A riqueza litúrgica e espiritual da Igreja Católica Apostólica Romana, expressa-se entre tantos modos, na organização das celebrações e dos tempos litúrgicos. O ano litúrgico ocupa-se com a finalidade de celebrar os mistérios de Cristo na vida da Igreja, bem como as consequências do Mistério Pascal junto à Virgem Maria, São José, os Apóstolos, os Mártires e os Santos e Santas.
Neste caminho pedagógico e educacional da fé, celebramos dois grandes ciclos: do Natal e da Páscoa, sendo o primeiro formado pelos tempos: advento, natal e primeira parte do tempo comum, e o segundo, pela quaresma, páscoa e segunda parte do tempo comum.
Nossa reflexão encaixa-se neste ciclo pascal, com o início do itinerário quaresmal a partir da Quarta-Feira de Cinzas. Por isso, é importante sabermos a dupla finalidade deste período: de uma reflexão sobre a conversão, a penitência e sobre o sentido batismal, ou seja, do nosso discipulado.
A Quarta-Feira de Cinzas, marca o primeiro passo deste caminho que percorreremos no exercício da espiritualidade cristã. Não se trata de querer apenas escolher uma “penitência para fazer”, mas determinar ações decorrentes do desejo à santidade. Aqui vem a primeira dica: escolha sua penitência, não pelo costume ou pela tradição, mas por aquilo que decorre da sua oração e espiritualidade.
Trata-se de um dia em que praticamos o jejum e a abstinência de carne, como sinal interior do desejo de santificação, bem como, da atenção às tantas situações que nos cercam de pessoas que passam por diversas necessidades. Neste mesmo contexto, celebramos a abertura da Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema: Fraternidade e Fome e o lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
Sinal exterior desta busca interior está na benção e imposição das cinzas, que “são feitas de ramos de oliveira ou outras arvores, bentos no Domingo de Ramos do ano anterior”. “Por este sinal de penitência, que vem já da tradição bíblica e se tem mantido até aos nossos dias nos costumes da Igreja, é significada a condição do homem pecador, que confessando exteriormente a sua culpa diante do Senhor, exprime assim a vontade de conversão, confiado em que o Senhor seja benigno para com ele. Por este mesmo sinal, enceta o caminho de conversão, cuja meta será atingida na celebração do sacramento da Penitência, nos dias anteriores à Páscoa”. (Paschalis Sollemnitatis, n. 21).
Que este momento, ajude-nos a fazer um grande retiro quaresmal, como forma de desenvolver a fé, crescer na santidade e aprimorar as disposições para servir a Cristo e a Igreja.