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Ato chama atenção sobre projetos que ameaçam o meio ambiente

Manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo

Manifestação em defesa do Meio Ambiente – Organizações e coletivos, povos originários e a população em geral fazem ato na Avenida Paulista em protesto contra as recentes ameaças socioambientais aprovadas no Congresso Nacional. (Foto Paulo Pinto/Agência Brasil)

Um imenso e inflável globo terrestre surgiu neste domingo (18) na Avenida Paulista, em São Paulo, para chamar a atenção da população sobre diversos projetos que foram aprovados ou estão em tramitação no Congresso Nacional e que podem ameaçar as populações originárias e o meio ambiente.

Entre eles, o que trata sobre o marco temporal, que estabelece que serão consideradas terras indígenas os lugares ocupados por povos tradicionais até o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

O ato foi promovido por instituições e organizações ambientais e levou centenas de pessoas para a Avenida Paulista.

Com cartazes lembrando as mortes do jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, além de faixas e máscaras do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e de animais, os manifestantes fizeram uma caminhada contra o marco temporal e pediram por soluções urgentes para a crise climática.

A manifestação ocorreu também em outras capitais como Belo Horizonte, Florianópolis, Brasília e Rio de Janeiro. “É importante que a gente dê uma resposta tanto para a Câmara [dos Deputados] quanto para o Senado do que a gente quer com relação ao meio ambiente.

Esse novo governo tem como base várias propostas em relação à proteção ambiental e proteção do clima, mas essas coisas não vão andar se a gente não apoiar essas decisões e mostrarmos que essa também é uma demanda da sociedade”, disse Aldrey Riechel, do Amigos da Terra e do Observatório do Código Florestal, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ela, a população mundial já vem observando os riscos de não se pensar em uma economia verde e sustentável.

“Já vemos situações extremas nas grandes cidades e a gente precisa começar a mitigar e não impactar mais [o meio ambiente]. E essa transição de uma economia devastadora para uma economia verde só vai acontecer se todo mundo começar a agir junto e pensar de uma forma coletiva”, defende.

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Quem concorda que é preciso uma ação coletiva da sociedade é Yakuy Tupinambá, do povo tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, na região de Ilhéus. Para ela, o ato deste domingo é importante para chamar a atenção para os problemas que acabam atingindo toda a população brasileira, não somente os povos originários.

“Tenho dito que falta no povo brasileiro politização. E a politização eleva o nível de consciência. Está faltando uma consciência coletiva de pertencimento sobre o lugar onde você nasce e onde você se cria. Quem tem pertencimento, cuida.

Mas quem não tem, só explora. Essa luta contra esse desmonte das leis ambientais não afeta só os povos indígenas ou os brasileiros. Afeta todo o planeta, afinal, a mãe-Terra é um grande útero. E essa consciência precisa ser despertada em cada indivíduo, do seu pertencimento nesse organismo vivo que é a mãe-Terra”, destacou.

Para Yakuy Tupinambá, o estabelecimento do marco temporal, aprovado na Câmara, é inconstitucional. “O marco temporal nem era para existir.

Quando se pensa no ordenamento jurídico do Estado brasileiro, ele é inconstitucional. Isso é mais uma narrativa que vem sendo colocada pela mentalidade colonialista para usurpar o que ainda resta desse território”, disse. “Nós permanecemos resistindo. Esse marco temporal deveria ser invertido, era nós [povos originários] que deveríamos dizer que vocês chegaram depois”, acrescenta.

Yakuy aproveitou o ato em São Paulo para também promover a proposta de construção de uma escola filosófica dos povos originários. A ideia seria, por exemplo, de que escolas pudessem levar os estudantes para vivências e trocas com a população indígena.

“Nossa proposta contempla os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas.

A proposta é de uma escola viva, orgânica, para semear. Nosso público-alvo é o infanto-juvenil. Seria um aprendizado vivo, através de troca de saberes, de reconexão com a mãe-Terra e de descolonização. Elas [crianças e jovens] fariam vivências e oficinas”, explicou.

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