As áreas de manguezais espalhadas por todo o litoral paulista constituem um ecossistema responsável por garantir o equilíbrio dos recursos naturais do planeta, garantindo a existência de inúmeras espécies que dele depende.
Por isso, para reforçar a importância da preservação destas regiões, é celebrado nesta quarta-feira (26) o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, que ocupam, em São Paulo, uma área de 231 km² monitorada pela Polícia Militar Ambiental.
A corporação faz as rondas de três formas: por terra, com viaturas, em rios e lagos, com lanchas e até mesmo a pé.
O patrulhamento nestas áreas é contínuo e cheio de desafios para os policiais. “O solo lamacento, lodoso, dificulta muito a locomoção nesse ecossistema.
Tem também a questão da maré, que por muitas vezes torna impossível a entrada nestes ambientes”, relata o cabo Dhone, da 5ª Companhia do 3º Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPAmb). Ele também explica que, quando estão a pé, os agentes ficam expostos a ostras e cracas, que podem ferir o PM em eventual queda ou contato brusco.
Uma das atividades ilegais combatida pela PM é a pesca predatória dos Caranguejos-Uçá, dos Caranguejos Guaiamum e do Siri-Azul.
Cerca de 5 mil crustáceos destas espécies foram resgatados em 2022. Já no primeiro semestre deste ano o número caiu para 400, o que, segundo a corporação, representa uma diminuição progressiva na captura destes animais, resultado das intensas ações de policiamento.
Para pegar os Caranguejos-Uçá, por exemplo, os infratores colocam armadilhas feitas com fios de saco de ráfia na entrada das “tocas” do caranguejo, que acaba ficando preso ao sair.
“Geralmente, eles colocam as armadilhas em um dia e vão fazer a coleta em outro. Essa prática é bem predatória, pois normalmente eles retiram uma parte. A outra, no entanto, é abandonada e diversos crustáceos que ficaram presos acabam morrendo”, explica.
Outra iniciativa bem-sucedida que teve a colaboração da PM Ambiental foi a reintrodução do Guará-Vermelho nos manguezais. A ave, típica deste ecossistema, esteve extinta em São Paulo na década de 50, especialmente nas regiões do Porto de Santos e do polo industrial de Cubatão. No entanto, após algumas destas espécies serem trazidas para estas áreas e a fiscalização ambiental ser reforçada, a ave passou a ser vista novamente nestes locais.
As equipes também agem para coibir o descarte ilegal de lixo e as invasões a locais próximos. “Nestas áreas, as pessoas podem ser hostis com relação à Polícia Militar, tornando a fiscalização mais difícil. Associado a isso, ainda temos a grande quantidade de lixo descartado nos rios da região, que tem como destino os manguezais“, relatou o cabo Cruz, também do 3ºBPAmb.
Todo o empenho das forças policiais em proteger este ecossistema segue as diretrizes do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Litoral Paulista – que visa a conservação e recuperação socioambiental da região – e reforça o compromisso da corporação em atuar fortemente para combater os crimes ambientais das mais diversas naturezas.