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Estudantes de Etec entram na Faculdade de Direito da USP

Alunas da Escola Técnica Estadual Cepam, da Capital, participam de um projeto da instituição de ensino que leva consultoria jurídica a quem não pode pagar pelo serviço

(Foto: Divulgação)

No fim de 2022, assim que concluíram o Ensino Médio Integrado ao Técnico em Serviços Jurídicos na Escola Técnica Estadual (Etec) Cepam, na Capital, as amigas Laura Lacerda e Luana Moreno Costa foram aprovadas em uma das mais prestigiosas faculdades de Direito do País. Escolheram cursar a Faculdade de Direito na Universidade de São Paulo (FDUSP).

Se elas já se destacavam nas notas e eram assíduas nas atividades extracurriculares da Etec, nada mudou no primeiro semestre da Sanfran, como também é conhecida essa tradicional instituição de ensino, localizada no Largo São Francisco, no centro da Capital.

Além da grade curricular, ambas passaram no processo seletivo para o Departamento Jurídico 11 de Agosto (DJ 11), conhecido por prestar atendimento gratuito a pessoas hipossuficientes, ou seja, que não poderiam arcar com os custos de uma consultoria jurídica sem comprometer a renda para o seu sustento.

“Fazemos o mesmo trabalho que a Defensoria Pública”, explica Luana. “Mas nós atendemos todas as áreas, até a trabalhista, que fica fora da alçada da Defensoria.” Laura lembra que o aprendizado da Etec foi fundamental também nessa conquista. E Luana concorda. “No primeiro semestre da Sanfran, vi muita coisa que conheci na Etec”, avalia a garota, que conquistou nota 980 na redação do Enem, em que 1.000 é a pontuação máxima.

Gosto pelo Direito desde o Fundamental

A opção pelo Direito chegou por canais diferentes para as duas estudantes e a Etec Cepam sedimentou seus caminhos. Ainda no Ensino Fundamental, Laura assistia ao seriado Suits, na TV a cabo, que narra a rotina de um grande escritório de advocacia nos Estados Unidos.

“O Direito lá é muito diferente do nosso, mas eu me identifiquei com a profissão”, conta. Percebendo o interesse da menina, a mãe, coordenadora escolar, falou sobre o curso da Etec. Laura comprou a ideia.

Para Luana, o interesse também foi despertado durante o Ensino Fundamental, mas por meio de um professor de história. Em vez de descarregar sobre a classe um grande lote de informações, o docente convidava à discussão. “O aluno mostrava o trabalho e os colegas avaliavam. Era preciso defender e justificar o seu ponto de vista para conseguir uma nota dez”, conta. E, para conquistar a sua nota dez, ela começou a pesquisar formas de argumentação, o que sempre a levava para as disciplinas do Direito.

As duas amigas se aproximaram de fato no terceiro ano, já que, nos primeiros semestres, as aulas eram online devido à pandemia. Laura só não acompanhou mais as atividades do contraturno porque fez cursinho pré-vestibular no período da manhã.

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“Eu corria muito, de casa para o cursinho e de lá para a Etec. Nessa correria, fui atropelada”, conta. Ela precisou passar por uma cirurgia no fim de setembro, a um mês dos vestibulares. Quando voltou à Etec, amparada por muletas, Luana continuou ao seu lado, a não ser quando ela entrava no elevador, equipamento pelo qual Luana não tem muita simpatia. Nesse caso, descia ou subia pelas escadas e ia encontrar a amiga em outro andar.

Na Etec, sempre participativas

A diretora da Etec Cepam, Erika Caracho Ribeiro, não economiza elogios às meninas. “Elas sempre foram ótimas estudantes. Laura fez pré-iniciação científica e participou como representante discente. Luana foi da equipe organizadora do Tecsesp – Torneio Educacional, Esportivo, Cultural e Solidário das Etecs – de 2022. As duas participaram de várias oficinas e monitorias no contraturno, como o Projeto Biblioteca Ativa, com leitura e debate das obras literárias que caem dos vestibulares.”

Na Sanfran, elas não estão na mesma classe “por um infortúnio”, como diz Laura. Seguem amigas, vão e voltam da faculdade juntas em parte do trajeto – Luana mora no bairro do Butantã e Laura, em Itapecerica da Serra.

Luana abraçou mais dois projetos de extensão, além do DJ 11 de Agosto. Aos sábados, participa do Sanfran Social, que presta assessoria jurídica para ONGs a fim de regularizá-las para que possam pleitear benefícios junto ao governo.

Aos domingos, se une ao Enactus, entidade internacional que trabalha com empreendedorismo social e desenvolvimento de pessoas vulneráveis. Ela colabora com o projeto que acolhe imigrantes e refugiados ensinando língua portuguesa e inserindo quem chega de outros países nas frentes de empregabilidade.

“A Enactus da Sanfran é a única que consegue emitir certificado de proficiência em português validado pelo Ministério da Educação”, destaca a estudante, levando suas altas habilidades em redação a quem mais precisa.

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