O bicampeão mundial Gabriel Medina venceu o Rip Curl Rottnest Search apresentado pela Corona e dispara na liderança do ranking do World Surf League Championship Tour 2021. Essa foi sua segunda vitória em quatro finais na temporada e a quinta do Brasil nas quatro etapas da “perna australiana”, incluindo uma da Tatiana Weston-Webb, em Margaret River. A decisão na terça-feira foi contra o jovem australiano Morgan Cibilic, mas a Austrália já tinha conseguido sua única vitória em casa, com Sally Fitzgibbons sobre a francesa Johanne Defay. O próximo desafio é no Jeep Surf Ranch Pro, de 18 a 20 de junho, na piscina de ondas da World Surf League, onde Medina está invicto com o bicampeonato em 2018 e 2019.
O primeiro confronto de Gabriel Medina nas ondas de 6-8 pés da terça-feira, em Strickland Bay, foi no duelo de campeões mundiais com Ítalo Ferreira. Apesar da boa formação, as séries estavam muito espaçadas e poucas ondas entravam nas baterias. Os dois surfaram logo no início. O potiguar foi para a direita e arriscou um aéreo, sem completar. Medina entrou numa esquerda muito boa, grande, começa com uma paulada reta de frontside no crítico da onda e acerta mais duas pancadas, largando na frente com nota 8,50. Ítalo pega uma esquerda também que rende três manobras e recebe 6,17.
As ondas seguintes são fracas. A do Gabriel roda um tubão, as placas vão caindo, mas não consegue sair. Aí vem uma longa calmaria, até Medina pegar uma esquerda há 6 minutos do fim. Ele começa com um aéreo rodando, cai na base e manda um layback na junção. Ítalo enfim pega uma e decola num voo muito alto, mas a prancha sai dos seus pés. A onda do Gabriel valeu 5,20 e abre 7,54 pontos de vantagem. Só que o tempo passa rápido e Italo acaba somando uma nota 1,00 na vitória de Medina por 13,70 a 7,17 pontos.
“Sem dúvidas, foi uma perna australiana bem longa, mas consegui uma vitória e bons resultados, então no geral foi bom”, disse Ítalo Ferreira. “Tenho surfado bem, me divertido bastante, curtido a vida e está sendo um sonho. Estou muito empolgado e agora tem o Surf Ranch, que para mim sempre foi difícil surfar lá. Acho que preciso trocar uma ideia com o Kelly (Slater, idealizador da piscina), quem sabe ele libera umas ondas para eu treinar mais lá (risos)”.
DECISÃO DO TÍTULO – A bateria final de 40 minutos também começa com ondas ruins, que fecham rápido. Medina pega a primeira boa e arrisca um alley-oop muito alto, gigantesco, porém não completa o aéreo. Logo ele pega outra esquerda e sai mandando batidas e rasgadas com velocidade, que valem nota 7,00. Morgan responde com seu backside vertical num batidão forte de cabeça pra baixo, emenda mais um e outro na junção, recebendo 7,27.
Esse foi o resumo da primeira metade da bateria. A outra série entrou quando restavam 19 minutos e Medina inicia com um rasgadão muito forte de saída, segue com um batidão reto no crítico da onda e finaliza na junção para ganhar nota 8,50 dos juízes. Com ela, Cibilic teria que tirar uma nota excelente também para vencer, 8,24 no mínimo. O australiano fica então esperando pacientemente por uma onda com potencial para isso.
Só que ela não vem até o fim da bateria e Gabriel Medina festeja seu segundo título na perna australiana, por 15,50 a 7,87 pontos. Esta foi a 28.a final da sua carreira no CT e a 16ª vitória, igualando o número de etapas vencidas pelo campeão mundial Martin Potter. Os maiores vencedores são Kelly Slater com 55 vitórias, Tom Curren com 33 e Tom Carroll com 26. Os dois últimos nos tempos que o Circuito Mundial tinha cerca de 30 a 35 etapas por ano.
“Estou muito feliz e nem acredito. Esse é o melhor início de ano da minha carreira”, disse Gabriel Medina, logo que saiu do mar. “Eu tive umas baterias difíceis contra o Conner (Coffin) e o Ítalo, mas sinto que estou surfando bem, do jeito que eu gosto. É uma bênção estar surfando essas ondas e viajando o mundo com a minha esposa (Yasmim Brunet). Estou com pessoas positivas ao meu lado e isso me deixa muito feliz. Quero agradecer ao Andy (King, seu treinador) pelo grande suporte e estou feliz por ganhar esse evento de novo, porque o outro troféu que ganhei em San Francisco, já está até com teias de aranha (risos)”.
PERNA AUSTRALIANA – Tempos atrás, os australianos vinham para o Brasil e ganhavam quase todas as etapas que participavam por aqui. Agora o cenário mudou e os brasileiros venceram todas as etapas na casa deles. Essa nova “perna australiana” apresentada pela Corona, já começou com uma final verde-amarela entre os dois últimos campeões mundiais no Rip Curl Newcastle Cup, com o defensor do título, Ítalo Ferreira, derrotando Gabriel Medina na disputa que valia a liderança no ranking 2021, da World Surf League.
Medina já havia perdido para John John Florence a decisão do Billabong Pipe Masters, que abriu a temporada em dezembro no Havaí, mas também chegou na final do Rip Curl Narrabeen Classic e tirou a lycra amarela de número 1 do ranking do potiguar com a vitória em Sidney. Já no Boost Mobile Margaret River Pro, deu dobradinha brasileira no alto do pódio, com Filipe Toledo e Tatiana Weston-Webb campeões nas grandes ondas de Main Break.
RIP CURL WSL FINALS – Com este resultado, o Brasil passou a ocupar pela primeira vez na história de todas as modalidades esportivas individuais, os três primeiros lugares no ranking mundial, com Gabriel Medina seguido por Ítalo Ferreira e Filipe Toledo, com Tatiana Weston-Webb na vice-liderança do feminino. Filipe e Tatiana não foram bem em Rottnest Island e caíram uma posição, mas estão firmes no grupo dos top-5 que vão disputar os títulos mundiais de 2019 no Rip Curl WSL Finals, de 8 a 17 de setembro nas ondas de alta performance de Lower Trestles, na Califórnia, Estados Unidos.
No Rip Curl Rottnest Search, teve uma mudança de nome em cada categoria. Na masculina, Medina disparou na frente, abrindo 8.685 pontos de vantagem sobre Ítalo. O sul-africano Jordy Smith subiu do quinto para o terceiro lugar, Filipe caiu para quarto e o australiano Morgan Cibilic, saltou da 11ª para a quinta posição, tirando da lista o havaiano John John Florence, que se contundiu em Margaret River e nem competiu nesta etapa.
Na categoria feminina, a novidade foi Sally Fitzgibbons, que conquistou a primeira e única vitória da Austrália nas quatro etapas da perna australiana. Ela acabou tirando a vice-liderança de Tatiana Weston-Webb no ranking que continua com a havaiana Carissa Moore disparada na frente. A brasileira caiu para o terceiro lugar, seguida por mais duas australianas, as campeãs mundiais Tyler Wright em quarto e Stephanie Gilmore em quinto, agora empatada com a francesa Johanne Defay, vice-campeã nas ondas de Strickland Bay.
VITÓRIA AUSTRALIANA – As meninas abriram o último dia do Rip Curl Rottnest Search e as favoritas ficaram nas semifinais. No confronto australiano que definiu a primeira finalista, Sally Fitzgibbons destruiu as esquerdas de Strickland Bay e tirou até uma nota 9,10 na melhor onda. Já a bicampeã mundial Tyler Wright caiu em quase todas e perdeu por 15,43 a 7,64 pontos. A outra semifinal foi mais disputada, mas as duas manobras fortes de backside que valeram nota 8,33 para Johanne Defay, decidiram a vitória por 13,50 a 12,83 sobre a tetracampeã mundial Carissa Moore.
Na decisão do título, Sally Fitzgibbons dominou o confronto desde a nota 6,67 da sua primeira onda. A australiana foi impecável na escolha das melhores e não deu chances para a francesa. Ela atacou as esquerdas com muita força e coragem nas manobras executadas nas partes mais críticas das ondas, somando notas 8,17 e 7,07 na vitória por 15,24 a 11,23 pontos de Johanne Defay. A última vitória de Sally Fitzgibbons tinha sido no Oi Rio Pro de 2019 em Saquarema, derrotando na final a atual campeã mundial, Carissa Moor.
“Essa vitória é muito especial, porque é possível que a gente nunca volte a competir nessa praia, então muito obrigado a todos por essa oportunidade”, disse Sally Fitzgibbons, que comentou sobre a perna australiana. “Com a pandemia do Covid-19, a gente nem sabia se teríamos eventos para competir ou não, então foi ótimo termos quatro etapas aqui. É difícil ter esquerdas boas no Tour, então aproveitamos ao máximo essas ondas daqui e foi uma final bem legal com a Johanne (Defay). Sem dúvidas, foi uma vitória importante para a Austrália e agora estou pronta para enfrentar o resto do mundo”.
PRÓXIMAS ETAPAS – Depois de quatro etapas seguidas na Austrália, o próximo desafio dos melhores surfistas do mundo será nas ondas perfeitas da piscina da World Surf League. O Jeep Surf Ranch Pro será disputado nos dias 18 a 20 de junho. Depois, tem mais três eventos para definir os top-5 e as top-5 que vão decidir os títulos mundiais no Rip Curl WSL Finals, a estreia do Corona Open Mexico apresentado pela Quiksilver nos dias 5 a 15 de julho em Barra de La Cruz, o Oi Rio Pro apresentado pela Corona de 11 a 16 de agosto em Saquarema e o Outerknown Tahiti Pro de 23 de agosto a 1º de setembro nos temidos tubos de Teahupoo.