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Navio “Monitor Parnaíba” da Marinha do Brasil completa 85 anos em serviço

Monitor Parnaíba participou da 2ª Guerra Mundial e é subordinado ao Comando da Flotilha de Mato Grosso, em Ladário-MS

Parnaíba, em 1945, retornando à sede, Ladário (MS). (Foto: Marinha do Brasil)

Às quinze horas do dia 06 de novembro de 1937, um navio, com projeto tão somente brasileiro, estava pronto no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, marcando a retomada da construção naval no Brasil, no século XX. Naquela tarde, foi incorporado oficialmente à Armada brasileira, lançado ao mar e batizado como Monitor Parnaíba (MParnaíba). Atualmente, é detentor do título de navio mais antigo da Marinha do Brasil (MB) em serviço.

Aos 85 anos, o MParnaíba traz, em seus conveses, histórias e episódios que fazem deste navio patrimônio cultural da MB. O batimento da quilha aconteceu em 11 de junho de 1935, na Ilha das Cobras (RJ), marcando o início oficial da construção do casco. Finalmente, 17 meses após intensos trabalhos, o MParnaíba flutuou pela primeira vez e abriu o caminho para novas construções na indústria naval brasileira.

Do Rio Paraguai ao AtlânticoEm um olhar pausado para o passado, observa-se fatos históricos importantes do MParnaíba. Em março de 1938, o navio foi incorporado à Flotilha de Mato Grosso e, em abril de 1943, foi desincorporado e incluído à Força Naval subordinada ao Comando Naval do Leste, com sede em Salvador-BA, a fim de escoltar comboios e patrulhar o porto durante a Segunda Guerra Mundial.

Ao ser chamado ao dever, sofreu as duras condições das operações de guerra e cumpriu a missão, navegando 3.570 milhas durante o conflito. Em maio de 1945, retornou a sua sede, Ladário (MS), onde permanece subordinado.

Modernização do MParnaíba

Após decorridos mais de 60 anos de serviço, o MParnaíba passou por um processo de modernização e, como desfecho, teve a sua vida útil prolongada com maior autonomia, eficácia, mobilidade, flexibilidade e poder de fogo. As obras, que duraram um pouco mais de um ano e meio, foram iniciadas em janeiro de 1998. Em abril, foi feita a reconstrução de parte da superestrutura e dos compartimentos internos do navio, e o chapeamento do convoo também começou a ser montado.

Em julho, já se tinha a instalação de dois motores diesel, uma atualização importante. As antigas máquinas a vapor foram preservadas, sendo uma transferida para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e a outra encontra-se em Ladário(MS). Essa última está exposta na Sala de Memória “Tenente Maximiano”, que mantém peças históricas da MB, e opera por meio de um motor elétrico, para demonstrar aos visitantes como funcionava, originalmente, na Praças de Máquinas.

A sala instalada no Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN) é uma homenagem ao pernambucano que ingressou na MB, como voluntário, aos 20 anos, em 1913. O Primeiro-Tenente (Reformado) Maximiano José dos Santos participou das duas Guerras Mundiais e de outros conflitos, viveu grande parte de sua vida na região do Pantanal e faleceu em 2006, aos 113 anos, deixando como legado sua notável carreira. Na Segunda Guerra, o então Suboficial Maximiano destacou-se pelo ato de bravura e heroísmo ao combater um incêndio de grandes proporções na Praça de Caldeiras do MParnaíba.

Após o período de reparos e atualizações, em 6 de novembro de 1999, no aniversário de 62 anos de sua incorporação, o navio iniciou um novo ciclo, agora modernizado e o único no Pantanal capaz de operar com aeronave orgânica. No mês seguinte, uma aeronave UH-12 do então 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral pousou, pela primeira vez, a bordo do MParnaíba. Em março deste ano, foi realizado o pouso de número 2500.

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MParnaíba no Brasil e exterior

O MParnaíba, também conhecido como “Jaú do Pantanal” em referência a um peixe pantaneiro de boca larga, é um dos navios que mais navega pelo Rio Paraguai, realizando operações que contribuam para a aplicação do Poder Naval na área de jurisdição do Com6ºDN (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).

Em março de 2022, o MParnaíba registrou 2.500 pousos em seu convoo, construído há 23 anos – Imagem: Marinha do Brasil
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.marinha.mil.br/agenciadenoticias/

Aos 85 anos, o caverna-mestra da Armada, subordinado ao Comando da Flotilha de Mato Grosso (ComFlotMT), Organização Militar pertencente ao Com6ºDN continua cumprindo sua missão, no Brasil e no exterior.

Anualmente, o Mparnaíba realiza patrulhas navais e operações ribeirinhas junto a outros navios do ComFlotMT, participando de operações conjuntas e combinadas, como a Operação ACRUX, que reúne as Marinhas do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, com propósito de adestrar os meios envolvidos em uma Operação Ribeirinha Combinada.

A história do MParnaíba pelo olhar de quem se orgulha

Comandar o MParnaíba, nas palavras do Capitão de Corveta Dison José de Oliveira Santos Filho, que assumiu o cargo em junho de 2022, é como respirar história. “É carregar sobre os ombros o legado de grandes homens, heróis da Pátria. Fazer parte das comemorações dos 85 anos e escrever meu nome junto a tantos outros que me antecederam e labutaram nestes conveses, no cenário pantaneiro ou no mar, em tempos de paz ou guerra. Para mim, é uma honra que dificilmente as palavras exprimem o sentimento”.

Dos 35 anos, três meses e nove dias de tempo de serviço ativo do Suboficial-SI Joacélio Alves de Freitas, militar de Fortaleza (CE), 18 foram a bordo do MParnaíba, sendo 14 ininterruptos. Em 2020, o Suboficial foi transferido para reserva remunerada, mas retornou ao Com6ºDN contratado por tempo certo na Base Fluvial de Ladário. “Cheguei a Ladário em dezembro de 1992 e embarquei direto no MParnaíba. Depois de servir por um tempo no prédio da Flotilha, retornei ao navio e assumi a atribuição de controlar pousos de aeronaves orgânicas, por isso, lembro-me exatamente do dia do primeiro pouso no novo convoo, em 6 de dezembro de 1999”, relembrou.

Quando perguntado sobre sua experiência a bordo, a resposta é rápida e simples. “Digo que foi fácil, porque tudo se torna fácil quando o ambiente é muito bom no trabalho e em casa. Falo, também, sobre o fato mais marcante pra mim, que foi quando, em comissão, em um domingo, trouxemos para Corumbá uma senhora em trabalho de parto. Ela já vinha descendo o rio, mais ou menos na região do Paraguai Mirim, cerca de 130 quilômetros do porto. Acontecimentos como esse, entre tantas outras lembranças, é o que eu guardo dos meus dias a bordo do Jaú do Pantanal”, contou.

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