Na última quarta-feira, celebramos como Igreja Católica, o início deste tempo litúrgico da Quaresma. Trata-se de um período de quarenta dias, em que, caminharemos movidos pelo Espírito Santo, alimentados pela Palavra de Deus e pela participação no banquete Eucarístico, de forma, a traduzir em nossa vida, os frutos da oração, do jejum e da caridade.
Papa Francisco, em sua homilia na celebração eucarística de abertura da Quaresma, ressaltou que este período consiste numa “viagem de regresso à Deus”. De fato, é um momento especial e fundamental para aprimorarmos nosso percurso de conversão pessoal e eclesial.
Nesta viagem, partimos da realidade, do momento, das situações sociais, de pandemia em que estamos vivendo para, a partir da fé, dar passos com Jesus e com a comunidade à qual participamos. Trata-se de um “tempo favorável para iniciar o caminho, o percurso que nos levará ao monte santo da Páscoa, em Jerusalém”.
Embarcando nesta viagem, temos a oportunidade de ouvir com mais intensidade a Palavra de Deus, dedicando um tempo para a leitura do evangelho do dia, a recitação de um salmo, de aplicar-se mais à Oração, como um simples e sincero diálogo com Deus, de preparar-se pela penitência para renovar as promessas do nosso batismo, na grande Vigília Pascal, no Sábado Santo.
Nas paradas desta viagem, ou seja, a cada domingo, teremos a oportunidade de estar com os evangelistas Marcos e João, o primeiro tem como fundamento dos seus escritos, responder ao questionamento: quem é Jesus? E o segundo, é o evangelista que nos acompanhará até o mistério pascal, com suas narrativas profundas e cheias de detalhes deste percurso, desta viagem.
No primeiro domingo da quaresma (Marcos 1,12-15), vamos ao deserto com Jesus, enfrentar e superar as tentações, de modo que possamos em seguida, partir em missão, anunciar o reino e convidar à conversão.
No segundo domingo da quaresma (Marcos 9,2-10), ouvindo o trecho bíblico da Transfiguração do Senhor, perceberemos que em Jesus está a plenitude, a glória, a vida, a luz.
No terceiro domingo da quaresma (João 2,13-25), vamos ao templo de Jerusalém, e com Jesus entenderemos a importância da vida comunitária dentro de um processo de conversão, bem como da nossa responsabilidade de fazer deste espaço um lugar de oração e de oferta agradável a Deus.
No quarto domingo (João 3,14-21), descobriremos Jesus como vida e luz. A superação de nossos limites, nesta viagem da vida, afastamo-nos das trevas e aproximamo-nos desta luz e vida.
No quinto domingo (João 12,20-33), veremos o sentido da Morte e Glorificação de Jesus Cristo. Conscientes de que neste caminho de superação dos limites, chegaremos a realidade da morte, mas também, contemplaremos a ressurreição.
Por fim, chegaremos ao Domingo de Ramos. Nesta ocasião, “em todas as missas se faz a memória da entrada do Senhor em Jerusalém”, com nossos ramos, fazemos este percurso, vislumbrando já nosso destino, o lugar da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Iluminados pelos evangelhos dominicais, tomamos consciência da dupla finalidade do tempo quaresmal: de preparação batismal e de seu caráter penitencial. Contemplaremos aqueles que irão nascer para a vida de Cristo e da Igreja e daqueles que já fazem parte, participar do processo penitencial.
A vivência do caráter penitencial da quaresma, despertará nossa atenção às consequências sociais do pecado em nossa vida, em nossas relações; também nos ajudará a cada vez mais detestar o pecado, como uma ofensa à Deus e pela prática externa de uma penitência, poderemos trabalhar a conversão do coração, de modo, que nas preces diárias que elevarmos à Deus, acolheremos a penitência, como uma virtude.
Enfim, desejo que este tempo quaresmal, ajude-nos a desenvolver a maturidade de nossa fé, que cada dia seja vivido com a força do Espírito Santo, de modo, a acolher o “hoje de Deus, no hoje de nossa vida”.
Um bom itinerário quaresmal a todos.