Você já ouviu falar em PANC (Planta Alimentícia Não Convencional)? O termo se refere a plantas não convencionais que são comestíveis e ricas em vitaminas e outros nutrientes. Algumas delas são mais comuns e já foram bastante usadas na alimentação, como por exemplo, o caruru, o peixinho e o cará-moela.
Para conhecer um pouco mais sobre esse assunto, nós fomos até a APTA Regional de Pindamonhangaba, que é uma das unidades da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ligada a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Lá, os estudos com as PANCs são realizados pela pesquisadora Cristina Maria de Castro.
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Cristina começa explicando que o termo PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) foi cunhado pelo biólogo Valdely Kinupp, estudioso das plantas. “Na verdade, não tem nada de novo, são plantas tradicionais, consumidas por nossos pais, por nossos avós e, se formos bem mais para trás, desde a chegada dos portugueses aqui, algumas plantas já eram consumidas. Elas chamam não convencionais porque não estão na nossa dieta do dia a dia, mas são conhecidas por todos nós”, explica.
A pesquisadora também fala sobre a importância da soberania e segurança alimentar, com a necessidade de ver o alimento, de valorizar a cultura alimentar e os hábitos alimentares, passando a comer comida de verdade, porque, de acordo com ela, um dos grandes problemas da saúde no Brasil e no mundo, são com doenças-crônicas não transmissíveis ligadas a uma má alimentação.
Nosso bate-papo sobre as PANCs teve início em um canteiro, que num primeiro momento, podemos julgar que ele está abandonado e com muito mato. Mas não é bem assim. Cristina explica que aquele espaço é na verdade um ‘jardim comestível”. Nele há cerca de 50 diferentes espécies de plantas, como o mangarito, peixinho da horta, caruru, moringa, bertalha, major gomes, cará-moela, vinagreiras, cúrcuma, capuchinha, ora-pro-nóbis e outros.
Ao longo da entrevista, Cristina apresentou e contou detalhes sobre algumas das espécies que são mais comuns na nossa região, muitas delas, tidas como mato e que nascem nas beiras das calçadas, hortas e jardins.
Ela também explica sobre a necessidade de conhecer cada espécie e saber de que forma podem ser consumidas, se in natura ou cozidas.
Após conhecermos um pouco das variedades no jardim, fizemos também uma visita no campo de pesquisa, onde são feitos experimentos com plantas para se descobrir qual a melhor forma de cultivo em grande escala.
Um dos estudos que estão realizados no momento é com a cúrcuma, plantadas em uma área com o método de agricultura sintrópica. As mudas foram plantadas com distanciamentos diferentes, dentre outros detalhes, tudo para ver o seu comportamento. Com os resultados, a melhor prática chegará ao agricultor, garantindo a ele um cultivo com maior produção.
Em outro experimento, Cristina mostra o cultivo da Sacha inchi, também conhecido como “amendoim amazônico”, que produz amêndoas ricas em ácido linoleico. Ainda nos falou sobre a Moringa, uma oleifera conhecida como “árvore da vida” e com inúmeros benefícios na alimentação.
E como isso chega para a população? A pesquisadora explicou que os estudos que são feitos na unidade da APTA Regional Pindamonhangaba são levados a população através de projetos e cursos, como Saúde na Feira e o ROSA Roda de Saberes em Alimentação Saudável, realizado em parceira com o CPIC (Centro de Práticas Integrativas e Complementares).
No encerramento da nossa visita a unida da Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio, Cristina nos ofereceu uma água saborizada feita com flores da cunhã.
Por causa da pandemia, os cursos e projetos realizados pela unidade estão paralisadas, mas tão logo seja possível, a grade será retomada. Futuramente, estaremos visitando os encontros mensais do ROSA, para trazer mais informações sobre plantas específicas, mostrando desde os benefícios e cultivo, até a preparação de pratos com elas.