O curso de Cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) realizou, no sábado, dia 15 de maio, no contexto das comemorações do Dia da arma, transcorrido em 10 de maio, o tradicional Cross da Espora, data de nascimento do Marechal Manuel Luís Osorio, patrono da Cavalaria.
ando início à edição 2021, o Cross da Espora é um dos marcos da Semana da Cavalaria e celebra a tradição. Data da idade média, quando os cavaleiros apareceram entre os integrantes da nobreza medieval. E o título só era concedido a quem, de fato, merecesse, após comprovar seus atributos.
O mérito continua sendo dado aos jovens que, acima de tudo, demonstram aptidão e anseio pela arma. Nos bastidores da concentração para a prova, o cadete Bonifácio falou da postura confiante de todos os participantes. “Enfim, estamos aqui para a demonstração de nossa confiança no cavalo e em nosso treinamento. Enfim, iremos nos tornar cavalarianos”.
Tamanha segurança na fala e nos atos, também se deve aos quatro meses de preparo. Em cima do dorso do cavalo, se apresentaram em dupla, na pista de obstáculos artificiais, mas por conta do mau tempo, também tiveram de transpor as barreiras naturais. O que não faltaram foram as piadas, torcidas e muito barro na Pista Andrade Neves, que esteve mais desafiadora do que nunca. Mesmo tombando na montaria, os cadetes seguiram firmes no cumprimento do percurso. Venceu com menor tempo a equipe formada pelos cadetes do 2º ano Lajoia e Barcelos, que completaram o trajeto em 84 segundos. “Sem dúvidas, é uma vitória muito significativa que se torna ainda mais especial, com a recepção dos cadetes mais antigos da arma. É uma honra em dobro no dia de hoje, vencer a premiação e ganhar a minha tão desejada espora”, afirma o cadete Lajoia.
Antes do recebimento da espora em suas botas, todos também assistiram a uma apresentação do binômio homem e cavalo. Os cadetes pertencentes à equipe de salto, treinada pela Seção de Equitação, fizeram uma apresentação da chamada “Reprise de Salto”. Logo após, em cena, a Cavalaria mecanizada e blindada mostrou a que veio. “Ao assistir essa demonstração, percebemos o quanto estamos aptos a comandar, seja um pelotão de carro de combate ou um pelotão de Cavalaria mecanizada, graças ao adestramento, que começa aqui na AMAN e transforma o oficial em perito na área”, destaca o cadete do 4º ano de Cavalaria Daniel Barbosa.
Durante a demonstração, os presentes foram apresentados às características básicas da Cavalaria. A potência de fogo, a ação de choque, a proteção blindada e o sistema de comunicações amplo e flexível.
Em seguida, o curso de Cavalaria realizou a cerimônia de premiação e recebimento da espora, evento o qual contou com a participação do Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, General Eduardo Tavares Martins.
Novos cavalarianos dão continuidade ao compromisso de zelar por uma arma, que cobra incessantemente a dedicação de seus representantes, afirma o Comandante da AMAN General Paulo Roberto Rodrigues Pimentel. “Hoje é um dia de alegria e emoção, quando os mais jovens se integram à essa instituição maravilhosa. Já se percebe nessa turma o arrojo e o preparo. É uma honra e uma responsabilidade que vocês passam a dividir conosco e de maneira merecida. São bem-vindos para ombrear ao lado dos oficiais mais antigos essa missão. Um caloroso abraço em nome de todos que não puderam estar aqui presentes”, afirma o Comandante que, acompanhado do Gen Eduardo; do Subcomandante da AMAN, Coronel Maturana; do Comandante do Corpo de Cadetes, Coronel Gama; e do Comandante do curso de Cavalaria, Tenente Coronel Annes; fez a entrega das medalhas aos premiados.
A arte de domar e a excelência na harmonia dos movimentos tornam-se atos relevantes aos novos cavalarianos. A estrela guia na guerra caminha rumo aos horizontes pelos passos do amigo de quatro patas, benevolente, valente e incansável. Em toda a cerimônia do Cross da Esporra, o cavalo mais antigo a servir na AMAN recebe sua coroa de cenouras. Coube à égua Carícia, de 24 anos, sendo 21 deles atuando no Cross da Espora, receber a honraria.
Na sequência, os cadetes do 2º ano recebem suas esporas de seus padrinhos. Neste ano, por conta da pandemia da COVID-19, a presença de convidados foi restrita. Apadrinharam os novos cavalarianos, os cadetes do 3º e 4º anos do curso.
Tenente Coronel Annes, enfatizou em seu discurso, o significado do Cross da Espora. “O Cross da Espora é a manutenção de nossa tradição. Nesta cerimônia, batizamos os novos cavalarianos. Não tivemos familiares este ano, por conta da pandemia, mas temos aqui nossa segunda família. Buscamos a rápida transição do patrulheiro para o cavaleiro mecanizado. Ademais, diversas horas de equitação os prepararam para esse grande dia. Jovens cavalarianos, nunca se esqueçam, cada adorno em nossa farda, traz consigo a responsabilidade. Honrem suas esporas e nossas caras tradições”.
Em seguida, os cadetes entoaram a Canção da Cavalaria, sendo regida e tocada pelos músicos da Banda do Batalhão de Comando e Serviços da Academia.
Coube ao cadete Maschke, do 4º ano, de maneira vibrante e exemplar, recitar a Oração do Cavalariano, que trata da honra, bravura, prestígio e compromisso em ser da arma de Osorio.
Dos heróis do passado, aos novos heróis da Cavalaria, que agora vibram com suas novas esporas, a arma ligeira se mantém firme na arte de servir e honrar o Brasil.