Neste artigo quero partilhar com você, leitor (a), um tema significativo: Maria na liturgia. Trata-se de uma reflexão sobre nossa devoção a Nossa Senhora. São diversas as expressões de fé e devoção junto à Virgem Maria nos diversos títulos que ela recebe, recitam-se terços, entoam-se ladainhas, celebram-se novenas, partilham a palavra, reúnem-se para a santa Missa. Quanto amor e dedicação a esta mulher com a qual nos identificamos pelas lutas, dificuldades e conquistas da vida. Sim, viver o mês de maio é aproximar-se um pouco mais da ternura divina.
A presença de Maria se dá na liturgia em diversos aspectos, na devoção, na piedade, no contexto celebrativo, nas Orações Eucarísticas e no caminho pedagógico do ano litúrgico, entre tantos outros que poderíamos aqui elencar.
O Diretório sobre piedade popular e liturgia (DPPL), dedica o quinto capítulo, intitulado, “A Veneração da Santa Mãe do Senhor”, para orientar, refletir e apontar ações pastorais que nos façam cultivar o amor à Virgem Maria.
Logo no primeiro item assim destaca: “A devoção popular para com a bem-aventurada Virgem, variada em suas expressões e profunda em suas motivações, é um fato eclesial relevante e universal. Ela brota da fé e do amor do povo de Deus para com Cristo, Redentor do gênero humano, e da percepção da missão salvífica que Deus confiou a Maria de Nazaré, através do qual a Virgem não é somente Mãe do Senhor e do Salvador, mas também, no plano da graça, a Mãe de todos os homens.” (DPPL n. 183)
A presença de Maria na liturgia e não somente na celebração eucarística (missa) leva-nos a entender e viver todo contexto da história da salvação e “celebra um aspecto da associação da Virgem Maria ao Mistério de Cristo”. (DPPL n.187). Na liturgia temos a oportunidade de fazer memória dos acontecimentos pascais e dos quais Maria participa. Celebrar a Virgem Maria na perspectiva litúrgica é dar passos fundamentais na compreensão de como que nós, com ela, mergulhamos efetivamente na vida de seu Filho. Costumo dizer as pessoas, por exemplo, que na recitação do Rosário, nós fazemos todo um caminho cristológico-mariológico, isto é, Maria ensina-nos a contemplar as etapas deste plano salvífico.
Dentre as riquezas litúrgicas associadas a presença de Maria destaca-se o Sábado, que é elevado ao grau de Memória de Santa Maria. Inclusive o Missal Romano, contém diversos formulários para a celebração da Missa em honra da bem-aventurada Virgem Maria nas horas matutinas dos sábados do tempo comum. Em alguns lugares, celebra-se a chamada Missa de Nossa Senhora do Sábado.
Muitas de nossas comunidades organizam suas festas com momentos celebrativos, são tríduos, setenários e novenas Marianas. Estes momentos servem também para “oferecer aos fiéis uma visão adequada sobre o lugar que ela ocupa no mistério de Cristo e da Igreja e sobre a função que nela exerce. […] são ocasiões em que os fiéis podem ser estimulados a se aproximar dos sacramentos da penitência e da Eucaristia e a renovar o seu compromisso cristão a exemplo de Maria, a primeira e mais perfeita discípula.” (DPPL n 189).
A Igreja, sempre guiada pelo Espírito Santo e instruída pelo seu Magistério, também nos recomendam algumas práticas de piedade mariana: 1) a escuta orante da Palavra de Deus; 2) O Angelus Domini, a oração tradicional com que os fiéis três vezes ao dia, isto é, de manhã, ao meio-dia e à tarde, comemoram o anúncio do Anjo Gabriel a Maria; 3) O Regina Caeli: no tempo pascal, por disposição do Papa Bento XIV (20 de abril de 1742), em lugar do Angelus Domini se reza a célebre antífona. 4) O Rosário; 5) as Ladainhas da Virgem; 6) A consagração a Maria; 7) O escapulário do Carmo e outros escapulários; 8) As medalhas marianas; 9) Hino Akathistos: Venerável hino à Mãe de Deus, representa uma das mais altas e célebres expressões de piedade mariana da tradição bizantina.
A expressão litúrgica da Virgem Maria ainda está presente nas Orações Eucarísticas que recitamos nas Missas, sempre com um auxílio para nosso caminhar terreno, mas principalmente um auxílio na hora da morte e companheira da eternidade. Vejamos o que nos dizem as orações eucarísticas. Na oração eucarística I se reza: “Em comunhão com toda a Igreja, veneramos a sempre Virgem Maria, Mãe de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo”. Na Oração Eucarística II: “Enfim, nós vos pedimos, tende piedade de todos nós e dai-nos participar da vida eterna, com a Virgem Maria, Mãe de Deus”. Na Oração Eucarística III: “Que ele faça de nós uma oferenda perfeita para alcançarmos a vida eterna com os vossos santos: a Virgem Maria, Mae de Deus”. Na oração Eucarística IV: “E a todos nós, vossos filhos e filhas, concedei, ó Pai de bondade, que, com a Virgem Maria, Mãe de Deus, com os vosso Apóstolos e todos os Santos, possamos alcançar a herança eterna no vosso reino”. Na oração eucarística V: “Esperamos entrar na vida eterna com a Virgem, Mãe de Deus e da Igreja”.
Por fim, vivemos na região onde a Virgem Maria se manifestou sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Não deixemos perder esta identidade de povo que ama, venera, testemunha a Mãezinha do Céu. Saibamos a cada dia, cantar com a Virgem: O Senhor fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome.
Padre Kleber Rodrigues da Silva, é pároco e reitor da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Pindamonhangaba-SP. Natural de São Luiz do Paraitinga-SP, é o caçula de 12 filhos. Foi ordenado padre em 15 de maio de 2004. É formado em Filosofia, Teologia, Publicidade e Propaganda e atualmente está fazendo Pós-Graduação, em Gestão Religiosa e Paroquial.
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