A Secretaria de Educação de Taubaté irá aplicar uma prova de reclassificação a uma jovem refugiada afegã que mora na cidade desde outubro do ano passado. A avaliação é necessária para que a jovem possa estudar em escolas regulares no Brasil.
A afegã Asmaulhusna Najafi tem 16 anos e chegou ao país no início de outubro de 2023.
Desde que está em Taubaté, a jovem demonstra ansiedade em continuar seus estudos, paralisados há quase 5 anos. “Asma”, como ela é chamada, estudou até 2019 no Afeganistão, mas, com a pandemia de covid-19, houve a necessidade de que as aulas passassem a ser remotas. Neste intervalo, o regime talibã assumiu o poder no país e proibiu que meninas voltassem às escolas. A estudante ficou sem aulas.
VINDA AO BRASIL
A afegã tem dois irmãos. Sua irmã mais velha, Noori Najafi, participava de competições por ser mesa-tenista, formada em Educação Física e essas viagens fizeram com que fosse alvo de perseguição política, por se tratar de uma mulher solteira e com autonomia.
Noori é atleta paraolímpica desde que perdeu uma das mãos em um atentado a bomba. Para continuar sua atuação esportiva, precisou deixar seu país de origem, indo para o Irã e, posteriormente, para o Paquistão. O irmão, Mahdi Najafi, se juntou a ela para acompanhá-la e descobriram lá, por meio da Embaixada Brasileira, que o Brasil era o único país que disponibilizava o visto de refúgio humanitário para afegãos.
Em duas semanas e com anuência dos país, eles buscaram “Asma” e vieram para o Brasil, onde, em Taubaté, são assistidos por uma ONG. Uma representante desse organismo, que acompanha o caso da família, fez contato com a Secretaria de Educação de Taubaté para saber como “Asma” poderia retomar os estudos, uma vez que a adolescente não possui nenhuma documentação.
Após pesquisa e empenho da Secretaria Municipal de Educação, a prova de reclassificação deve ser aplicada, nesta quinta, em inglês, para identificar o grau de conhecimentos gerais da adolescente. A prova deveria ser realizada em sua língua de origem, mas em pérsio isso seria inviável em razão da falta de um tradutor.
NA ESCOLA
Hoje, Asmaulhusna Najafi está mais adaptada à sua nova vida, superando as dificuldades iniciais.
A jovem demonstra grande vontade em aprender e compreende já um pouco do português. Lida bem com a falta de seus pais e gosta de ver crianças indo para a escola, chegando a ir na entrada de algumas unidades de ensino para acompanhar a chegada dos alunos. Quem sabe, em alguns dias, ela também estará na escola, como aluna, realizando, assim, um sonho.