Apesar da pandemia, a prova de 2021 terá 321 veículos inscritos com representantes de 49 países. Nas UTVs, o Brasil conta com dupla Reinaldo Varela/Maykel Justo e navegador Gustavo Gugelmin. Entre os carros, Marcelo Gastaldi/Lourival Roldan e Guilherme Spinelli/Youssef Haddad também correrão o Rally Dakar.
Neste primeiro de janeiro, Dia Mundial da Paz, os organizadores do Rally Dakar promoverão um acampamento na cidade de Jedá, na Arábia Saudita, representando a maior concentração de nacionalidades em atividade no planeta. “É uma espécie de ONU do esporte”, pontua Reinaldo Varela, que tenta o bicampeonato do Dakar. Ele e Gugelmin venceram em 2018. O evento também é um mosaico da atual fase do planeta. Entre os países presentes, alguns enfrentam situações de conflito em suas fronteiras, que já causaram milhares de mortes. É o caso de Rússia e Ucrânia, que vivem dias de tensão e desconfiança devido ao suposto apoio dos russos a grupos separatistas no país vizinho.
Situação semelhante à dos gigantes China e Índia, que em 2020 viram incursões armadas em suas fronteiras e, nos últimos meses, assuntam o mundo ao posicionar mais de 100 mil soldados na região dos Himalaias. “Em contraposição a tudo isso, é de um simbolismo muito bonito o fato de essas bandeiras se cruzarem nas trilhas do Dakar, no melhor espírito de esportividade e até fraternidade. Porque faz parte da ética do Dakar ajudar um competidor em sérios apuros. E isso não é raro”, diz o navegador Maykel Justo. “Mais do que isso, todos convivemos em paz e clima de colaboração nos acampamentos e refeitórios, até mesmo pela questão da covid”, completa o navegador.
Com largada no próximo domingo, dia três de janeiro, e disputada inteiramente na Arábia Saudita, a 43ª edição do Dakar terá em seus 7.646km um total de 4.767km de especiais (trechos cronometrados em alta velocidade). Os restantes 2.879km são correspondentes aos deslocamentos entre os pontos de largada e chegada em cada um dos doze dias. O roteiro da prova começa e termina Jedá. Mesmo com todos os problemas enfrentados pela pandemia global do novo coronavírus (covid-19), a edição de 2021 do rally tem 321 veículos inscritos, número apenas 6,1% menor que o da última prova (342 veículos) e 4,2% inferior que a média dos últimos cinco anos (335 veículos). Divididos entre pilotos, navegadores e mecânicos, o Rally Dakar 2021 reúne representantes de 49 países.
O Brasil vai com força na categoria UTVs com a dupla Reinaldo Varela/Maykel Justo e o navegador Gustavo Gugelmin (que neste ano compete em parceria com o piloto americano Austin Jones), além das duplas Marcelo Gastaldi/Lourival Roldan e Guilherme Spinelli/Youssef Haddad que disputarão a categoria Carros. “Um ponto importante para o bom grid do Dakar é que ele reúne as equipes e fábricas mais profissionais do rally mundial. E nesse nível o impacto econômico é menor”, opina Reinaldo Varela, único brasileiro contratado por uma equipe de fábrica que compete no Dakar, a canadense Can-Am. “Além disso, nesse momento, o mundo está lidando melhor com a pandemia e tem a perspectiva da chegada próxima da vacina. Psicologicamente, acho que isso ajudou bastante”, continua Varela.
Além do Brasil, outros nove países latino-americanos estão representados: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, México, Peru e Uruguai. Mas há nacionalidades com grande tradição nos rallies que surpreendem pela pequena representatividade, casos da Suécia e Noruega. Potência destacada das indústrias automobilística e motociclística, o Japão também está muito ausente. O arquipélago conta com apenas um piloto na categoria Carros (Akira Miura) e o trio Teruhito Sugawara/Hirokazy Somemiya/Yuji Mochizuki em um caminhão.