O Hospital de Campanha do Ibirapuera do Governo de SP chegou neste sábado (26) ao seu último dia de funcionamento com uma grande celebração para homenagear pacientes e profissionais que estiveram na “linha de frente” do combate ao coronavírus.
Equipes das Forças de Segurança do Governo de SP (Policiais Militares, Civis e Técnico-Científicos, Bombeiros, Defesa Civil e do Grupo de Resgate – GRAU) fizeram um grande cordão, com cartazes com mensagens positivas e de agradecimento e superação, salvas de palmas, luzes e sirenes para recepcionar os colaboradores que ajudaram a salvar vidas.
Cada profissionais que atuou no local saiu da estrutura hospitalar com uma medalha, com a frase “Você fez a diferença. Nossa força vem da união”, carregando 500 balões nas cores azul e branca. As bexigas foram lançadas ao ar para representar e homenagear todas as 2,4 mil vidas salvas no hospital.
Pronunciamento do secretário da saúde Jean Gorynchtein
Encontro
Além disso, ocorreu um encontro inédito: primeira paciente internada no hospital, Sra. Aparecida Andreza Silva Viana, esteve presente para acompanhar a saída do último paciente, Sr. Iray Fernandes, a alta de número 2.433. Ambos são moradores da Grande São Paulo e foram homenageados com flores.
Andreza tem 33 anos, é manicure e moradora de Embu das Artes. Chegou ao Ibirapuera após transferência do Hospital Regional de Cotia, que no início da pandemia foi referência para casos de COVID-19. A paciente ficou internada por cinco dias e respondeu rapidamente ao tratamento. “Eu acho que se eu tivesse ido para qualquer outro hospital, eu não teria tido uma recuperação tão rápida. Eu fui muito bem tratada por toda a equipe e só tenho a agradecer”, elogia a paciente, hoje em pleno estado de saúde.
Juntos, foram aplaudidos por todos os presentes. Já o último paciente, Sr. Iray, tem 70 anos e é morador de Várzea Paulista, mas nascido em Extrema (MG), alcançou uma vitória para sua saúde, após muita superação: é hipertenso, cardiopata, já fez cirurgia urológica e teve AVC, em 2010. Em 8 de setembro de 2020, iniciaram-se os sintomas de COVID-19, e na madrugada do dia 16 chegou ao hospital já com uso de oxigênio. Respondeu positivamente ao tratamento, acolhendo a proposta terapêutica da equipe multidisciplinar do hospital.
Os dois pacientes estão entre 3.189 pessoas acolhidas no Hospital de Campanha do Ibirapuera, que obteve aprovação de 99% dos usuários em pesquisa espontânea de satisfação em todas as frentes de atendimento especializado – médicos, equipe de enfermagem e multidisciplinar. O índice é resultado de pesquisa com 434 formulários respondidos por vontade dos próprios pacientes, que preencheram folders deixados ao lado dos leitos. A margem de confiabilidade é superior a 95%, com aplicação da metodologia da Escala de Likert, comumente utilizada em pesquisas de opinião que avaliam grau de satisfação para diferentes tópicos.
Balanços
O Hospital de Campanha do Ibirapuera iniciou as atividades em 1º de maio, com 268 leitos, incluindo 28 de Terapia Intensiva. Logo no primeiro mês, chegou a 669 pacientes recebidos. O pico ocorreu em junho, chegando a 1.492 pacientes. Em julho o serviço foi definido como referência para as regiões de Campinas e Piracicaba, fechando o mês com 2.118 pessoas acolhidas. Chegou a 2.879 em agosto e atingiu o total de 3.189 até 26 de setembro.
Entre o total de pessoas recebidas, de 106 cidades diferentes, 82,7% foram moradores da Grande São Paulo (2.638). A região de Campinas aparece na sequência, com 12,5% (400). De Sorocaba, foram 99 pessoas (3,1%). Os demais vieram das regiões de Piracicaba (29), Baixada Santista (13), Vale do Paraíba (5), Vale do Ribeira (2), Ribeirão Preto (2) e São João da Boa Vista (1).
Atuaram na unidade 800 profissionais, sendo mais de 200 médicos, cerca de 450 profissionais de Enfermagem, além de equipes de Fisioterapia, Farmácia, Assistência Social, Nutrição, Psicologia, Fonoaudiologia, apoio técnico e recepção.
O serviço foi montado com aparato tecnológico para garantir atendimento com qualidade e humanização, além da prevenção a contaminações. Profissionais, pacientes e familiares contaram com wi-fi para uso contínuos com videochamadas e WhatsApp, para proximidade e atualizações de quadro de saúde. Atividades artístico-culturais também fizeram parte da rotina para propiciar bem-estar aos internados.
Para garantir conforto, contou com ar-condicionado com climatização com troca de ar constante e segura. Na área preventiva e sustentável, prontuário eletrônico e sistema informatizado substituiu o papel, pouco utilizado, e os materiais foram tratados numa máquina para compactação e desinfecção de lixo hospitalar que reduz resíduos em até 50% do peso e até 80% de volume, sem uso de produtos químicos e com baixo consumo de água e eletricidade.
Com a última alta, as equipes de saúde passarão a trabalhar na primeira etapa da desmobilização – o recolhimento dos materiais e insumos hospitalares. A infraestrutura começa a ser retirada no dia 30 com previsão de término na primeira quinzena de outubro.
Os equipamentos serão doados pelas empresas MChacon e Deca, parceiros do hospital, para entidades assistenciais e outros serviços de saúde, totalizando 268 colchões, 100 camas, 12 televisões, 74 vasos sanitários, 118 torneiras, 14 chuveiros, 62 cubas de porcelana, 53 pias e quatro tanques de aço inox.