O Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina tem se destacado não apenas como um guardião da memória e da história de Pindamonhangaba, mas também é um rico centro de pesquisa para diversas áreas do conhecimento. Este papel dinâmico dos museus na sociedade moderna foi a base da 22ª Semana Nacional de Museus, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), que trouxe como tema para este ano “Museus, Educação e Pesquisa”.
De acordo com o texto de referência divulgado pelo IBRAM, a escolha do tema, proposto anualmente pelo Conselho Internacional de Museus – ICOM para o Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio, apresenta uma reflexão sobre a fundamental atuação dos museus como impulsionadores de educação e pesquisa.
A iniciativa do ICOM e do IBRAM convida a sociedade a perceber os museus como fontes cruciais para a construção de conhecimentos acadêmicos e como pontos de trânsito frequente de pesquisadores. Essa visão reafirma a importância dos museus na geração de novas perspectivas e no fomento de debates intelectuais que ultrapassam as fronteiras das exposições tradicionais.
As atividades no Museu em Pindamonhangaba tiveram início com uma mesa redonda sobre educação patrimonial com presença da Rachel Duarte Abdala, Nathália Maria de Novaes Victor e Juraci Conceição de Faria. A professora doutora Rachel discorreu sobre pontos importantes da educação patrimonial, destacando um projeto desenvolvido com alunos da Rede Municipal de Educação de Taubaté e que contou com a participação de Nathália, que também foi sua aluna na Universidade de Taubaté.
A professora Juraci, utilizando o livreto “Roteiros de Pindamonhangaba” de Balthazar de Godoy Moreira, destacou a importância da preservação dos patrimônios culturais. A obra de Moreira serviu como guia para explorar os tesouros culturais de Pindamonhangaba, imortalizando-os na literatura e destacando a sua importância histórica e cultural. Os participantes tiveram a oportunidade de vivenciarem descrições detalhadas e vívidas do autor, que capturam a essência e a beleza desses locais, tornando-os inesquecíveis.
No segundo dia da programação, a palestra “Justiça e Museologia: Restituição de Bens Culturais e o Papel dos Museus”, ministrada pelo museólogo Thales Vargas Gayen, destacou a crescente demanda por repatriação de bens culturais expatriados. Ele exemplificou essa questão com objetos do Egito Antigo, atualmente em museus britânicos, alemães e americanos. No contexto brasileiro, mencionou os mantos tupinambás, que estão na Dinamarca desde 1699.
Gayen abordou a importância desses objetos como narradores da história de seus povos, muitas vezes usurpados por sistemas de pilhagem e apropriação indevida que perduram há séculos. A palestra também explorou os desafios envolvidos na restituição desses bens, incluindo a avaliação das condições de conservação nos locais atuais e nos destinos propostos, sempre visando a preservação e a vida útil dos acervos.
No terceiro e último dia da programação cuidadosamente preparada pelo gestor cultural do Museu, Mauro Celso Barbosa, houve dois momentos interessantes. No primeiro, o doutorando em Educação, Arte e História da Cultura, Michael Santos Silva, compartilhou sua experiência como Gestor Escolar na Prefeitura de São José dos Campos para explorar o tema da noite: “Equipamentos Culturais como Fonte de Pesquisa Acadêmica”. Silva discorreu sobre projetos desenvolvidos com alunos, destacando a importância dos equipamentos culturais no enriquecimento do aprendizado e na formação acadêmica.
Ele também relatou sobre as atividades realizadas nos finais de semana no Museu de São José dos Campos, que abrangem uma variedade de temas e atraem tanto os moradores locais quanto os visitantes. Esses eventos não apenas promovem o conhecimento, mas também incentivam a participação ativa da comunidade nos espaços culturais, reforçando seu papel vital como centros de pesquisa e educação contínua.
Dando continuidade ao tema, a professora doutora Suzana Lopes Salgado Ribeiro utilizou uma abordagem dinâmica para envolver os participantes. Ela os conduziu pelos espaços do museu, chamando a atenção para pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos durante uma visita comum. A professora ressaltou o papel fundamental da curadoria na valorização desses aspectos sutis.
Durante a atividade, Suzana solicitou que cada participante escolhesse um objeto exposto e explicasse a razão de sua escolha. Essa interação permitiu que os presentes criassem memórias afetivas com os objetos selecionados, fortalecendo o vínculo pessoal com o museu. A experiência certamente será rememorada em futuras visitas, transformando a percepção e o apreço pelo espaço cultural.
O gestor do Museu, que também acompanhou as atividades, fez questão de agradecer a todos os envolvidos nas atividades desta edição da Semana de Museus 2024. “Agradecemos à Universidade de Taubaté (Unitau) por sua colaboração indispensável nessa empreitada, especialmente às professoras doutoras Suzana Lopes Ribeiro e Rachel Duarte Abdala. Além disso, contamos com a valiosa participação dos convidados Nathália M. de Novaes Victor, Juraci C. de Faria, Thales Vargas Gayean e Michael Santos Silva, cujas contribuições enriqueceram significativamente o projeto”, destacou Mauro Barbosa.
Essa união de esforços entre o Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina, a Unitau, e convidados demonstra o poder transformador dos museus como centros vivos de aprendizado e pesquisa. Essa colaboração não apenas preserva a história, mas também impulsiona o avanço do conhecimento e da inovação, confirmando o papel vital dos museus na sociedade contemporânea.
Que na próxima edição da Semana Nacional de Museus em Pindamonhangaba mais setores da sociedade possam comparecer aos debates e palestras, fortalecendo o envolvimento na preservação e divulgação da memória da cidade. A participação ativa de diferentes áreas, como educação, cultura, turismo e administração pública, é essencial para a valorização dos patrimônios culturais, sejam eles materiais ou imateriais. Ao se tornarem defensores e divulgadores desses bens comuns, esses setores ajudarão a garantir que a riqueza histórica e cultural de nossa cidade seja preservada e apreciada por futuras gerações.