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Estudo mostra recuo no desempenho de alunos da rede estadual paulista

Um estudo mostrou que os estudantes dos anos iniciais da rede estadual de ensino de São Paulo tiveram regressão na aprendizagem durante a pandemia. A informação foi divulgada nesta terça-feira (27) pelo governo paulista.

A avaliação foi aplicada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) em estudantes do 5º e do 9º anos do ensino fundamental e da 3º série do ensino médio, no início deste ano letivo.

Sobre os resultados alcançados em 2019, o estudo diz que as maiores diferenças na escala de proficiência foram verificadas em matemática entre alunos do 5º ano do ensino fundamental, que apresentaram 46 pontos a menos do que o resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2019, com queda de 19% na aprendizagem. Em língua portuguesa, foram 29 pontos a menos, com queda de 13%.

Para o 9º ano do ensino fundamental e o 3º do médio, porém, a defasagem foi menor, embora com perdas no aprendizado. Segundo a Secretaria de Educação do Estado, isso sugere que o impacto da mudança para o ensino remoto foi maior entre os estudantes mais novos.

“Trata-se de uma das primeiras e mais importantes pesquisas sobre o tema na atualidade. Diante desses dados, temos convicção da importância do retorno às aulas para contribuir no processo de retomada de aprendizagem dos nossos alunos e para reduzir, aos poucos, todos os impactos causados, e já previstos, pelo distanciamento social”, disse o secretário da Educação, Rossieli Soares.

Avaliação

Em cada ano escolar, foram avaliados aproximadamente 7 mil estudantes, considerando uma amostra representativa e de diferentes perfis sociais e regionais do estado, nos componentes curriculares de língua portuguesa e matemática. Aplicados em formato impresso e de forma presencial, os testes incluíam itens baseados nas escalas de proficiência do Saeb.

A pesquisa comparou a proficiência desse grupo de estudantes, que iniciam agora o 5º e o 9º anos do ensino fundamental e o 3º do médio, com o nível atingido pelos que concluíram essas etapas em 2019. Assim, a rede estadual de São Paulo identifica quanto, em média, os estudantes precisam avançar neste período letivo para alcançar o mesmo resultado de anos anteriores, apesar das perdas de aprendizagem causadas durante a pandemia.

Estratégias de recuperação

O Programa de Recuperação e Aprofundamento (PRA), que dá apoio à recuperação da aprendizagem dos estudantes dos ensinos fundamental e médio para alcançar resultados equivalentes aos anteriores à pandemia de covid-19. O PRA abrange seis frentes: currículo, materiais, formação, avaliação, acompanhamento e tecnologia.

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Esse apoio é obtido também por meio do Projeto e Reforço e Recuperação (PRR), que consiste na atribuição de aulas para professores de língua portuguesa e matemática. Ou seja, é um professor a mais que a turma tem, além do professor regente, para apoiar nesse processo, de forma mais próxima e personalizada. Atualmente, são 2261 professores e mais de 32 mil aulas semanais. Em classes do 1º ao 5º anos, são 21 aulas semanais.

De acordo com a coordenadora do Centro de Mídias da Educação de São Paulo, Bruna Waitman, uma das principais ações do programa é entender 2020 e 2021 como um único ciclo de aprendizagem. “O estudante vai trabalhar no ano de 2021 habilidades que já viu no ano anterior, como uma forma de recuperá-las. Esse programa conta com materiais impressos e digitais e formação para que os professores possam trabalhar a temática da recuperação. Por meio do centro de mídias, também há uma série de ações e aulas focadas no trabalho de habilidades essenciais e na recuperação delas. Há também aplicação de avaliações diagnósticas e formativas e, por fim, um olhar focado nas habilidades essenciais”.

Existe ainda o programa Além da Escola, que amplia a carga horária de alunos do 6º ano do fundamental à 3ª série do ensino médio das escolas regulares (incluindo escolas de ensino integral – indígena, quilombo, área de assentamento e grupos do noturno regular do programa de ensino integral), por meio do oferecimento de conteúdos do centro de mídias e plataformas educacionais parceiras, além de orientação de estudos com um professor duas vezes por semana, via chat.

O tempo extra de estudo varia conforme o período: 1 hora e 45 minutos por dia para estudantes do período diurno e 1 hora e 15 minutos para os matriculados no noturno.

“O Além da Escola é uma ação de combate às desigualdades e de recuperação da aprendizagem e tem como foco os 500 mil alunos mais vulneráveis da rede, que estão recebendo chips de internet para que possam expandir o tempo de estudo”, explicou Bruna.

Ela acrescentou que, nesse tempo, os estudantes podem navegar em conteúdos do centro de mídias, de plataformas parceiras e criar projetos de seu interesse, acrescenta. “Esses estudantes estarão organizados em grupos de 8 a 12 alunos e serão acompanhados por um professor. Isso permite que o professor customize a experiência e foque no que os estudantes mais precisam. Ao longo do semestre, eles vão realizar projetos e, cumpridas todas as etapas, vão receber R$ 300 para para tirar os projetos do papel na sua unidade escolar.”

O investimento é de R$ 45 milhões na aquisição de 500 mil chips de 3GB (gigabytes) de internet por mês que estão sendo distribuídos para esses estudantes, disse a coordenadora do centro de mídias.

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