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Sagui-da-serra-escuro é visto nas matas do distrito de São Francisco Xavier

Em 8 de janeiro, foi registrado nas matas de São Francisco Xavier, em vídeo, um exemplar que está entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo: o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita).

Ao comprovar a presença da espécie no distrito, o registro reforça a importância de São Francisco Xavier como refúgio de primatas: além do saqui-da-serra-escuro, estão em suas matas o muriqui (Brachyteles arachnoides), o bugio (Alouatta guariba), o macaco-prego (Sapajus nigritus) e o sauá (Callicebus nigrifrons).

Só duas áreas do Estado de São Paulo contam com cinco espécies de primatas. O sagui-da-serra-escuro é um pequeno primata, pouco conhecido, que vive em grupos reduzidos, sendo naturalmente raro. É nativo de áreas de serra da Mata Atlântica dos Estados de SP, RJ e MG.

Sendo tão ameaçado, são urgentes e necessárias ações de proteção desse nosso vizinho da floresta. As principais ameaças a este pequeno sagui são a diminuição e fragmentação de habitats (locais de vida), causadas pelo corte ou supressão de florestas — para expansão urbana, implantação de empreendimentos turísticos ou residenciais, formação de pastagens para gado —, incêndios, atropelamentos ou caça e captura para tráfico.

Outra ameaça muito séria é a competição ou cruzamento com outras espécies de saguis: o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchu), que é originário da região Nordeste e o sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata), que vive em áreas de Cerrado da região central do país.

O fato é que a ação humana, por meio do tráfico de animais silvestres, leva à captura desses saguis em suas regiões de origem e sua manutenção como pets por pessoas que moram nas áreas onde vive o sagui-da-serra-escuro.

Em muitos casos, esses animais acabam fugindo ou sendo soltos em áreas de mata e passam a competir com o sagui-da-serra-escuro, por abrigo, alimentação e acabam cruzando e gerando descendentes híbridos, o que ao longo do tempo provoca a perda de características genéticas específicas do Callithrix aurita e extinção da espécie.

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O registro reforça a importância de São Francisco Xavier como refúgio de primatas – Foto: Divulgação)

Vale do Paraíba

No Vale do Paraíba, o primata ainda habita alguns remanescentes florestais nas áreas rurais, como no Parque Natural Municipal Augusto Ruschi – PNMAR (Costinha), onde foi realizado monitoramento de uma importante população de saguis-da-serra-escuros no parque por dois anos (2016-2018), sendo identificados ao menos seis grupos, com de 2 a 8 animais por grupo.

Eles também são avistados no ambiente urbano: por exemplo, em São José dos Campos já foram avistados animais solitários em árvores no Urbanova, Jardim Satélite, próximo ao Parque Tecnológico ou Pousada do Vale. Existem grupos no fragmento de mata do Parque Alambari (Campos São José e Jardim Mariana II), na zona leste da cidade.

Os saguis do Alambari são puros (sem sinais de cruzamento), mas ainda não foram estudados e a estimativa é que haja ao menos 20 animais, tendo sido visualizada fêmea com dois filhotes em novembro de 2020. O registro por munícipes – na forma de vídeos ou fotos – e seu compartilhamento é muito importante para que a presença desses animais silvestres seja identificada em nosso território e estimule a realização de estudos para maior conhecimento e realização de ações de sensibilização da população e de proteção dos saguis pelas instituições e órgãos oficiais.

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