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Pesquisadores confirmam descoberta de novo habitat marinho na Ilha das Couves

Esponjas (Desmapsamma anchorata) e algas diversas crescendo exemplificam a vasta diversidade associada a esses ambientes

Esponjas (Desmapsamma anchorata) e algas diversas crescendo exemplificam a vasta diversidade associada a esses ambientes. (Foto: Guilherme Pereira Filho/LabecMar Unifesp) )

Um banco de rodolitos com mais de 5.000 metros quadrados acaba de ser revelado e confirmado por pesquisadores do Instituto do Mar (IMar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Rodolitos são nódulos formados por algas calcarias que, quando em grande quantidade, formam um dos mais diversos habitats marinhos da plataforma continental brasileira.

Os primeiros indícios da ocorrência desse novo habitat na Ilha das Couves, localizada em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, foram obtidos durante as atividades impostas à Petrobras no contexto do licenciamento do Pré-Sal, Etapa 3.

Durante a análise dos relatórios apresentados, técnicos da Fundação Florestal de São Paulo se surpreenderam com os indicativos da presença de um local tão importante e, até então, nunca registrado, em águas tão rasas (cerca de seis metros de profundidade), em um dos locais mais visitados daquela região. “No momento que nossos técnicos se depararam com tal informação, salientamos o quão importante é o nosso trabalho e a aplicação das condicionantes ambientais, pois, quando bem aplicadas, elas constituem uma ferramenta de grande valor para a gestão da biodiversidade e, portanto, para a nossa sociedade”, explica o biólogo Diego Hernandes, diretor regional da Fundação Florestal.

Para corroborar os primeiros indícios da ocorrência desse banco de rodolitos, a Fundação Florestal entrou em contato com pesquisadores do IMar/Unifesp que, no início deste mês de março, realizaram uma visita técnica no local e atestaram a ocorrência desse novo e importante atributo ecológico do litoral paulista.

Os resultados desta visita acabam de ser publicados em uma nota técnica conjunta entre o IMar/Unifesp e a Fundação Florestal, disponível neste site. “Sermos reconhecidos como uma instituição competente e sempre disposta a contribuir com outras instituições em prol da ciência e conservação marinha é a nossa missão, e esse é mais um exemplo que a recente criação do nosso instituto foi uma política acertada”, comenta Igor Dias Medeiros, diretor do IMar/Unifesp, criado há quase uma década.

A Ilha das Couves, até pouco tempo atrás, chegou a receber cerca de 5.000 turistas em um único final de semana e essa experiência de turismo desenfreado levou o Ministério Público Federal a delinear responsabilidades e definir cenários alternativos para a gestão do local, que culminaram na Portaria Normativa FF/DE nº 350/2022, definindo regras para a atividade turística na região.

“A descoberta do banco de rodolitos, além de valorizar atributos ecológicos do nosso litoral norte paulista, também revela mais um atrativo turístico para o local. A riqueza e biodiversidade desse banco abre uma perspectiva para atividades de sensibilização ambiental, divulgação e educação científica, bem como ciência cidadã, possibilitando a reflexão sobre a importância ecológica dos bancos de rodolitos, envolvendo prioritariamente a comunidade local e operadores de turismo que atuam na região, promovendo a capacitação de monitores e pequenos empreendedores, convergindo com as ações de turismo de base comunitária atualmente em desenvolvimento”, explica o gestor da Área de Proteção Marinha do Litoral Norte, o biólogo Márcio Jose dos Santos.

A descoberta também levanta uma série de perguntas científicas que devem ser tema dos próximos trabalhos do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha (LABECMar) do IMar/Unifesp. “Até 2019, quando registramos um banco de rodolitos anexo ao recife de corais da Ilha da Queimada Grande, litoral sul paulista, não se tinha conhecimento desses habitats no litoral de São Paulo. Percebê-lo, recobrindo mais 5.000 mil metros quadrados, na Ilha das Couves, em uma profundidade de apenas seis metros, evidencia ainda mais a nossa carência de informações acuradas sobre a diversidade marinha. O Estado de São Paulo, no contexto das suas Unidades de Conservação Marinha, tem a oportunidade ímpar de sair na frente e dar exemplo a outros estados brasileiros nessa que é, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a Década dos Oceanos”, comenta Guilherme Pereira-Filho, professor, um dos coordenadores do LABECMar-IMar/Unifesp e também um dos pesquisadores que assina a nota técnica sobre a descoberta.

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