O bicampeão mundial Gabriel Medina venceu o Rip Curl Narrabeen Classic apresentado pela Corona com seus aéreos registrando novos recordes na temporada 2021 do World Surf League Championship Tour. Ele já havia conseguido a maior nota (9,70) do ano na etapa passada, em Newcastle, e, nesta terça-feira, colocou mais três na lista: 9,30 nas quartas de final e 9,27 e 9,50 na decisão do título com o californiano Conner Coffin. Os 18,77 pontos da sua 15ª vitória em 27 finais em etapas do CT, também passaram a ser o maior placar do ano, ultrapassando os 18,16 de John John Florence, em Pipeline.
Duas finais Brasil x Estados Unidos fecharam a terceira etapa da temporada e Medina decidiu o título em todas. Perdeu a primeira, no Havaí, para John John Florence, a segunda para Ítalo Ferreira, em Newcastle, mas agora ganhou e disparou na liderança do ranking. Quem também brilhou foi a gaúcha Tatiana Weston-Webb, ao barrar a tetracampeã mundial Carissa Moore nas semifinais. Na final, a californiana Caroline Marks achou as melhores ondas para vencer, mas a brasileira subiu para terceiro no ranking das três etapas disputadas.
A única surfista da seleção brasileira esse ano, já tem chances matemáticas de brigar pela liderança do ranking na próxima etapa da “perna australiana”, que começa no dia 2 de maio em Margaret River, onde foi vice-campeã em 2019, perdendo a final para a californiana Lakey Peterson. Já, entre os homens, o único que poderá tirar a lycra amarela de Gabriel Medina é Ítalo Ferreira. Mas o potiguar já precisa chegar na final do Boost Mobile Margaret River Pro, para superar os 25.600 pontos do novo líder do ranking.
A performance de Medina nas boas ondas de 3-4 pés da terça-feira, em North Narrabeen, foi espetacular. Na decisão do título, já destruiu sua primeira onda, começando com uma rasgada desgarrando a rabeta e invertendo total a direção da prancha, emendando uma batida forte e um aéreo reverse na finalização, que valeram nota 9,27. Logo ele pega uma direita, manda um pancadão de backside e acelera até chegar na rampa para voar muito alto, fazer a rotação completa no ar com muita extensão e aterrissar com perfeição.
Quando completou a manobra, até pediu a nota 10 com os dedos das mãos e a torcida também, mas a nota saiu 9,50. Ainda assim, já era a segunda maior nota do ano e também o maior placar das três primeiras etapas, 18,77 pontos. Tudo isso nos 10 primeiros minutos da bateria. Depois deu um show para o público, que vibrava a cada onda do bicampeão mundial. Conner Coffin até surfou bem uma onda nos minutos finais que valeu 8,77, mas não ameaçou a 15ª vitória de Gabriel Medina em sua 27ª final no CT.
“É uma sensação incrível conseguir fazer uma performance como essa”, disse Gabriel Medina, logo que saiu do mar e foi cercado pela torcida que lotou a praia nesta terça-feira. “Foi uma final com boas ondas e bastante oportunidades para surfar e eu acertei todos os meus aéreos. É muito bom ganhar um evento e eu estava com saudade dessa emoção. Tenho chegado em várias finais (essa foi a quarta consecutiva), mas estava cometendo alguns erros que corrigi nessa. É ótimo sentir essa sensação de que você está melhorando.”
Medina também comentou sobre o aéreo que valeu a maior nota do Rip Curl Narrabeen Classic, 9,50: “Aquela rampa foi demais. Quando entrei na onda, fiz a primeira manobra e depois só acelerei e fui para o aéreo. Quando aterrissei, eu sabia que ia receber outra nota 9 e pouco e aí pensei: acabou. Eu quero agradecer a todos desse lugar incrível, as praias são fantásticas, a comida é ótima, as pessoas muito simpáticas e ter esse apoio da torcida é demais. Tenho me divertido muito e a Austrália nunca foi tão boa para mim assim”, finaliza.
Caminho até a final – Medina já tinha brilhado na primeira bateria que disputou na terça-feira, contra a sensação australiana, Morgan Cibilic. O estreante na elite do CT começou forte surfando um tubaço nas esquerdas de Narrabeen, mandando, ainda, um cutback e um rasgadão na onda que valeu 8,67. Eles se enfrentaram na semifinal, em Newcastle, e Gabriel só conseguiu derrotá-lo com um aéreo que arrancou a maior nota do ano, 9,70. Teria que fazer o mesmo e conseguiu no último minuto, voando alto e completando o giro para ganhar 9,30 dos juízes, a maior do campeonato até ali.
Na semifinal, também teve trabalho para superar o português Frederico Morais, que largou na frente com notas 5,40 e 4,27 com seu ataque de backside nas esquerdas. Não entraram muitas ondas boas nessa bateria e Medina não conseguia completar os aéreos. Mas, de tanto insistir acertou dois em duas ondas seguidas para assumir a ponta com notas 6,00 e 5,70, que depois trocou por um 6,50. Mas, ele teve que marcar o português de perto, para seguir para sua quarta final consecutiva por 12,50 a 10,70 pontos.
O outro único titular da seleção brasileira masculina a chegar no último dia foi o catarinense Yago Dora, que detinha um recorde de 16,33 pontos no Rip Curl Narrabeen Classic. Ele disputou a última vaga para as semifinais com o americano Griffin Colapinto, que abriu a bateria com nota 8,50 de um aéreo 360 de backside muito alto na sua primeira onda. Yago respondeu com dois ataques poderosos no crítico de uma esquerda para entrar no jogo com nota 7,00. Depois pararam de entrar ondas boas e eles tiveram que somar notas baixas, com Griffin derrotando o catarinense por 12,50 a 12,00 pontos.
Tatiana vice-campeã – Assim como na categoria masculina, a feminina terminou com uma final Brasil x Estados Unidos, essa valendo a vice-liderança isolada no ranking. A gaúcha Tatiana Weston-Webb começa melhor com nota 6,67 de dois ataques explosivos de frontside numa esquerda. Ela repete a dose combinando duas manobras para somar 4,67. Aí veio a primeira calmaria da bateria, sem entrar ondas. Depois, a vice-campeã mundial Caroline Marks, pega uma onda boa que abre a parede para fazer quatro manobras expressivas, jogando a rabeta e invertendo a direção da prancha, para entrar na briga com nota 7,27. Logo, a californiana pega outra onda e assume a ponta com 4,93.
A brasileira precisava de 5,54 para conquistar sua segunda vitória da carreira no CT, mas não consegue mais achar ondas com potencial para isso, na segunda metade da bateria de 30 minutos. A americana ainda pega uma para fazer um cutback estiloso trocando a borda, uma rasgada forte levantando água e mais um cutback antes da finalização, trocando o 4,93 por 5,30. Com essa nota, Caroline Marks festeja sua terceira vitória no CT por 12,57 a 11,34 pontos. As outras duas foram em 2019, na Gold Coast e em Portugal.
“Sempre que você está na final, você quer ganhar né. Esse era o sonho e não deu certo, mas o segundo lugar foi bom também. Eu quero agradecer a todos pelo apoio. Essa semana foi incrível, deu para mostrar um pouco do meu surfe e vamos com tudo para Margaret River”, disse Tatiana Weston-Webb, que vai disputar medalha para o Brasil nas Olimpíadas de Tokyo, junto com Silvana Lima, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira. “O Gabriel, o Ítalo e a Silvana, sempre estão me inspirando. A gente tem um time incrível para as Olimpíadas e não vejo a hora de estar lá no Japão representando a bandeira brasileira.”
O sonho da segunda vitória de Tatiana Weston-Webb não se concretizou, mas ela derrotou duas estrelas do surfe mundial para chegar em sua oitava final em etapas do CT. Ela vingou a derrota sofrida também nas semifinais para a tetracampeã mundial Carissa Moore, em Pipeline, no Havaí. Tatiana surfou um belo tubo nas esquerdas de Narrabeen, ficando entocada lá dentro e saindo embaixo da guilhotina para receber nota 6,23. Há 5 minutos do fim, pega uma direita para desferir três ataques verticais de backside que valem 7,67. Com essa nota, sacramenta a vitória sobre a havaiana por 13,90 a 10,80 pontos.
100 vitórias – Antes, Tatiana tinha atingido um feito histórico de 100 vitórias em baterias do CT, na sua primeira apresentação na terça-feira, em Narrabeen. Ela não poderia escolher uma oponente melhor para isso, a surfista que mais enfrentou na divisão de elite da World Surf League, Sally Fitzgibbons. A brasileira dominou todo o confronto e aumentou para oito a invencibilidade sobre a australiana, iniciada nas semifinais da etapa de Fiji, em 2017. Foi a 12ª vez que Tatiana superou Sally, que ainda está na frente com 13 vitórias em 25 baterias completadas nas quartas de final do Rip Curl Narrabeen Classic.
Tatiana Weston-Webb volta a ocupar a terceira posição no ranking, como iniciou a temporada 2021 do WSL Championship Tour, no Havaí. Ela tinha caído para o quinto lugar na primeira etapa da “perna australiana”, em Newcastle, e agora tem até chances matemáticas de brigar pela liderança no Boost Mobile Margaret River Pro. Mas, já precisa vencer essa etapa e Carissa Moore não passar por nenhuma bateria, o que é bastante improvável. Tatiana volta a figurar na lista provisória das top 5 do ranking que vão decidir o título mundial no Rip Curl WSL Finals, em setembro, na Califórnia.
Perna australiana – As quatro etapas da nova “perna australiana” são apresentadas pela Corona. O Rip Curl Newcastle Cup terminou com Ítalo Ferreira ganhando a decisão brasileira com Gabriel Medina. No Rip Curl Narrabeen Classic, encerrado nesta terça-feira em Sidney, Gabriel Medina deu um show na final com Conner Coffin e Tatiana Weston-Webb foi vice-campeã contra Caroline Marks. As outras serão na região de West Australia, o Boost Mobile Margaret River Pro de 2 a 12 de maio, em Margaret River, e o Rip Curl Rottnest Search, de 16 a 26 de maio, em Rottnest Island.
RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO RIP CURL NARRABEEN CLASSIC (20/4)
Campeão: Gabriel Medina (BRA) por 18,77 pontos (9,50+9,27) – 10.000 pts
Vice-campeão: Conner Coffin (EUA) com 14,10 pts (8,77+5,33) – 7.800 pontos