A quaresma é um período instituído pela Igreja, para que os seus fiéis possam preparar-se para a celebração das festas pascais e contemplar os mistérios da vida de Jesus. São quarenta dias aos quais desejamos através da prática penitencial, da oração, do jejum, da caridade, da dedicação a leitura e meditação da palavra de Deus, colocar-se a caminho, assumir uma atitude de deslocamento.
Viver o tempo quaresmal, como um “deslocar-se”, é perceber o ponto de partida e de chegada, isto é, a vida, o momento em que estamos vivendo até o sepulcro vazio, em Jerusalém, onde teremos na ressurreição a grande força para a continuidade de nossa caminhada.
Falar em deslocamento no contexto quaresmal, é o mesmo que percorrer um caminho, seguir adiante, olhar para frente e celebrar uma evolução dos encontros com Jesus, com aquilo que Ele propõe a partir da Palavra.
Mas devemos ser sinceros e assumir que fazer um deslocamento espiritual em vista de uma mudança de vida e comportamento, não é nada fácil, mas estritamente exigente.
Estamos, por ocasião deste artigo, entrando na terceira semana deste tempo quaresmal, quase na metade do caminho, ou seja, uma oportunidade para uma primeira avaliação. Pergunte-se: consegui praticar a penitência quaresmal de uma forma positiva? Fui mais perseverante, do que negligente? O que aprendi com a Palavra de Deus ao longo destes dias? Daquilo que ouvi, meditei e rezei, o que consegui colocar em prática? Quais foram os dias mais difíceis? O que houve que os tornaram difíceis? Foram as tentações, o desânimo, a falta de organização do horário?
A avaliação é parte do processo da vida, do trabalho, da vida comunitária e da fé. Por isso, no desejo de deslocar-se neste tempo quaresmal, aprendemos com Jesus a partir do deserto, subir e descer a montanha e neste terceiro domingo, colocar-se diante do papel da Lei e do Templo, como instrumentos da percepção das nossas relações com a divindade e com os irmãos e irmãs.
Neste deslocar-se, é muito significativo, que o amadurecimento será percebido por aqueles aos quais nos relacionamos. A busca pela conversão, dá sinais internos e externos, de uma forma muito natural, não precisamos forçar nada, ou sair gritando, dizendo que estamos evoluindo. Jesus deixou muito claro, de que, as atitudes, as palavras e os gestos, valem muito mais que os sacrifícios.
Continuemos esforçando-nos para evoluir. Um passo de cada vez, pode valer muito mais do que uma corrida. O tempo da quaresma, é vivido, dia a dia, momento a momento. Percebamos que estamos deslocando-nos, principalmente por aquilo que já conseguimos deixar para trás e que não nos pertence mais. Perseveremos, lutemos e saibamos que no momento em que cairmos, saberemos que haverá uma mão, para levantar-nos, ou seja, Jesus, convida-nos a seguir com Ele para Jerusalém.