e treinamentos aos produtores para que fossem se adequando. “Promovemos capacitações em Boas Práticas de Produção, com ênfase em normas de higiene, e em Boas Práticas Agropecuárias, como o conforto animal, a nutrição adequada ao plantel, a responsabilidade nas vacinações obrigatórias, enfim, todo esse tempo foi muito produtivo para a cadeia leiteira. O resultado é o maior interesse por parte dos produtores em produzirem de forma legalizada, agregarem valor à sua produção, ampliar a oferta de produtos e o acesso a novos mercados”, conclui César Frizzo.

Cunha contribui com mais de 23 milhões de litros de leite por ano, cerca de 65 mil litros diários, considerando apenas a produção captada por laticínios e cooperativas inspecionadas pelos serviços oficiais.

“Isso representa 18% da produção regional, que é de 130 milhões de litros anuais, e 26% dos produtores de leite da região, relativos a 337 propriedades leiteiras. Temos estimativa que nos levam a concluir que o processamento artesanal pode atingir cerca de mil propriedades e em torno de 30 mil litros de leite diários. Esse é o potencial a ser beneficiado com o SIM e o SISBI, que virão a gerar renda, ocupação de mão de obra e prover a segurança alimentar para os consumidores”, argumenta o diretor da CDRS Regional Guaratinguetá, Jovino Paula Ferreira Neto.

“Foi um trabalho e uma conquista que se fizeram possíveis graças ao envolvimento e às parcerias firmadas ao longo do processo”, conclui o diretor da CDRS Guaratinguetá.

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