Desde o início da pandemia, a rotina das penitenciárias se adaptou à realidade atual de forma a evitar o maior número de contatos possíveis da população carcerária com o meio externo. A responsabilidade com a biossegurança das unidades prisionais somado ao empenho com a ressocialização de reeducandos fez com que alguns estabelecimentos penais aderissem à modalidade de comunicação online. Exemplo disso é o Centro de Detenção Provisória (CDP) “Dr. Félix Nobre de Campos” de Taubaté.
Ancorado no tripé família-saúde-religião, o CDP de Taubaté tem atuado para minimizar os efeitos do isolamento social causado pelo novo coronavírus. Pensando nisso, foram feitas adaptações em atendimentos outrora presenciais.
Para que os trabalhos desenvolvidos na unidade não perdessem completamente o ritmo, algumas atividades passaram a ser ministradas por plataformas digitais. Assim, foi mantido o atendimento religioso por duas vezes na semana. A cada reunião online, participam 8 detentos que são orientados a repassar os ensinamentos do dia aos outros colegas de cela. Existe um revezamento de raios, a fim de que os temas alcancem toda a população carcerária local.
Outra atuação importante para a manutenção de um cumprimento de pena mais tranquilo são os encontros com os representantes dos Narcóticos Anônimos (NA). Atualmente, ocorrem atendimentos semanais, com duas horas de duração. Anterior à pandemia, as sessões estavam organizadas de forma a atender 2 raios por semana e, a cada 3 meses, era realizado mutirão para assistência a todos os detentos da unidade.
Para o diretor geral do CDP de Taubaté, Claudio José do Nascimento Brás, a manutenção de projetos sociais, mesmo que de forma virtual, é um laço importante que influencia positivamente no comportamento da pessoa encarcerada. “Esses projetos sempre trouxeram alento a muitos, pois, uma grande parte da população prisional não recebe visitas, sendo essas pessoas seus contatos com o mundo exterior”, explica.
Acolher
Além dos detentos, os familiares também são foco de um olhar mais humanizado no CDP de Taubaté. Em execução desde 2016, o projeto Acolher é outro tipo de atendimento que se mantém em dia, apesar da pandemia, por meio de práticas virtuais. Trata-se de uma abertura à equipe técnica da unidade de forma a reforçar a importância da família no processo de ressocialização do indivíduo privado de liberdade.
Em outras palavras, são oferecidos pontualmente suporte psicológico e orientação sobre redes assistenciais do município à família dos detentos. Inicialmente, o projeto ocorria a partir de agendamentos. Hoje, dá-se por meio de telefonemas e e-mails. “Grande parte dos detentos possui histórico de drogadição e dependência química, e a família é codependente. Daí, orientamos os familiares quanto às redes de assistência social na cidade e região, ou seja, onde podem buscar ajuda específica”, fala a psicóloga do CDP de Taubaté, Ana Cláudia Alves de Andrade Ribeiro.
O projeto Acolher é uma idealização da assistente social Simone Lobato. O principal objetivo é a promoção de uma intervenção no vínculo familiar, que muitas vezes é rompido após o encarceramento do detento. Atualmente, cerca de 10% da população carcerária da unidade recebe o suporte.