O Conjunto da Tecelagem Parahyba e da Fazenda Santana do Rio Abaixo, em São José dos Campos (SP), é o mais novo monumento a integrar definitivamente o Patrimônio Cultural Brasileiro. A decisão foi tomada por unanimidade nesta quarta-feira (10), durante a 98ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O conjunto já havia sido tombado provisoriamente pela Autarquia e agora recebe a proteção em caráter permanente.
O Conselho indicou que o conjunto seja inscrito nos seguintes Livros do Tombo do Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo: Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; e, ainda que parte do acervo preservado seja inscrita no Livro das Belas Artes. Em virtude do tombamento, todas as intervenções na edificação terão de ser autorizadas pelo Instituto.
Trata-se da primeira indústria têxtil instalada no município de São José dos Campos (SP), em 1925. A Tecelagem Parahyba destacou-se a nível nacional na produção de mantas e cobertores. O complexo industrial abriga um conjunto de construções modernistas: inclui trabalhos do escritório do arquiteto Rino Levy, que projetou a residência da família Olívio Gomes, proprietária da empresa.
A Tecelagem conta ainda com jardins do paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx. Caracterizados pela total integração da arquitetura à paisagem, assegura qualidades estéticas e ambientais à uma atividade que no imaginário urbano sempre esteve associada a ambientes insalubres e esfumaçados. No conjunto estão representadas concepções arquitetônicas de diferentes fases da industrialização paulista do século XX. Remete à Semana de Arte Moderna de 1922 e aos movimentos culturais da época que valorizavam o sentido nacional popular da cultura.
Além da importância do bem para a história do modernismo, a Tecelagem Parahyba também é considerada um marco do processo de industrialização do Brasil”, ressalta a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. Inicialmente, a construção foi inspirada por modelos ingleses, com características como: fábricas de tijolo aparente; cobertura do tipo shed, que privilegia luz e ventilação naturais; bem como distribuição e organização interna dos galpões seguindo a lógica de produção.
Com o passar dos anos, investiu-se em edificações que valorizassem a melhoria da qualidade de vida dos funcionários. Nesse sentido, a arquitetura moderna estabelece modelos que consideram tanto a produção quanto as condições ambientais para o trabalhador.
Tombamento
De acordo com o Decreto-lei nº 25 de 1937, os bens tombados pelo Iphan não podem ser “destruídos, demolidos ou mutilados”. Para intervenções como reparações, pinturas ou restauros também deve ser solicitada prévia autorização ao Instituto. Sem autorização do Iphan, também não poderão fazer construções que prejudiquem a visibilidade do bem tombado, assim como cartazes ou anúncios. Ainda segundo o decreto, constituem o Patrimônio Cultural do Brasil os bens cuja conservação seja de interesse público, seja por estarem vinculados a fatos memoráveis da história do país ou por se valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.