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Com azeites premiados, olivicultura paulista é reconhecida internacionalmente

Cultivo para a extração comercial iniciou em 2008; mudanças climáticas e custos de produção são os maiores desafios para alavancar o setor

A produção de azeite brasileiro é muito recente. (Foto: GESP)

O cenário do mercado mundial de azeites possui um consumo crescente e exigente, no qual o Brasil é o sétimo maior consumidor do mundo, com cerca de 62 mil toneladas por ano, segundo dados do Conselho Oleícola Internacional (COI). Porém, grande parte do óleo de oliva presente nas cozinhas brasileiras vem do exterior: somos o segundo país que mais importa azeite no planeta.

A produção de azeite brasileiro ainda é incipiente e muito recente. O cultivo de oliveiras para a extração comercial do óleo iniciou em 2008 e, atualmente, representa cerca de 5% do consumo do país. Porém, a qualidade do produto nacional – muitos deles paulistas – está sendo reconhecida internacionalmente.

“No Estado de São Paulo, existem aproximadamente 90 produtores em 60 cidades. Mesmo com uma produção ainda tímida, temos diversos prêmios conquistados no exterior, com agricultores que utilizam as melhores práticas para a produção de azeites especiais com grande qualidade e saudabilidade”, destaca Patricia Galasini, presidente da Câmara Setorial de Olivicultura, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Entre os produtores paulistas de destaque está a Fazenda Rainha, de São Sebastião da Grama, que produz os azeites Orfeu, premiado 22 vezes em 2023, e considerado o 16º melhor do mundo no EVOO World Ranking. O azeite Sabiá, de Santo Antônio do Pinhal, também se destaca, considerado o 3º melhor do mundo pelo EVOOLEUM, importante concurso espanhol de azeites de oliva extravirgem. A Fazenda Sabiá também foi eleita a empresa do ano pelo concurso italiano Lodo.

A produção de azeite na região de São Bento do Sapucaí, da marca Oliq, em São Sebastião da Grama, da Irarema, são outros exemplos de fazendas paulistas de oliveiras que se destacam nacional e internacionalmente. “A região da Serra da Mantiqueira é onde a olivicultura tem maior desenvolvimento e produtividade no Estado. O impacto na economia regional é grande com o olivoturismo, gerando empregos e renda para os municípios”, afirma Patricia Galasini.

Se 2023 foi um ano histórico para o reconhecimento da qualidade dos azeites paulistas no mundo, por outro lado, a produtividade no Estado de São Paulo foi prejudicada devido às mudanças climáticas. Segundo Galasini, a floração necessita de temperaturas mais baixas, de tempo seco para abrir a florada e umidade para pagamento e enchimento dos frutos. Cenários com falta ou excesso de chuva são capazes de prejudicar a formação dos frutos, gerando uma queda acentuada na produção.

A preocupação do setor com a emergência climática vai além dos encontros da cadeia produtiva na Câmara Setorial de Olivicultura, ela é internacional, e o Conselho Oleícola Internacional (COI), com sede em Madrid, estuda como mitigar as perdas causadas pelo clima adverso. Nesse cenário, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da SAA, tem papel fundamental na produção de variedades mais resistentes e práticas agrícolas sustentáveis, buscando soluções para os desafios enfrentados pelos produtores.

Em recente reunião da Câmara Setorial de Olivicultura, a cadeia produtiva discutiu ações estratégicas essenciais em prol do setor. No encontro, liderado pela especialista em azeites e presidente da CS, Patricia Galasini, um dos principais assuntos tratados foi o combate à adulteração de produtos e a importância da certificação de qualidade (Selo Produto São Paulo). Segundo Patricia, essas e outras medidas debatidas na câmara visam enfrentar desafios como fraudes e impactos climáticos, melhorando a competitividade e sustentabilidade do setor.

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“A ênfase na qualidade, na integridade do produto e na educação do consumidor, juntamente com a proposta de certificação, reflete um esforço coletivo para valorizar o azeite paulista. Essas iniciativas são cruciais para o desenvolvimento de uma indústria local forte, capaz de produzir azeite de alta qualidade e com reconhecimento no mercado. A Câmara Setorial de Olivicultura desempenha um papel fundamental nesse processo, coordenando ações que beneficiam toda a cadeia produtiva e promovem a olivicultura paulista”, destaca José Carlos de Faria Jr., coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria de Agricultura.

O atual reconhecimento da qualidade dos azeites também é fruto do trabalho científico da Apta. A instituição desenvolve a cultura com testes na área de manejo, controla pragas e doenças e prevê cenários com chuvas e temperaturas. Os trabalhos científicos liderados pela APTA para desenvolver a produção de azeites estão reunidos no Oliva SP, programa que conta com cientistas do Instituto Agronômico (IAC-Apta), Instituto Biológico (IB-Apta), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-Apta) e Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (Esalq/USP).

Em novembro de 2023, durante o SP Agro, considerado o maior anúncio de ações em prol do agronegócio paulista, o governador Tarcísio de Freitas, junto ao secretário de Agricultura, Guilherme Piai, assinou a Resolução do Comércio de mudas de oliveiras certificadas. A medida visa criar uma base sólida para a manutenção, produção, comércio, transporte e utilização de material de propagação de oliveiras, contribuindo para o fortalecimento da olivicultura no estado.

Preços são impactados pelas mudanças climáticas

As mudanças climáticas também ajudam a explicar a disparada do preço dos azeites importados nos últimos anos. Países como a Espanha, líder mundial na produção da iguaria, têm sido afetados pela falta de chuva que prejudica as safras globais.

Já os azeites de oliva nacionais são mais caros do que os estrangeiros por outros fatores, como o alto custo de produção e menor escala. A indústria brasileira faz óleos do tipo extravirgem, além de ser mais recente e menor do que a europeia. As fazendas costumam ser administradas por famílias, com produtos de alta qualidade.

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