A Marinha do Brasil realiza, de 16 a 25/10, na região de Itaoca-ES, um treinamento voltado para as Operações de Paz, que tem o propósito principal de contribuir para a manutenção do grau de prontidão das suas capacidades inseridas no Sistema de Prontidão das Capacidades para a Manutenção da Paz da ONU (UNPCRS, sigla em inglês), de acordo com compromissos assumidos com o Ministério da Defesa (MD) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
As ações são desenvolvidas em situações simuladas (o chamado tema-tático) e possuem o objetivo de possibilitar um contínuo preparo da tropa para as Operações de Paz em atividades específicas, como patrulhamento, escolta de comboios, controle de distúrbios, cerco e vasculhamento e, também, estabelecimento de postos de controle de trânsito. A operação conta com a participação de mais de 700 Fuzileiros Navais e vários equipamentos militares da Marinha, suas viaturas leves e pesadas, com destaque às Viaturas Blindadas PIRANHA e às recentemente adquiridas Joint Light Tactical Vehicle (JLTV).
Além dos treinamentos, a Marinha reforça o seu compromisso com o povo capixaba e realiza Ação Cívico-Social (ACISO) na região, com palestras, atendimento médico-odontológico, vacinação, barbearia, apresentação de banda e cães de guerra, além de mostruário de materiais empregados nas operações. A ACISO ocorre no período de 18 a 21/10, no Palácio das Águias, na Praça do Pontal, em Marataízes e, também, no Ginásio Municipal Rennan Alves Gois, em Itapemirim-ES.
A Marinha e a interação com a comunidade acadêmico-científica brasileira
Ao longo de 2023, a Marinha do Brasil, em especial o Corpo de Fuzileiros Navais, vem realizando ações de fomento à pesquisa científica brasileira. No treinamento militar em Itaoca/ES, ocorre uma inédita participação de pesquisadores civis de diferentes instituições acadêmicas, interagindo entre si e com os militares durante o exercício.
Ao todo, seis instituições militares e civis participam do treinamento: Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Escola Superior de Guerra (ESG), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A interação entre os pesquisadores ocorre na atividade chamada Laboratório de Operações de Paz da Força de Fuzileiros da Esquadra, em que eles acompanham os treinamentos e participam das simulações. A proposta visa auxiliar na formação de quadros para ONGs dos setores produtores de políticas públicas e na consolidação da Marinha como referência na participação em Operações de Paz.
A Marinha do Brasil e as Operações de Paz
A tropa brasileira possui tradição e ampla experiência em atuações internacionais pela manutenção da paz mundial. Os militares já atuaram no Sudão, Sudão do Sul, República Centro-Africana, Síria, Saara Ocidental, Iêmen, República Dominicana e Angola. A atuação mais recente se deu de 2004 a 2017, em Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) e na Missão Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
O que é o UNPCRS
O Sistema de Prontidão das Capacidades para a Manutenção da Paz das Nações Unidas – UNPCRS é um banco de capacidades de Forças Militares dos Estados integrantes, cujos critérios de inscrição são estabelecidos pela ONU. Uma vez disponibilizadas, as capacidades das Forças Militares podem ser elevadas de nível, desde que cumpram determinados requisitos. Tais capacidades ficam disponíveis para ativação quando necessário.
Em 2022, a Força de Reação Rápida dos Fuzileiros Navais foi certificada pela ONU como nível 3 de prontidão para as Operações de Paz, o mais elevado nível operacional para aquela organização.
Conforme o Relatório da ONU, de agosto de 2021, “Os Fuzileiros Navais do Brasil possuem mentalidade expedicionária, móvel e ágil; altos padrões de prontidão operativa e de pessoal; forte comando e controle, elevada moral e disciplina e são bem treinados.” A Força foi, assim, a primeira do País a atingir tal certificação, confirmando o seu elevado grau de preparo.
A Marinha também participa do UNPCRS com um Pelotão de Desativação de Artefatos Explosivos (Pel EOD, sigla em inglês), nível 1; um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, nível 1; e de forma conjunta, no nível 2, com um Batalhão de Infantaria e um Hospital de Campanha.