Os brasileiros Wendell Jerônimo Souza e Maria Lucineida Moreira são os campeões pan-americanos e da área sul-americana de cross country de 2022. Wendell venceu os 10 km dos Campeonatos Pan-Americano e Sul-Americano de Cross Country, neste domingo (27/3), em Serra, no Espírito Santo, com 31.46.
Na prova disputada sob sol forte, calor de 30 graus e umidade do ar de cerca de 87%, no percurso de 2 km montado no Condomínio Alphaville Jacuhy, Wendell confirmou sua boa fase – vinha de vitória na Copa Brasil de Cross Country, no dia 13 de março.
O vice-campeão pan-americano foi o canadense Thomas Fafard, com 32.03, seguido do peruano Rene Champi, terceiro no Pan e segundo no Sul-Americano, com 32.07. O brasileiro Marciel Miranda de Almeida Silva, com 32.17, foi quarto no Pan, mas ficou com a medalha de bronze no Sul-Americano.
O Brasil levou o título de campeão por equipe masculino (21 pontos), com o Canadá em segundo (24), Peru (39) e México (67). Pelo regulamento do Pan-Americano de Cross vence a equipe com menor pontuação.
“Eu nunca tinha feito esse tipo de prova e tive a oportunidade de experimentar. Tudo começou na etapa regional, lá em Bonito, vim para a Copa Brasil e fui campeão e agora ganhei um campeonato internacional.
Superei todas as minhas dificuldades e hoje tenho um resultado para o Brasil, o Mato Grosso e minha cidade Pontes e Lacerda”, disse Wendell. “Prova importante, no nosso País.” Não achou o percurso difícil – já conhecia da Copa Brasil – e disse que o calor “era para todo mundo”.
Na Corrida de São Silvestre do ano passado foi atrapalhado pela ansiedade. “Hoje estava solto na prova. Eu não gosto de puxar no começo, gosto de deixar para o final – vi que podia fazer uma boa chegada.” Agradeceu o pai Valerian, a mãe, Risoneide, o irmão Washington, “toda a família, o treinador Adauto Domingos, o colega David Macedo e o time das Lojas Esportiva”.
A prova feminina, também disputada sob forte calor, teve domínio brasileiro. A paraibana de Monteiro e que vive em Pesqueira, Pernambuco, Maria Lucineida da Silva Moreira, venceu os 10 km feminino com 36.21.
A baiana Núbia de Oliveira Silva ficou em segundo, com 36.48, com a catarinense Simone Ponte Ferraz em terceiro, com 36.51. As brasileiras também foram as medalhistas do sul-americano, na mesma posição.
O Brasil ainda ficou na quarta posição com Nicole Palhares Mello (36.58) e foi campeão por equipe com 10 pontos, seguido do Canadá, com 30 – apenas as seleções com mais de quatro atletas na prova puderam pontuar por equipe e vence quem tem menos pontos. A melhor estrangeira foi Jessy Lacourse, do Canadá, quinta colocada, com 37.23.
“Foi uma corrida boa, eu consegui me concentrar – quando estava cansando acreditava e pedia força a Deus -, senti um pouco menos de dificuldade do que na Copa Brasil, corri mais solta, impus o meu ritmo e conclui a prova bem”, disse Maria Lucineida.
“Eu nem acredito ainda que sou campeã sul-americana e pan-americana adulta, que consegui chegar.” Dedicou a conquista ao treinador José Hildo dos Santos e a sua equipe APPD, a cidade de Pesqueira, a família, ao fisioterapeuta e a “todos que torcem” por ela.
Lucineida foi vice-campeã dos 5.000 m no Pan-Americano Junior de Cali, terceira nos 3.000 m na mesma competição, e vice-campeã da Copa Brasil de Cross. Tem apenas 20 anos. Os objetivos da atleta na temporada são ir bem no Brasileiro Sub-23, Sul-Americano Sub-23, no Mundial Universitário e ir ao Sul-Americano e Mundial de Meia Maratona.
Nos 8 km sub-20, o brasileiro Jânio Marcos Varjão, do Mato Grosso, foi o campeão pan-americano e sul-americano (26.19). Pela disputa pan-americana Mark Sanchez, do México, ficou em segundo (26.40) e Rudy Saal, do Canadá, em terceiro (26.41). Na disputa sul-americana Jhoseph Nunez, do Peru, foi segundo (28.15) e Diego Caldeira, da Venezuela, o terceiro (28.25). O Canadá foi campeão sub-20 (20 pontos).
“Pensei que seria uma prova mais lenta no início, mas saíram rápido e a corrida ficou fora da minha estratégia. Mas eu estava preparado para sol forte, calor, chuva, para o que viesse e deu certo. Estou feliz por representar o meu país e ser campeão em casa. Eu sonhava com ouvir o hino”, disse Jânio Varjão, que é de Barra do Garça, Mato Grosso.
Nos 6 Km sub-20 feminino do Pan-Americano, venceu a mexicana Sabrina Garcia (22.36). A brasileira Gabriela Tardivo foi segunda pan-americana, mas ficou com o título sul-americano, com o tempo de 23.05. Aylana Ferreira Cezar foi ao pódio do Pan como terceira colocada, mas como vice-campeã de área. Veronica Huacasi, do Peru, levou o bronze no Sul-Americano (23.28).
Na categoria sub-18 as disputas foram apenas pelo Sul-Americano e com brasileiros. A vitória, no masculino, nos 6 km, foi de Pedro Henrique da Luz de Freitas (22.07), com Railton de Oliveira Ramos em segundo (22.13) e o indígena Manuel Tsiwario em terceiro (22.17). Nos 4 km, as gêmeas Helena e Ana Mees Valério repetiram suas posições da Copa Brasil de Cross. Helena ganhou a medalha de ouro (16.46) e Ana, a de prata (16.49). Marcella Marinelli conquistou o bronze (17.12).
Ídolos – O medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze na maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, e Ronaldo da Costa, que foi recordista mundial ao vencer a Maratona de Berlin-1998, correram os 4 km juntamente com atletas amadores que participaram do evento. Ambos integram o programa Ídolos do Atletismo Loterias Caixa da CBAt e encantaram o público no evento.
“O importante foi a participação, tanto minha quanto do Ronaldo, para valorizar o evento. Fazia muitos anos que não corria um cross e reviver isso ao lado do Ronaldo correndo com pessoas comuns é incrível”, disse Vanderlei. Ronaldo, sempre brincalhão, disse que estava “um calor danado, que está com pouca resistência e dor na coxa”. “Mas aqui tem um cara exemplo. Ele me puxou até o final, me ajudou. Corremos por qualidade de vida e para incentivar as pessoas.”
Rosemar Coelho Neto, medalhista olímpica do revezamento 4×100 m em Pequim-2008 e integrante do Conselho de Administração da CBAt, além de integrante do Programa Ídolos, também prestigiou a prova e participou intensamente da competição. O presidente da Comissão de Atletas da CBAt, Cleiton Cesário Abrão também acompanhou a competição.
O presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley Teixeira, que estava no Espírito Santo prestigiou o evento e participou da premiação dos campeões masculino. Os presidentes da Associação Pan-Americana de Atletismo Marcos Oviedo, da Sul-Americana de Atletismo, Hélio Gesta de Melo, e da Confederação Brasileira de Atletismo, Wlamir Motta Campos, o vice-presidente Edson Luciano Ribeiro (também medalhista olímpico), e o anfitrião André Schiek, presidente da Federação Capixaba de Atletismo, entidades responsáveis pela organização dos torneios, estiveram presentes em Serra.
“Estou muito satisfeito com os resultados dos dois primeiros eventos internacionais de um total de oito que o Brasil recebe em 2022. Muito boa estrutura e organização, fruto de parcerias que foram construídas com a Prefeitura da Serra, o Governo do Estado do Espírito Santo e a Vale – essa é uma competição feita com recurso incentivado, o que mostra a governança tanto da Federação Capixaba quanto da CBAt”, disse Wlamir Motta Campos. “Do ponto de vista técnico resultados muito bons foram alcançados e os atletas brasileiros entenderam a importância da competição, se destacando muito”, completou. Acrescentou que o Espírito Santo poderá receber em 2023 uma competição de Trilha e Montanha, na cidade de Pedra Azul.