O pindamonhangabense João Carlos de Oliveira, que passou para a história como João do Pulo, é o homenageado desta sexta-feira (28), dia que marca o nascimento do ex-recordista mundial e dono de duas medalhas olímpicas no salto triplo. Ele faria 67 anos, mas faleceu no dia 29 de maio de 1999, um dia após completar 45 anos em São Paulo.
João do Pulo foi dono de inúmeras conquistas no atletismo. As maiores foram as duas medalhas de bronze olímpicas alcançadas nos Jogos de Montreal-1976, no Canadá, e de Moscou-1980, na então União Soviética. Em Montreal ainda teve a alegria de ser o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura.
Entrou na pista como o recordista mundial do triplo, com 17,89 m, marca quebrada nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México-1975. O bronze no Canadá foi obtido com 16,90 m, um dia depois de ter sido quarto colocado no salto em distância, com 8,00 m.
Já a medalha de Moscou é a mais lembrada por causa da polêmica que a acompanha. Afinal, durante a prova foram anulados três dos seis saltos do brasileiro, um dos quais de mais de 18,00 m, que lhe daria o recorde mundial e a medalha de ouro. Até hoje especialistas discutem se os árbitros da competição agiram em favor dos atletas locais.
O título acabou com o soviético Jaak Udmae, da Letônia, com 17,35 m. Outro soviético, considerado um dos melhores triplistas do século 20, Viktor Saneyev, da Geórgia, ficou com a prata, com 17,24 m – dois centímetros a mais do que o registrado oficialmente pelo paulista de Pindamonhangaba.
O recorde mundial de 17,89 m foi estabelecido nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, no dia 15 de outubro de 1975. A marca resiste como recorde da competição até hoje.
João do Pulo manteve-se como recordista mundial até junho de 1985, quando o norte-americano Willie Banks saltou 17,97 m, em Indianápolis (desde 1995, a melhor marca do mundo até este mês de maio de 2021 é do britânico Jonathan Edwards, com 18,29 m). O recorde sul-americano de João do Pulo durou até 2007, ano em que Jadel Gregório obteve 17,90 m, no GP Brasil Caixa, em Belém.
Além do triplo, João Carlos foi muito bom também no salto em distância e nos 100 m. Na distância, além de finalista olímpico nos Jogos de Montreal-1976 foi recordista sul-americano com 8,36 m, em Rieti, na Itália, em 1979.
Em 1981, conquistou o tricampeonato do salto triplo na Copa do Mundo de Atletismo, em Roma, na Itália. Antes havia sido campeão em Dusseldorf-1977, na Alemanha, e em Montreal-1979, no Canadá.
Foi eleito nos anos 1980 um dos 10 melhores triplistas do século 20 – 4º lugar da lista, com Adhemar Ferreira da Silva em 3º e Nelson Prudêncio em 8º. Seu desempenho no México, em 1975, foi eleito um dos 100 mais bonitos do mundo na festa do Jubileu de Diamante da World Athletics (ex-IAAF), em 1987.
Em dezembro de 1981, foi vítima de uma tragédia ao sofrer um acidente de carro na Via Anhanguera, em São Paulo. Como consequência, teve a perna direita amputada e a fatalidade o fez enfrentar o fim de uma brilhante carreira aos 27 anos.
Depois do acidente de carro, João do Pulo ficou quase um ano hospitalizado, passando por 22 cirurgias. Com a prótese, o grande campeão estudou Educação Física e abraçou a política. Foi eleito deputado estadual por São Paulo em 1986 e 1990.
João Carlos de Oliveira gostava de futebol, jogou vôlei e basquete e iniciou no atletismo aos 17 anos, em 1971, a conselho do professor de Educação Física José Roberto Vasconcelos, em Cruzeiro (SP). Nelson Pereira e Pedro Henrique Camargo de Toledo, o Pedrão, foram seus técnicos. Competiu pelo São Paulo, Pinheiros e AA Guaru. Era sargento reformado do Exército.
Morreu em 29 de maio de 1999, em São Paulo, um dia depois de completar 45 anos. João do Pulo faz parte do Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB), iniciativa que pretende eternizar os grandes nomes do esporte nacional.