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Em cerimônia virtual promovida pelo UNIC Rio, brasileiros pedem: “Holocausto, nunca mais”

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Em cerimônia virtual para o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, lembrado em 27 de janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que é urgente deter os supremacistas brancos e neonazistas que usam a pandemia para atingir minorias. Na ocasião, mais de 80 pessoas pediram: “Holocausto, nunca mais”.

A declaração de Guterres foi transmitida em vídeo durante evento organizado pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e a Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ). Neste ano, o tema para a data é “Enfrentando as consequências: recuperação e reconstituição após o Holocausto”.

A cerimônia online – respeitando o distanciamento social para evitar o contágio da COVID-19 – teve a presença remota de mais de 85 pessoas e a apresentação de um canto religioso judaico em memória das vítimas. Contou ainda com as participações dos embaixadores de Israel, Yossi Avraham Shelley, e da Alemanha, Heiko Thoms, do presidente da Associação Cultural Memorial do Holocausto e da FIERJ, Alberto Klein, do sobrevivente do holocausto Fred Sabotka, da presidente de Honra da Associação Cultural do Memorial às Vítimas do Holocausto, Teresa Bergher, e da representante da mesma associação, Sofia Debora Levy, além da representante do conselho juvenil da comunidade judaica, Gabriella Margulies.

Guterres rendeu homenagem à memória dos seis milhões de judeus e outros milhões de pessoas que foram sistematicamente assassinados pelos nazistas e seus colaboradores durante o Holocausto e lembrou que neste ano a data ocorre “sob a sombra da pandemia da COVID-19, que contribuiu para o ressurgimento do antissemitismo e da xenofobia”.

Sobrevivente do Holocausto no Brasil, Fred Sabotka, de 92 anos, passou por quatro campos de concentração nazistas
Foto | UNIC Rio

“Hoje, os supremacistas brancos e neonazistas estão ressurgindo, se organizando e recrutando além de suas fronteiras, intensificando seus esforços para negar, distorcer e reescrever a história, incluindo o Holocausto. A pandemia de COVID-19 deu-lhes novas oportunidades para atingir as minorias, com base na religião, raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, deficiência e estatuto de imigração. Devemos fazer esforços conjuntos urgentes para detê-los”, afirmou o líder da ONU.

Ano de cura – Para António Guterres, 2021 deve ser um ano de cura: “Curar-nos da pandemia e curar nossas sociedades destruídas, nas quais o ódio se enraizou facilmente”. Ele defendeu a criação de um mundo de igualdade, justiça e dignidade para todos.

Em comunicado divulgado hoje, relatores independentes da ONU também pediram que os estados-membros ajam contra o antissemitismo e garantam que os negacionistas e todos os níveis da sociedade sejam efetivamente educados sobre o Holocausto e outras manifestações de antissemitismo.

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Corpo diplomático – O embaixador da Alemanha, Heiko Thoms, reconheceu que “às vezes a memória dói e que o normal seria tentar esquecer”. “O holocausto da ditadura fascista alemã contra o povo judeu foi tão horrível que até hoje estamos sem explicação: como é possível que seres humanos possam cometer tal atrocidades? Para que isso nunca mais se repita, em nenhuma parte do mundo, temos que nos lembrar. Lembrar para construir um futuro mais pacífico”, afirmou em mensagem.

Ele informou que o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, está abrindo neste dia 27 de janeiro uma exposição fotográfica das vítimas do Holocausto com o título “Contra o Esquecimento”, na sede da UNESCO, em Paris, além de outros eventos conduzidos na capital do país, em Berlim, e também virtuais.

“Nós vamos sempre nos lembrar das atrocidades do Holocausto e do sofrimento das suas vítimas. Devemos isso a cada vítima e a cada sobrevivente. E devemos isso também as nossas crianças, que poderão olhar para um futuro melhor”, concluiu. Atualmente, a Alemanha preside da Aliança Internacional para a Lembrança do Holocausto.

Em sua mensagem, o embaixador de Israel, Yossi Avraham Shelley, lembrou que a data escolhida pela Assembleia Geral da ONU marca o dia em que as tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, em 27 de janeiro de 1945.

E destacou a importância da contribuição das pessoas que lutaram para amenizar os horrores causados pelos nazistas. “Os chamados “Justos entre as Nações” arriscaram suas vidas para proteger judeus do extermínio. A imigração judaica durante a guerra foi possível graças a essas pessoas que se sacrificaram para ajudar judeus a manter o direito fundamental do ser humano à vida”, afirmou.

Ele relembrou duas pessoas que tiveram importância fundamental para a comunidade judaica no Brasil: o diplomata Luiz Martins de Souza Dantas, que concedeu vistos a judeus imigrantes, e a funcionária do Ministério das Relações Exteriores Aracy Guimarães Rosa, que agiu de forma contrária à recomendação do governo brasileiro na época, permitindo a entrada de imigrantes judeus no país.

Sobrevivente do Holocausto no Brasil, Fred Sabotka, de 92 anos, passou por quatro campos de concentração nazistas. (Foto: UNIC Rio)

Comunidade Judaica – Um dos sobreviventes do Holocausto no Brasil, Fred Sabotka, de 92 anos, participou ao vivo do evento e acendeu seis velas, cada uma representando um milhão de vítimas. “Não é fácil para mim para falar sobre isto. Recebi meu número em Auschwitz. Já fiz dezenas de palestras, mas sempre me emociono muito. Quem sobrevive a quatro campos de concentração tem muita sorte!”, afirmou. “Tive muita sorte de vir para o Brasil, onde achei minha felicidade, mas nunca vou esquecer o que aconteceu comigo. Acredito que nunca mais vai acontecer”, afirmou.

Em vídeo exibido no evento, o presidente da Associação Cultural do Memorial às Vítimas do Holocausto e da FIERJ, Alberto Klein, apresentou o local no Rio de Janeiro, que pretende ser um espaço para educação e formação de jovens sobre o tema. Também participaram da mensagem as integrantes da mesma Associação, Teresa Bergher e Sofia Debora.

Sofia explicou que o local pretende cultivar a memória de todas as vítimas, “incluindo ciganos, negros, opositores políticos e todos os grupos religiosos e étnicos que sofreram com o holocausto” e Teresa reforçou a importância da data, uma “forma de combate à intolerância e ao ódio”.

Gabriella Margulies, do movimento Chazit Hanoar, representando a juventude da comunidade judaica, lembrou que os jovens têm o “dever e a responsabilidade de manter viva e presente a lembrança do passado para que as futuras gerações continuem a trabalhar fortemente contra todas as formas de intolerância, violência e antissemitismo”.

Em um final emocionante, os participantes abriram seus microfones para dizer “Holocausto, nunca mais”.

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