A arte e a cultura têm transformado a vida de muitos joseenses. Por meio das ações da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, artistas tiveram a oportunidade de se profissionalizar e ampliar suas apresentações, aprendizes das oficinas culturais passaram a orientadores artísticos, jovens talentos estão se profissionalizando, pessoas com deficiências estão incluídas em projetos culturais e as atividades virtuais têm servido para manter esses grupos ativos, mesmo dentro de casa.
Viver da própria arte é o objetivo de muitos artistas independentes e que vem sendo conquistado por meio do projeto Arte nas Ruas. Em três anos, o número de artistas cadastrados por edital cresceu de 8 para 50. Com o cadastramento, eles passaram a ter maiores oportunidades de trabalho, recebendo orientação e qualificação profissional.
Antes da pandemia, esses artistas de rua vinham se apresentando em praças, parques, escolas, lugares públicos e privados, levando acrobacia, equilibrismo, malabarismo, palhaçaria, cosplay, dança, música e teatro à população.
O artista Ronny Christian, que sempre trabalhou nas ruas, acreditou no projeto logo no começo. “Depois que conheci o Arte nas Ruas, ele virou para mim uma escola maravilhosa, principalmente pela junção e união de vários artistas dentre várias modalidades de arte”.
A malabarista Larissa se inscreveu no segundo edital depois de ver seus amigos felizes no projeto. A artista reconhece a oportunidade que a FCCR oferece para os diversos profissionais que vivem da arte de rua, abrindo mais espaço para o desenvolvimento e profissionalização do trabalho.
Arte nos Bairros
Todo início de ano muitas pessoas aguardam, ansiosamente, a abertura de novas vagas nas oficinas culturais oferecidas, gratuitamente, pelo programa Arte nos Bairros. E não é para menos. Só no ano passado, o programa atendeu cerca de 8.000 pessoas em 328 oficinas culturais nas 10 casas de cultura, localizadas em todas as regiões de São José dos Campos, além das parcerias com entidades.
As oficinas culturais geralmente são ofertadas conforme a vocação de cada região da cidade, podendo ser dança, arte circense, música, cantos, artesanato, teatro, brincadeiras infantis, fotografia, literatura, yoga e muitas outras. Em 2019, foram cerca de 50 diferentes modalidades da arte.
As atividades acontecem o ano todo e atendem pessoas a partir dos 6 anos de idade. Além de ação formativa, o programa promove também a difusão cultural entre a comunidade local e a formação de público.
Luciene Rodrigues é mãe de João Pedro, de 10 anos, e Maria Clara, de 8, que iniciaram as aulas em 2019, na oficina de capoeira da Casa de Cultura Tim Lopes, na zona sul. “Eles chegaram tímidos, com vergonha de falar em público e com medo de se apresentar, mas o trabalho do orientador Laguinho foi incrível. Eles passaram a amar a arte da capoeira. Sem dúvida, as oficinas ajudam no desenvolvimento pessoal, educacional e emocional”, afirmou a mãe.
Para a orientadora de canto coral e teclado, Danielle Mezzadri, a parte mais recompensadora de dar aulas é a evolução de cada aprendiz. “Vai muito além de quesitos musicais, envolve o caráter, postura em público e o aumento da autoestima ao ver desafios vencidos”.
De aluno a professor, de participante a gestor
A dança sempre esteve presente na vida da bailarina Josiane Reis. Quando criança, observava as duas irmãs mais velhas seguindo o ritmo da dança. O exemplo foi essencial e, aos 8 anos, ela começou a frequentar aulas de balé no Programa Arte nos Bairros, da FCCR.
Quase vinte anos depois, Josiane passou a ser professora da modalidade e, hoje, é orientadora e produtora cultural. “A dança sempre foi uma forma de nos unirmos, transmitir amor e superar barreiras”, afirmou Josiane.
O orientador de percussão da Casa de Cultura Chico Triste, Diego Rodolfo, começou a dar aulas em 2019, porém sua história com as oficinas começou muito antes disso. “Há 10 anos, fui aprendiz da mesma casa que atuo hoje. Esse projeto é muito importante na vida das pessoas, pois proporciona conhecimento em diversas áreas culturais e para idades variadas. As casas de cultura servem como lazer, divertimento, sociabilização e também como oportunidade, como eu tive”.
Elaine Coelho conheceu a Fundação Cultural em 1996, ainda adolescente. Hoje, ela é concursada e gestora do Núcleo de Ação Cultural Descentralizada, na região sul. Para ela, o programa contribui também para ocupar positivamente a vida do jovem.
Programas de formação
Os programas Coro Jovem Sinfônico, Cia Jovem de Dança, Tap da Longevidade (sapateado para maiores de 45 anos) e Centro de Artes Circenses têm como objetivo a criação de núcleos de formação artística com foco na profissionalização de jovens. Entre os critérios para participar dos programas, as crianças e jovens devem estar matriculados e frequentando instituição de ensino e se submeter a provas de aptidão. Aos níveis avançados, onde a dedicação é exclusiva, são oferecidas bolsa-auxílio de estímulo à arte.
Mesmo durante o isolamento social, nenhuma dessas atividades foi interrompida. “A Fundação Cultural Cassiano Ricardo foi pioneira em ações para que seus parceiros profissionais, como eu e toda a equipe de professores e artistas do Coro Jovem, pudessem seguir por meios digitais. É tão importante dar continuidade ao nosso trabalho com esses jovens ávidos em aprender e apaixonados pelo canto, seguir alimentando nosso ideal de vida que é viver da arte”, disse o maestro Sérgio Werneck, regente do Coro Jovem Sinfônico.
Juntos e misturados
Juntar as pessoas para ouvir histórias, cantar e fazer arte, independente de características, idade ou dificuldades física e mental – esse é o objetivo do Projeto Juntos, desenvolvido inicialmente no Cine Teatro Benedito Alves e que, atualmente, acontece de modo virtual. “O projeto que tem como meta a inclusão. Nele contemplamos a diversidade! Estimulamos a empatia e também a valorização da nossa pluralidade. O estar junto é o mais importante sempre”, explica a coordenadora Adriana Soares, educadora e escritora.
Nas oficinas, o recurso da música é muito utilizado. “Ela cativa, agrega e reúne as pessoas onde a diferença sempre é bem-vinda. Através de ritmos variados, contemplamos a diversidade também, de forma lúdica e prazerosa”, disse a musicista Ana Clara Soares, outra coordenadora do Juntos. O projeto também tem o apoio profissional de Cris Souza, psicopedagoga. Juntos respeita as diferenças individuais e proporciona a interação cultural inclusiva, capaz de aprimorar a convivência entre todos.
Reconhecimento
Em maio deste o ano, São José dos Campos recebeu o Prêmio Capital Cultural do Estado de São Paulo, que visa reconhecer as cidades do Estado que mais investem no setor, considerando uma série de critérios, inclusive o fato do município de ter vencido o edital Juntos pela Cultura, que permitiu a retomada da Virada SP no final de 2019. Neste edital, São José dos Campos venceu a disputa com outras 60 cidades com mais de 150 mil habitantes.
A premiação reconhece os investimentos da Prefeitura, por meio da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, numa política sólida nas áreas de formação, difusão e fomento à cultura.