Com uma abordagem inédita, cientistas conseguiram reduzir em 45% os danos causados pela mancha-bacteriana do tomateiro, importante doença da cultura. A equipe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) utilizou partes de bactérias do gênero Xanthomonas, como a parede celular e flagelos, para induzir resistência nas plantas. Os resultados podem dar origem a um bioinsumo capaz de reduzir a necessidade de produtos químicos aplicados hoje contra a doença.
Além da baixa toxicidade, o novo produto pode ser aplicado em pequenas quantidades proporcionando vantagens ambientais e econômicas. A Embrapa está em negociação com um parceiro privado para finalizar as pesquisas e levar o produto ao mercado.
As bactérias usadas para induzir a resistência não são as causadoras da doença do tomateiro. Mesmo assim, elas estimularam o sistema imunológico das plantas. “Essas partes do micro-organismo utilizadas, especialmente a parede celular, desencadearam um reconhecimento rápido pela planta, estimulando seu sistema de defesa. Chamamos essas estruturas de elicitores, gatilhos que desencadeiam o processo”, detalhou Bernardo Halfeld, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador do estudo. O mecanismo é análogo ao modo de ação das vacinas, que também provocam o sistema imunológico por meio de micro-organismos, ou de partes, sem causar danos à saúde.
A aplicação do bioinsumo foi feita por dois métodos: aspersão sobre as folhas (pulverização) e por gotejamento no solo. Ambos obtiveram sucesso. Um futuro produto comercial poderia ter métodos semelhantes de aplicação.