Em noite festiva em que o trabalho, a cultura e as tradições da comunidade negra tiveram seus méritos reconhecidos, a Câmara de Pindamonhangaba promoveu na noite desta quarta-feira, dia 23 de novembro no Plenário “Dr. Francisco Romano de Oliveira”, a Sessão Solene em comemoração ao ‘Dia da Consciência Negra’. O evento solene foi instituído pelo Decreto Legislativo nº 08/1996, pela Lei Municipal nº 4.991/2009 e foi requerido por meio do Requerimento nº 3.096/2022, de autoria do vereador Marco Aurélio de Souza Mayor – Marco Mayor (PSDB). A sessão contou com a participação do Presidente da Câmara, vereador José Carlos Gomes – Cal, da vereadora Regina Célia Daniel Santos – Regininha e dos vereadores Marco Aurélio de Souza Mayor – Pastor Marco Mayor, Júlio César Carneiro de Souza – Julinho Car, Francisco Norberto Silva Rocha de Moraes – Norbertinho e Herivelto dos Santos Moraes – Herivelto Vela.
Além dos vereadores Cal e Marco Mayor (que presidiu a solenidade), a Mesa Diretora contou com a presença e participação do Secretário da Mulher, Família e Direitos Humanos de Pindamonhangaba, João Carlos Ribeiro Salgado, com a Presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pindamonhangaba. Dra. Rafaela Paula Ribeiro Mendes e com a oradora oficial da sessão, Dra. Évelyn Ana da Silva Xisto.
Após a abertura solene e a execução dos Hinos Nacional Brasileiro e de Pindamonhangaba, o Presidente da Mesa Diretora, vereador Pastor Marco Mayor saudou as autoridades, homenageados e convidados e concedeu a palavra à oradora oficial da sessão, Dra. Évelyn Xisto.
Oradora Oficial
Indicada pelo Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pindamonhangaba, a advogada, Dra. Évelyn Ana da Silva Xisto, é também Vice-Presidente da Comissão da Igualdade Racial da 52ª Subseção da OAB em Pindamonhangaba.
A oradora abriu seu pronunciamento afirmando que “a presente sessão remete ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro e nos remete à morte de um dos maiores líderes de movimentos contra a escravatura na época do Brasil colonial: Zumbi, conhecido como Zumbi dos Palmares”. Segundo ela, “o Brasil chegou a abrigar cerca de 20 mil escravizados que fugiam de seus então senhores”. A Dra. Évelyn destacou que “ainda hoje, em pleno século XXI, mais de 300 anos depois, homens brancos que desconhecem o sentido das palavras luta, resistência e sobrevivência, ainda tentam silenciar, descaracterizar, desumanizar, destruir as minorias: pobres, pretos e marginalizados”.
Ela alertou que “menosprezar o samba, as religiões de origem africana, a capoeira, nada mais é que menosprezar a cultura negra”. “No Dia da Consciência Negra relembramos que ainda existe racismo e desigualdade no nosso país. Os negros, entretanto, sequer conseguem esquecer, já que passam e sentem isso na pele dia após dia, não só no dia 20, não só em novembro. A desigualdade é muito, muito grande. Os negros representavam, em 2018, 56% da população brasileira. No entanto, menos de 20% ocupam altos cargos na sociedade, como juízes. Somente 4% dos políticos eleitos para a Câmara de Deputados e Senado Federal são negros. No que se refere à situação econômica, os negros representam 75% dos mais pobres”, enfatizou a oradora oficial.
Num relato emocionante das contradições da sociedade brasileira e suas desigualdades, a Dra. Évelyn concluiu: “É certo que abolição, em 13 de maio de 1888, acabou com a escravidão, mas apenas, e tão somente, no papel. Isso porque depois de promulgada a Lei, os negros deixaram de ser escravos dos brancos e passaram a ser escravos da própria sorte. Libertos e livres, cantavam, dançavam e comemoravam. Mas livres para ir aonde? Para estudar onde? Para morar onde? Hoje não é diferente. Temos várias Leis que têm por objetivo o ensino da cultura negra, por exemplo, em escolas, mas é entristecedor saber que muitas vezes isso não sai do papel. Nossas crianças e adolescentes, precisam conhecer suas histórias, saber que diversos pontos dessa maravilhosa cidade foram construídos com uso de pele rasgada, surrada, cortada e amarrada aos troncos. Espero, sinceramente, poder contar com o apoio de Vossas Senhorias, por uma cidade melhor, por uma Pindamonhangaba melhor”.
Homenageados
O ato solene foi a oportunidade em que o Poder Legislativo enalteceu os representantes da comunidade negra do nosso município, que detém o respeito e o reconhecimento da sociedade, Nesse sentido, a Câmara de Pindamonhangaba entregou Diplomas de ‘Honra ao Mérito’ às personalidades da comunidade negra da cidade. Receberam as honrarias os senhores Gilson Bernardo Aguirra, José Luiz Alves Gonçalves, Pastor José Marciolino da Silva, Messias Augusto Generoso, Norival Nogueira Júnior – “Ki-Suco” e Otacílio Maria da Rocha.
Encerramento
No ato de encerramento, o Presidente da Mesa, vereador Pastor Marco Mayor disse estar “feliz e alegre” por compartilhar esse momento de homenagens com todos os presentes. Para ele, o reconhecimento e a gratidão por tudo que essa comunidade negra representa e faz é uma questão de justiça. “Felicito a todos os presentes nesta noite em que lembramos e celebramos o Dia da Consciência Negra. A Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba, neste ato oficial celebra esta marcante data e reconhece os ilustres cidadãos representantes da comunidade negra do nosso município que lutam e batalham na busca da igualdade para uma sociedade moderna, fraterna, justa e igualitária”.