Um estudo diagnóstico, encomendado pela prefeitura de São José dos Campos, está investigando a população de capivaras em áreas da cidade.
O objetivo é identificar o número de indivíduos e grupos, as faixas de idade dos animais, sexo, forma de organização dos grupos, recursos e território utilizados por esses animais.
Foram programadas 10 atividades de campo, com duração de três dias cada e intervalo de 9 dias entre elas. Os biólogos já realizaram seis dessas campanhas, com observações feitas no período da manhã, das 5h30 às 11h e nos fins de tarde, das 16h às 23h, já que esses animais são mais ativos durante a noite.
O estudo, contratado em parceria entre as secretarias de Urbanismo e Sustentabilidade e de Saúde, é essencial para entender a dinâmica populacional das capivaras, que são hospedeiras primárias de carrapato-estrela, vetor da bactéria Rickettsia, causadora da Febre Maculosa Brasileira, doença grave e de rápida evolução que leva a óbito se não tratada a tempo.
O biólogo Welber Smith, responsável pela equipe de campo do estudo, reforça a importância do trabalho. “Para a cidade é muito importante. A problemática das capivaras não é exclusiva de São José dos Campos. Ocorre em várias cidades do interior de São Paulo, como Campinas, Itu, Salto, Sorocaba, que sofrem com a proliferação da população de capivaras. Esse estudo vai nortear ações de mitigação desse conflito, que vai desde o problema da infestação por carrapatos no Parque da Cidade até a questão de Saúde, relacionada à Febre Maculosa”.
Carrapatos
O Parque da Cidade, uma das áreas investigadas, representa ponto de partida importante para a busca por conhecimentos sobre esses animais. Os limites do Parque não estão completamente cercados, então a população de capivaras tem contato com outros animais existentes em áreas próximas ou ao longo do Rio Paraíba, que passa nos fundos do Parque.
A presença de carrapatos no local é um fenômeno recorrente, principalmente, em períodos secos, apesar do corte e roçada constantes dos jardins e gramados.
Além de ser um dos principais cartões postais da cidade, é sede de programações festivas e culturais durante todo o ano, onde a circulação diária de pessoas é significativa, sobretudo, aos finais de semana.
“O estudo é muito relevante porque a partir dele poderão ser tomadas decisões com critérios técnicos e embasados cientificamente. Quanto à eliminação de carrapatos, a comunidade científica está testando repelentes e produtos com utilização de fungos”, esclarece o biólogo.
A Prefeitura também está envolvida com outras iniciativas para controle dos carrapatos, a exemplo de carrapaticida orgânico, que não oferece risco a pessoas ou dano às áreas naturais.
Entender melhor o comportamento, número de animais e território utilizado pelas capivaras será importante para o controle da doença, pois, são necessários dados que respaldem a análise e sugestão de medidas de manejo dos grupos de animais do Parque e adjacências.
Será realizada, ainda, pesquisa acarológica, pelo Centro de Controle de Zoonoses, com instalação de armadilhas para coleta de carrapatos, visando à análise dos locais de maior infestação desses animais nas áreas estudadas.