Abaixo, texto alusivo ao Dia da Arma de Engenharia, publicado pelo Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro.
DIA DA ENGENHARIA
No dia 10 de abril, data que marca o falecimento em combate do Tenente-Coronel João Carlos de Villagran Cabrita, herói da Guerra da Tríplice Aliança, o Exército Brasileiro celebra o Dia da Arma de Engenharia, elemento de apoio ao combate essencial da Força Terrestre e protagonista de inúmeras ações de desenvolvimento e integração do País.
O Tenente-Coronel Villagran Cabrita nasceu em 30 de dezembro de 1820, na cidade de Montevidéu, na Banda Oriental do rio Uruguai, à época Província Cisplatina, que integrava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Era filho do Major Francisco de Paula Avelar Cabrita e de D. Apolônia de Villagran Cabrita, de origem castelhana.
A história da nossa Engenharia Militar remete ao Brasil Colônia, quando os portugueses iniciaram a construção de fortes para assegurar a ocupação e proteger o território contra invasões de potências estrangeiras.
A separação política da Província Cisplatina do Império do Brasil influenciou a migração da família Villagran para a corte no Rio de Janeiro. Destinado a seguir carreira militar, foi declarado alferes-aluno aos 22 anos de idade e teve sua consagração na Guerra da Tríplice Aliança, quando protagonizou uma das maiores façanhas da história dos combates brasileiros.
Durante a madrugada do dia 6 de abril de 1866, o Tenente-Coronel Villagran Cabrita atravessou o rio Paraná e desembarcou na Ilha de Redenção, com cerca de 900 homens, para enfrentar as tropas paraguaias em seu próprio território, manobra ousada que, até então, nunca fora realizada naquela batalha.
O inimigo possuía uma complexa linha de defesa, com um robusto apoio de Artilharia, mas isso não foi suficiente para barrar o avanço das tropas brasileiras. Após intensos combates, no dia 10 de abril de 1866, cessou o fogo e logo vieram os sons da alvorada festiva, assinalando a vitória brasileira.
Entretanto, esse dia é lembrado não somente por glória, pois, enquanto redigia a ordem do dia que deveria comemorar tal feito, Villagran Cabrita foi alvejado por estilhaços de uma granada, que lhe tiraram a vida.
Justas homenagens foram prestadas à memória do bravo combatente, destacando-se a concessão da insígnia de Cavaleiro da Ordem de Cristo pelo governo imperial. Dentre outros tributos, o 1º Batalhão de Engenharia de Combate – Batalhão Escola de Engenharia, sediado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ), recebeu o glorioso nome de Villagran Cabrita e a honra de manter acesa a chama do heroico Batalhão de Engenheiros.
Desde que a Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho – a Casa do Trem foi criada, a Engenharia Militar desempenhou um importante papel no desenvolvimento nacional. Fortes, linhas ferroviárias, estradas, pontes, aeroportos, açudes e poços artesianos são exemplos de alguns dos seus trabalhos.
O soldado de Engenharia, bandeirante do século XX, foi desafiado a participar ativamente do engrandecimento do Brasil, desbravando a Amazônia e integrando essa região ao restante do País. Sob a sombra do chapéu bandeirante, tradicional símbolo de sua arma, nasceram cidades, foram cultivadas riquezas, domadas áreas inóspitas, encurtados caminhos para o progresso, foi semeada esperança e colhido o desenvolvimento do Brasil.
A Arma azul-turquesa ainda teve uma marcante participação durante a II Guerra Mundial, em 1944, sendo a Engenharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) a primeira tropa a enfrentar o inimigo. O 9º Batalhão de Engenharia de Combate (9º BE Cmb), sediado em Aquidauana (MS) e subordinado à 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, participou das conquistas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese, apoiando o movimento da tropa ao lançar pontes e limpar campos de minas, dentre várias outras missões desempenhadas pelos pracinhas do lendário 9º BE Cmb.
No prosseguimento de sua história, a Engenharia prestou apoio humanitário às missões de remoção de minas na América Central (MARMINCA) e na América do Sul (MARMINAS), bem como nas Missões das Nações Unidas de Verificação em Angola (UNAVEM II e III) e de Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Nessas últimas, apoiou os contingentes da missão e atuou na realização de ações cívico-sociais em prol da defesa civil e do desenvolvimento local.
A Engenharia é a arma de apoio ao combate que tem como missão principal prover a mobilidade, a contramobilidade e a proteção das tropas em campanha, além de prestar o apoio geral de engenharia às operações militares. Tais ações visam multiplicar o poder de combate das forças amigas, proporcionando a conquista e a manutenção dos objetivos estabelecidos.
Nesse sentido, na vertente do combate, seja blindada, mecanizada, paraquedista, aeromóvel ou selva, a Arma azul-turquesa desempenha um papel indispensável, possuindo a capacidade de executar diversas tarefas, como construção e melhoramento de estradas e pontes, reconhecimento especializado de engenharia, montagem de meios de transposição, lançamento e construção de obstáculos no terreno, construção de espaldões e de abrigos para a proteção da tropa e emprego de mergulhadores, dentre outras.
Em tempo de paz, o apoio geral de engenharia traduz-se pela construção de instalações e por obras permanentes em proveito do Exército e da sociedade. Assim sendo, a Arma vem assumindo um papel cada vez mais relevante no âmbito nacional, destacando-se em ações de integração e de desenvolvimento do País, atuando em obras rodoviárias, ferroviárias, hidroviárias e de infraestrutura aeroviária de grande vulto, contribuindo, assim, para a economia e o bem-estar social.
Igualmente, a Engenharia dispõe de meios necessários para ser empregada em pronta resposta no socorro a calamidades, podendo executar reparos emergenciais em estradas, retirada de escombros, socorro a vítimas de enchentes, restabelecimento rápido de tráfego com o lançamento de pontes, bem como outros trabalhos que envolvam o emprego de equipamentos e viaturas especiais de engenharia.
A evolução do combate moderno exige da Arma de Engenharia constante aprimoramento, tornando o autoaperfeiçoamento do seu pessoal, a modernização do seu material e a atualização de sua doutrina condições essenciais para apoiar a Força Terrestre em operações no amplo espectro dos conflitos atuais. Em face dessa demanda, o Centro de Instrução de Engenharia, em Araguari (MG), atua especializando oficiais e sargentos em todos os cursos e estágios afetos às atividades de construção, manutenção do material classe VI, mergulho, desminagem, explosivos e gestão do material de Engenharia, do patrimônio imobiliário e do meio ambiente, dentre outras atividades.
Engenheiros da arma azul-turquesa, cujo símbolo – o castelo lendário – perpetua o trabalho pioneiro dos seus integrantes e abriga, como um templo, as tradições e os feitos que transformaram desafios em novas vitórias, prossigam alicerçando e inspirando o presente e o futuro da Arma de Engenharia, espelhando-se sempre na disciplina, no espírito de corpo, na coragem e no patriotismo do seu insigne patrono. Orgulhem-se de fazer parte da Arma pioneira e permaneçam impulsionando nosso Exército e nosso País para um futuro de glórias, desenvolvimento e prosperidade.
“NÃO VIVEMOS EM VÃO”.
Brasília-DF, 10 de abril de 2022.