Uma comitiva com quatro representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou hoje (19) uma visita de avaliação e assessoramento (AAV) para inspecionar a Divisão Anfíbia da Marinha, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. A intenção é avaliar as capacidades de um grupamento operativo de fuzileiros navais ascender ao nível 2, como força de reação rápida (QRF), no Sistema de Prontidão de Operações de Paz das Nações Unidas (UNPRS).
Segundo o Ministério da Defesa, o objetivo da visita é “verificar as capacidades do país de gerar, desdobrar e manter uma contribuição potencial de tropas, com vistas a permitir uma oportuna participação, de forma adequada, nas operações de paz”.
O ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, que estava presente, lembrou que, desde 1956, o Brasil participa de missões de paz, já tendo enviado para outros países 57,7 mil militares. Dentre eles, 42 “sacrificaram a vida em prol da paz mundial”, disse o ministro. Braga Netto elogiou a tropa, que já conhecia de operações de paz e de quando comandou a intervenção federal na segurança pública do Rio, durante o governo Temer. “Tropa profissional, dedicada, pronta a responder a qualquer chamado”, afirmou o ministro.
Após a certificação, a Marinha do Brasil estará apta a enviar contingentes de tropas, conforme os interesses brasileiros e da ONU, reforçando o compromisso do país com as operações de paz. “Essa comitiva está aqui para mostrar a vontade política do governo, a importância que damos a essa certificação das Nações Unidas. A partir dessa certificação, estamos prontos para atender o chamado das Nações Unidas. O Brasil tem uma tradição em missões de paz – eu mesmo já fui um boina azul [usada por integrantes das missões de Paz] e sei as dificuldades que os senhores enfrentarão quando houver o chamado”, afirmou Braga Netto, dirigindo-se aos militares.
Durante a visita, o ministro deixou uma mensagem de confiança e respeito ao trabalho da Marinha nas operações de paz da Nações Unidas e ressaltou que é preciso respeitar a hierarquia. “O pilar das nossas Forças Armadas é hierarquia e disciplina. É a confiança nos chefes.”
Braga Netto recomendou ainda cuidado com notícias falsas. “Senhores, no momento que nós vivemos, em que todos, do mais antigo ao mais moderno, têm acesso rápido à informação, cuidado com notícias que não são reais. Confiem nos seus chefes, confiem nos seus superiores. Isto é importante para a união e unidade das forças como um todo. Quero desejar aos senhores muitas felicidades e boa sorte nessa verificação. Tenho certeza de que não teremos problemas, e os senhores contem com o Ministério da Defesa”, afirmou.
O comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, disse acreditar que os representantes da ONU ficaram satisfeitos com a vistoria. Para ele, os fuzileiros navais brasileiros demonstrarão, uma vez mais, capacitação para atuar em operações de paz. “Trata-se de homens e mulheres qualificados, preparados e determinados para cumprir a missão de manter a segurança e assegurar a paz em países marcados por conflitos, levando conforto e trazendo a milhões de pessoas o acesso a direitos que lhes são essenciais.”
Garnier Santos lembrou ainda que operações de paz exigem “tropas capazes de lidar com sofrimento de pessoas que lutam para sobreviver, o que requer competência e habilidade, mas também empatia e sensibilidade.
Atuação
Marinheiros e fuzileiros navais já atuaram no Sudão, Sudão do Sul, República Centro-Africana, Síria, Saara Ocidental, Iêmen, República Dominicana e Angola. Mais recentemente, fizeram parte da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) e da Missão Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil).
Realizada de 2004 a 2017, a Minustah teve o componente militar comandado pelo Brasil durante todo o período, com a participação de 26 contingentes de fuzileiros navais brasileiros, com 8.600 militares, como capitânia da FTM, realizando operações de interdição marítima e apoiando o treinamento da força naval do Líbano.
Mulheres
A Marinha do Brasil realizou cinco estágios de capacitação exclusivos para mulheres no âmbito da agenda Mulheres, Paz e Segurança das Nações Unidas.
As capitães de fragata Márcia Braga e Carla Marcolini, integrantes da Missão de Paz das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) ganharam, em dois anos seguidos, o prêmio da ONU de defensoras militares de igualdade de gênero.
Avaliações
Nesta terça-feira (20), a comitiva das Nações Unidas vai apresentar a avaliação da visita feita hoje à unidade da Marinha e também a da que realizou, no dia último 13, ao 33° Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Cascavel, no Paraná. Naquele dia, foram avaliadas as capacidades do Batalhão de Infantaria de Paz Mecanizado, que tem, como principal característica, o emprego do Guarani, novo veículo blindado do Exército.